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Twister? Nova técnica pode desacelerar furacões

Nos últimos 50 anos, os furacões intensos se tornaram mais comuns, enquanto as tempestades leves perderam força. Segundo o Centro para Soluções Climáticas e de Energia, o aquecimento global é o motor dessa mudança e a tendência é piorar nas próximas décadas. Porém, um novo estudo australiano pode mostrar o caminho para possivelmente frear esses furacões e evitar seus danos.

Pesquisadores da Universidade Nacional da Austrália (UNA) revelaram em seu artigo um método capaz de desacelerar tempestades tropicais. Durante o estudo, publicado na Advancing Earth and Space Sciences, a equipe usou modelos de computador para entender como diferentes tamanhos de aerossóis podem influenciar a intensidade dos furacões.

“Outros cientistas analisaram o impacto dos aerossóis em um ciclone já desenvolvido, quando ele pode estar prestes a atingir a terra. Achamos que pode ser mais fácil detê-los antes que comecem. Agora mostramos que é possível reduzir sua intensidade nesses estágios iniciais”, explicou Roslyn Prinsley, professora na UNA e pesquisadora do estudo, em um comunicado.

Twister? Nova técnica pode desacelerar furacões
Imagem de satélite mostra chegada do furacão Helene à costa da Flórida, nos EUA, em 2024. (Imagem: NOAA/GOES)

Partículas frearam furacões

O estudo revelou que partículas finas e ultrafinas — mais de 100 mil vezes menores que um milimetro — inicialmente fortaleceram a tempestade ao aumentar o calor liberado pela condensação da água e pela formação de gelo nas nuvens. Porém, esse processo também formou uma “poça fria”, uma região de ar resfriado perto da superfície que reduz o fluxo de energia da tempestade, a enfraquecendo.

As partículas maiores, cerca de mil vezes menores que um milimetro, desaceleraram a tormenta no começo, aumentando a chuva. Mas, posteriormente criaram uma poça fria mais fraca, que dificilmente conseguia enfraquecer o furacão. Após um período, o fenômeno recuperava forças e seguia seu trajeto.

Essas intervenções propostas devem acontecer nas etapas iniciais da tempestade tropical, antes dela se tornar gigante – um processo difícil de se executar na realidade. “Levar esses aerossóis até onde são necessários é outro desafio que estamos enfrentando, seriam necessárias várias aeronaves para dispersar os aerossóis ao longo de algumas horas”, disse Prinsley.

28 de junho de 2025 - 11:27
O centro de um furacão, chamado de olho, é quente devido ao ar que desce e se comprime, gerando calor. (Imagem: NOAA)

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Austrália pode ser área de testes

Antes de experimentar o método em um ciclone real, o grupo pretende refinar o modelo o máximo possível. “Além disso, a atribuição é difícil – precisamos mostrar que a intervenção em si enfraqueceu o ciclone e não causas naturais”, explicou a cientista.

Em busca de um local para iniciar testes empíricos, Prinsley sugeriu a costa oeste da Austrália, banhada pelo Oceano Indico. Segundo ela, os ciclones que se formam nesse tipo de ambiente não atingem a terra, sendo os melhores para testar os modelos.

Os cientistas também firmaram parceria com a startup Aeolus, sediada no Vale do Silício, na Califórnia. A empresa busca técnicas para enfraquecer tempestades tropicais ainda sobre o oceano, antes que atinjam áreas habitadas.

Koki Mashita, cofundador da Aeolus, afirmou: “Esta é a única solução a longo prazo. Em muitas partes do mundo, a intensificação desses eventos (furacões) devido às mudanças climáticas já levou a aumentos significativos nos prêmios de seguro. À medida que olhamos para as próximas décadas, os imóveis se tornarão realmente impossíveis de serem segurados e precisaremos intervir.”

A pesquisadora confia que a Austrália pode ser líder global nessa nova técnica — cada vez mais necessária com o cenário climático atual. “A realidade das mudanças climáticas é que os ciclones virão mais ao sul e mais para o interior, e teremos ciclones mais intensos. É fundamental fazer algo a respeito antes que eles nos atinjam”, concluiu Prinsley.

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Fonte: Olhar Digital

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