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Wall Street Journal acusa China de maquiar dados econômicos

Wall Street Journal acusa China de maquiar dados econômicos

O governo da China estaria manipulando e restringindo a divulgação de dados econômicos para ocultar a real situação do país, segundo uma reportagem do jornal norte-americano Wall Street Journal. A publicação afirma que estatísticas importantes como o crescimento do PIB, o desemprego entre jovens, dados do setor imobiliário e até indicadores incomuns — como a produção de shoyu e o número de cremações — deixaram de ser divulgados ou passaram a adotar metodologias opacas.

Um dos principais exemplos citados é o Produto Interno Bruto. Enquanto o governo chinês divulgou um crescimento de 5% em 2024, cumprindo a meta oficial, o banco Goldman Sachs estimou um avanço de apenas 3,7% com base em dados de consumo doméstico e importações coletados de outras fontes. O Rhodium Group, centro de pesquisa baseado em Nova York, apontou um crescimento ainda menor: 2,4%.

A taxa de desemprego entre jovens também levanta suspeitas. Após atingir 21,3% em meados de 2023, o número ficou cinco meses sem ser divulgado. Quando reapareceu, mostrava uma queda expressiva para 14,5%. A justificativa oficial foi excluir do cálculo cerca de 62 milhões de estudantes — mesmo aqueles que estavam procurando emprego. Para uma economista da Universidade de Pequim, o número real pode ser superior a 46%.

Além desses dados, outros indicadores desapareceram das estatísticas públicas chinesas. O número de cremações, que vinha sendo usado como um termômetro demográfico durante a pandemia, parou de ser divulgado em 2022. Já a produção de shoyu — tradicional molho de soja e referência indireta de consumo doméstico — não é atualizada desde maio de 2021.

Em abril de 2024, as principais bolsas chinesas deixaram de publicar em tempo real os dados de entrada e saída de investidores estrangeiros. No setor imobiliário, as vendas de imóveis habitacionais deixaram de ser divulgadas em 2022, em meio à crise enfrentada por grandes incorporadoras como a Evergrande e a Country Garden.

A censura a economistas que expressam dúvidas sobre os dados oficiais também foi relatada. Em dezembro de 2024, o economista Gao Shanwen, da SDIC Securities, afirmou em uma conferência nos EUA que o crescimento chinês poderia estar próximo de 2% ao ano. No mês seguinte, o Wall Street Journal revelou que Gao foi proibido de conceder novas declarações públicas por tempo indeterminado — embora não tenha sido preso ou demitido.

Diante da escassez de dados confiáveis, instituições financeiras e analistas de Wall Street têm buscado estimativas alternativas. O Goldman Sachs, por exemplo, desenvolveu modelos próprios para mensurar a atividade econômica da China, recorrendo a dados paralelos e cruzamentos estatísticos.

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Fonte: InfoMoney

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