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Trump quer seu rosto no Monte Rushmore, mas especialistas resistem ao ‘sonho’

Trump quer seu rosto no Monte Rushmore, mas especialistas resistem ao ‘sonho’

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não esconde sua admiração pelo Monte Rushmore e seu desejo de se juntar aos bustos de George Washington, Thomas Jefferson, Abraham Lincoln e Theodore Roosevelt.

Durante seu primeiro mandato, Trump disse a Kristi Noem — então representante dos EUA pela Dakota do Sul, agora Secretária de Segurança Interna — que seu “sonho” era estar no Monte Rushmore. Mais tarde, ela deu a Trump uma maquete do Monte Rushmore com o rosto dele.

A ideia ressurgiu desde que Trump voltou ao poder, no início do ano. Ainda em janeiro, uma congressista da Flórida apresentou um projeto de lei para “ordenar ao Secretário do Interior que providencie a escultura da figura do Presidente Donald J. Trump no Memorial Nacional do Monte Rushmore”. O projeto, então, foi encaminhado ao Comitê de Recursos Naturais da Câmara, que ainda não se pronunciou.

 Já em março, o secretário do Interior, Doug Burgum, disse em uma entrevista com Lara Trump, nora do presidente, que “eles definitivamente têm espaço” para o rosto de Trump no Monte Rushmore.

Isso é possível?

Como acontece com tudo relacionado a Trump, pode ser difícil decifrar a diferença entre a retórica cotidiana e as ações futuras. Mas os responsáveis ​​pelo memorial estão levando essa iniciativa a sério.

O Serviço Nacional de Parques, que supervisiona o Memorial Nacional do Monte Rushmore e atualmente é liderado por Burgum, citou dois motivos pelos quais mais rostos não podem ser adicionados. Primeiro, considera o Monte Rushmore uma obra de arte completa. Segundo, não há espaço. “A parte esculpida do Monte Rushmore foi cuidadosamente avaliada e não há locais viáveis ​​disponíveis para novas esculturas”, afirmou o serviço de parques em um comunicado.

Essas são as bases do debate, agora e no futuro. Uma é filosófica. A outra é geológica. Uma é uma questão de ” deveria”; a outra é uma questão de ” poderia”.

O Monte Rushmore é um marco cultural, uma abreviação americana para o melhor dos melhores. “Quem pertence ao Monte Rushmore?” é a abertura para um debate sobre qualquer assunto específico, como se pudéssemos esculpir tal monumento em homenagem a atletas, músicos ou escritores.

Mas a verdadeira questão são os presidentes. Gutzon Borglum, o escultor que projetou as enormes esculturas e supervisionou sua construção por 14 anos, a partir de 1927, escolheu os quatro presidentes e suas localizações precisas.

O que ele acharia de Trump? E onde o colocaria?

Foi um historiador chamado Doane Robinson que sonhou com rostos esculpidos nas Black Hills como forma de atrair turistas. Ele imaginou heróis do faroeste, como Wild Bill Hickok e Sacagawea, em torres ao longo de uma estrada sinuosa em uma área chamada Needles.

Borglum foi recrutado. Já um escultor talentoso, apaixonou-se pela paisagem mais ampla do Monte Rushmore, nome dado em homenagem a um advogado nova-iorquino que explorava minas de estanho em 1885. “Uma montanha de rocha granítica que se erguia acima dos picos vizinhos”, descreveu Charles Rushmore na época.

Borglum logo se concentrou em homenagear ex-presidentes para representar os primeiros 150 anos da nação. Agora, os Estados Unidos estão a um ano de completar 250 anos, e aqueles que desejam preservar o memorial estão nervosos com as motivações daqueles que podem alterá-lo.

— Você não acrescentaria outro rosto ao Monte Rushmore de Borglum, assim como não acrescentaria um à ‘Última Ceia’ de Da Vinci — disse Dan Wenk, que foi superintendente do Memorial Nacional do Monte Rushmore de 1985 a 2001. — Mas reconheço que esses tipos de ideias não estão mais fora de questão.

No passado, alguns pressionaram por Franklin D. Roosevelt e outros por John F. Kennedy. A pressão mais forte, até agora, foi na década de 1990 por Ronald Reagan.

A ideia de emendar o Monte Rushmore desapareceu até que o próprio Trump a sugeriu. É uma ideia provocativa. Historiadores recentemente o classificaram como um dos piores presidentes da história americana, enquanto os quatro no Monte Rushmore estão todos entre os cinco primeiros.

Mas muitos estão levando as ambições de Trump para o Monte Rushmore a sério. Teoricamente, o presidente poderia instruir seu governo a esculpir seu rosto ali. Dada sua propensão a minar as normas, quem garante que Trump não encontraria uma maneira de minar o Monte Rushmore?

— Felizmente, do meu ponto de vista, e não apenas para Trump, mas para todos os outros, eles estão lutando contra a realidade da rocha — disse Wenk.

Outro rosto poderia ir para lá?

A resposta é não, de acordo com geólogos e aqueles que estudaram o Monte Rushmore. Ou, pelo menos, provavelmente não. A menos que haja alguma abordagem inventiva, como hologramas, mas um novo rosto é improvável.

Parado em frente ao Monte Rushmore, como fazem cerca de 2,5 milhões de visitantes todos os anos, é fácil imaginar onde outros rostos podem ser esculpidos.

Até mesmo as primeiras visões de Borglum para o Monte Rushmore foram desmentidas pelos segredos dentro da rocha. A maior parte do Monte Rushmore é granito — Granito Harney Peak, nome dado em homenagem à montanha mais alta das Black Hills —, mas também possui veios de outros tipos de rocha menos esculpáveis.

Por exemplo, os planos iniciais de Borglum previam torsos, não apenas rostos, dos presidentes. Mas esses planos foram descartados quando ele descobriu o xisto escuro, escamoso e em camadas sob o granito de cor mais clara, inadequado para escultura.

 O mais complicado de esculpir no Monte Rushmore, porém, pode ser a teia emaranhada de fissuras, rachaduras e lascas de vários tamanhos e profundidades. Muitas são visíveis.

A partir de 1989, cientistas avaliaram a estabilidade da rocha e mapearam 144 fraturas e outras descontinuidades nas quatro faces e ao redor delas. A intersecção das fraturas cria blocos, ou grandes pedaços, semelhantes aos cacos de vidro de um para-brisa quebrado.

 Em 1998, uma rede de medidores foi instalada no Monte Rushmore para monitorar as rachaduras e os blocos. A preocupação não é tanto com a atividade sísmica (incomum na região) quanto com a movimentação das rochas durante os ciclos de congelamento e degelo, tanto sazonais quanto diurnos. As rachaduras horizontais são, em sua maioria, seladas para impedir a entrada de água, enquanto as verticais são deixadas abertas para permitir a drenagem da água.

— Uma das preocupações com uma face adicional é que essas fraturas podem ser ativadas — disse Paul Nelson, engenheiro geomecânico que passou anos supervisionando o Sistema de Monitoramento de Blocos Rochosos no Monte Rushmore. — Se você remover material, poderá estar removendo suporte.

‘Muito difícil, senão impossível’

Em outras palavras, ele ressaltou que um novo rosto ao lado de Lincoln poderia custar o nariz. Nelson concluiu que seria “extremamente difícil, senão impossível, esculpir um rosto adicional no Monte Rushmore”.

Nesta era, a imaginação está sendo ampliada e nenhuma ideia pode ser descartada, inclusive no Monte Rushmore. Seria possível esculpir versões menores de cabeças presidenciais em torno das atuais? Talvez, embora ninguém esteja propondo uma cabeça de Trump de 3 metros em Washington ou em qualquer outro lugar.

Seria possível fixar uma escultura pré-fabricada no Monte Rushmore? Se partes da rocha não forem fortes o suficiente para serem esculpidas, provavelmente não serão fortes o suficiente para sustentar algo. Um pé cúbico de granito pesa cerca de 77 kg. Outro material, se pudesse ser fixado, envelheceria de forma diferente, além de outros problemas.

Que tal transformar um dos rostos atuais em alguém novo? Não é impossível, mas aqueles que querem ver o Monte Rushmore protegido se consolam em saber que todos os quatro presidentes que o habitam continuam populares e em boa posição.

Talvez, mais prováveis ​​do que um quinto presidente no Monte Rushmore sejam outras ideias já em andamento. O próprio Trump propôs um Jardim Nacional dos Heróis Americanos, com esculturas para homenagear 250 americanos. Seu governo já tem uma lista de possíveis homenageados, mas não um lugar para eles. Autoridades da Dakota do Sul estão promovendo Black Hills como um lar, com vista para o Monte Rushmore.

Outro grupo está propondo um jardim de esculturas e um centro de aprendizagem em Black Hills, com o objetivo de “preservar todos os capítulos da história americana” que possam estar alinhados com a visão do presidente. Um monumento ao Trump pode ser uma obra de arte de um desses projetos próximos, em vez de ficar no próprio Monte Rushmore.

Robin Borglum Kennedy, neta de Borglum, é veementemente contra qualquer mudança na montanha, agora ou no futuro. Ela vê o Monte Rushmore mais como um memorial histórico do que político. Afinal, seu avô escolheu quatro homens que já estavam mortos.

— Foi concebido como uma homenagem aos ideais da América, não a um homem em particular — concluiu Kennedy.

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Fonte: InfoMoney

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