A XP Investimentos observou, após uma rodada recente de reuniões com investidores nos EUA, um aumento do interesse internacional em ações ligadas ao Brasil, especialmente em empresas que podem se beneficiar de uma possível tendência de queda nas taxas de juros domésticas. Marcopolo (POMO4) e Randoncorp (RAPT4) foram os nomes mais discutidos nesse contexto de “risco x retorno”.
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No caso da Marcopolo, os investidores estrangeiros demonstraram maior atenção, principalmente agora que a liquidez dos papéis deixou de ser um entrave (com média de ADTV, ou Volume Médio Diário de Negociação, de R$ 90 a 100 milhões).
Apesar de reconhecerem o valuation atrativo — um dos mais baratos da cobertura da XP — muitos expressaram preocupação com a possibilidade de a empresa estar no auge do ciclo de ônibus no Brasil. A XP Investimentos, por sua vez, discorda dessa visão, citando o ambiente ainda restritivo de juros como fator limitante para um pico de ciclo. A percepção é de que investidores locais já estão bem posicionados em POMO, mas ainda há espaço para aumento da exposição por parte de estrangeiros.
A Randoncorp foi vista como uma oportunidade de assimetria positiva, após a desvalorização dos papéis no último ano. Os investidores, no entanto, seguem à espera de gatilhos concretos — como a materialização de juros mais baixos e uma recuperação no setor agro — para adotar uma postura mais otimista.

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A WEG (WEGE3), por sua vez, gerou opiniões divididas. Por um lado, os investidores não a enxergam como uma forma de exposição direta ao ciclo doméstico de queda de juros, o que a XP corrobora. Além disso, a valorização do real e incertezas globais pesam sobre as perspectivas de crescimento orgânico.
Por outro lado, muitos participantes consideraram que os níveis atuais de valuation limitam o downside (potencial de queda), e os fundamentos estruturais da companhia seguem sólidos. Investidores estrangeiros demonstraram um otimismo ligeiramente superior ao da própria XP, que recentemente rebaixou sua recomendação para o papel.
No caso da Suzano (SUZB3), a visão dos investidores foi de que o valuation está bastante atrativo, com um rendimento de fluxo de caixa (FCF yield) superior a 14 e 15%, principalmente após o início da operação Cerrado. No entanto, a oferta abundante de madeira na China levanta dúvidas sobre a recuperação dos preços da celulose, o que ainda freia um otimismo mais generalizado. A aquisição de ativos da Kimberly-Clark, embora bem recebida, traz preocupações sobre a complexidade da integração.
A Gerdau (GGBR4) foi o nome mais mencionado no setor de Mineração e Siderurgia, sendo preferida à Vale (VALE3). O otimismo se deve à forte exposição da Gerdau aos Estados Unidos — que vive um momento favorável no curto prazo —, a um valuation deprimido e à expectativa de menor necessidade de investimentos.
Em contraste, a Vale segue enfrentando ceticismo, em função do sentimento ainda negativo sobre a demanda por aço na China e das dúvidas em torno do equilíbrio de oferta e demanda com o avanço do projeto Simandou. Embora os investidores reconheçam oportunidades no cobre e melhorias na gestão, o valuation atual é visto como pouco atrativo caso os preços do minério recuem.
A Embraer (EMBR3) foi outro destaque positivo, com investidores dando menos peso à avaliação de preço e mais atenção ao forte momento operacional, marcado por novos pedidos — percepção reforçada pelo fato de as reuniões terem ocorrido na semana anterior ao Paris Air Show de 2025.
Alguns participantes também citaram a Klabin (KLBN11) como uma alternativa à Suzano no setor de papel e celulose, devido à sua menor exposição à China, presença mais forte no mercado doméstico e desempenho inferior no ano, o que pode sinalizar maior potencial de recuperação.
Por fim, a XP relatou crescimento no interesse pela Aura (AURA33), favorecida pelo cenário global de inflação, desdolarização e compras de ouro por bancos centrais. A percepção de avanço nos volumes, cumprimento de guidance e novos projetos — além da expectativa de maior liquidez com listagem na Nasdaq — aumentou o apetite dos investidores estrangeiros em relação ao nome.
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Fonte: InfoMoney