Trabalhar com a inteligência artificial e as habilidades essenciais para uma nova era de colaboração entre humanos e máquinas se tornaram assuntos recorrentes no universo da inovação. Durante o Web Summit Rio 2025, executivos de peso como Justina Nixon-Saintil, da IBM, e Chris Stephens, da Groq, debateram sobre como o futuro do trabalho está sendo moldado pela IA generativa e quais caminhos empresas, profissionais e instituições devem seguir para não ficarem para trás.
Chris Stephens, CTO da Groq, disse que o avanço rápido da tecnologia exige uma mudança de mentalidade não apenas entre engenheiros, mas em todas as áreas de uma empresa. “Há uma necessidade urgente de alfabetização em IA para profissionais de marketing, finanças e tantos outros setores que terão suas rotinas transformadas por agentes inteligentes.”
Já Justina Nixon-Saintil, Chief Impact Officer da IBM, chamou atenção para a conexão entre a inteligência artificial e desenvolvimento econômico. “Adotar a IA está diretamente ligado ao crescimento econômico. Mas, para isso, precisamos investir em talentos”, afirmou.
Segundo ela, a IBM tem buscado fomentar essa capacitação por meio de programas “skills builds”, que oferece formações gratuitas em fundamentos de IA, ética, ciência de dados e agentes autônomos, com credenciais reconhecidas no mercado. “Queremos garantir mobilidade econômica e social para os nossos alunos, conectando-os a empregos reais no setor.”
Nova realidade no trabalho
Ao abordar o impacto dos “agentes de IA” no cotidiano das empresas, Justina alerta que é necessário saber interagir com as ferramentas, dar os comandos corretos e, principalmente, ter discernimento para validar ou refutar as respostas geradas. “Precisamos entender suficientemente a IA para tomar decisões com base nas informações que ela nos fornece”, pontua.
Stephens, que também atua como professor na Carnegie Mellon, reforçou a importância de se preparar para essa nova realidade do trabalho. Ele divide essa jornada em dois caminhos:
- técnico: voltado para arquiteturas, sistemas e modelos de linguagem;
- alfabetização: essencial para profissões que serão impactadas indiretamente pela IA, como professores, advogados ou operadores logísticos.
“O desafio é ensinar essas pessoas a executar suas funções com o apoio da IA, e não substituí-las”, disse.
Riscos éticos
A discussão também abordou os riscos e dilemas éticos da IA. Na IBM, a diretora ressalta avaliar continuamente o impacto das soluções desenvolvidas pela empresa, por meio da sua participação no conselho de ética.
“É fundamental garantir que a IA seja explicável, transparente e justa. As pessoas precisam saber que estão interagindo com um sistema inteligente e entender como seus dados estão sendo usados”, afirma.
Stephens segue na mesma linha, frisando sua preocupação com a velocidade dos avanços. “Amanhã você pode não ser mais um executor de tarefas, mas o gestor de uma equipe de agentes. Isso muda tudo. O desafio está em como as pessoas vão atravessar esse período de transição”.
Talentos do Brasil
Embora grandes empresas de tecnologia se concentrem, principalmente, nos Estados Unidos, os especialistas destacam o potencial da América Latina na adoção da IA. Segundo a diretora da IBM, a região é prioridade para a companhia, que tem investido em parcerias com universidades como a FIAP e o Instituto Caldeira para formar talentos locais.
Quando questionada sobre quais habilidades são necessárias para trabalhar em empresas como a IBM, Justina explicou que esse profissional deve ter uma combinação de competências técnicas e comportamentais. “Entender fundamentos de IA, ciência de dados e ética é essencial, mas também precisamos de pessoas com pensamento estratégico, criatividade e capacidade de colaboração.”
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