A União Europeia deve apresentar uma proposta comercial revisada aos Estados Unidos com o objetivo de dar novo impulso às negociações com o governo do presidente Donald Trump, apesar do ceticismo persistente quanto à viabilidade de um acordo transatlântico.
Segundo fontes com conhecimento das discussões, o novo documento inclui sugestões que consideram interesses americanos, como direitos trabalhistas internacionais, padrões ambientais, segurança econômica e a redução gradual a zero das tarifas sobre produtos agrícolas não sensíveis e bens industriais em ambos os lados.
A proposta, que seria enviada a autoridades em Washington no início da semana, também trata de investimentos mútuos e cooperação estratégica em áreas como energia, inteligência artificial e conectividade digital, disseram as fontes, sob condição de anonimato.
Um porta-voz da Comissão Europeia não comentou o assunto.
A UE busca uma cooperação equilibrada e mutuamente benéfica com os EUA, segundo as fontes. As partes ainda estão em fase de sondagem, e a comissão provavelmente precisará de um mandato dos Estados-membros antes de iniciar negociações formais.
Funcionários da UE e de vários países do bloco seguem céticos quanto às intenções do governo Trump, e vêm enfatizando a interdependência econômica entre os dois lados do Atlântico.
Ao mesmo tempo, a UE prepara medidas de retaliação caso as negociações fracassem.
Retaliação europeia
O bloco de 27 países elaborou planos para impor tarifas adicionais a € 95 bilhões (US$ 108 bilhões) em exportações dos EUA, em resposta às tarifas “recíprocas” de Trump, incluindo alíquotas de 25% sobre automóveis e peças.
No início do mês, a UE concordou em adiar por 90 dias a aplicação de um pacote separado de tarifas retaliatórias referentes às tarifas de 25% impostas pelos EUA sobre aço e alumínio europeus. O adiamento veio após Trump reduzir temporariamente sua tarifa “recíproca” sobre a maioria das exportações da UE de 20% para 10%.
Trump também anunciou que continuará pressionando por tarifas sobre semicondutores e produtos farmacêuticos, além de ameaçar impor medidas sobre filmes e peças de aeronaves. Vários Estados-membros pediram à UE que reaja caso essas tarifas sejam aplicadas durante as negociações.
As novas propostas da Comissão Europeia são uma resposta a um documento enviado previamente pelos EUA, que seguia uma proposta anterior da UE.
Um funcionário europeu descreveu o texto americano como uma “lista de desejos” irrealista. Segundo ele, Bruxelas considera inegociáveis exigências unilaterais que comprometam a autonomia regulatória e tributária da UE.
Washington critica há tempos as regras digitais da UE e vê o IVA (imposto sobre valor agregado) como barreira ao comércio. Bruxelas argumenta que o IVA não é uma medida comercial e se aplica igualmente a bens europeus e não europeus.
Embora os acordos recentes dos EUA com Reino Unido e China sugiram limites ao ímpeto protecionista de Trump, autoridades europeias não veem nesses pactos uma base clara para acordos futuros, segundo reportagens anteriores da Bloomberg. Os dois acordos indicam que tarifas básicas sobre vários produtos e medidas setoriais devem permanecer.
Outros temas incluídos na nova proposta da UE abrangem padrões alimentares e agrícolas, acordos de reconhecimento mútuo, compras públicas, comércio digital e regras de origem para proteger interesses comuns.
O documento também propõe cooperação em desafios compartilhados, como controle de exportações, triagem de investimentos, combate ao excesso de capacidade em setores como aço, fármacos, automóveis e semicondutores, além da concorrência global enfrentada pela aviação civil e a criação de um mercado conjunto de matérias-primas críticas.
As fontes afirmam que o texto deixa espaço para anúncios mais específicos sobre compras públicas e investimentos. As discussões continuarão de forma permanente, e um encontro em nível político está previsto para o início do próximo mês.
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Fonte: InfoMoney