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Trump perdoou acusado de crime fiscal após sua mãe participar de jantar de US$ 1 mi

Trump perdoou acusado de crime fiscal após sua mãe participar de jantar de US$ 1 mi

WASHINGTON — Enquanto Paul Walczak aguardava a sentença no início deste ano, sua melhor esperança para evitar a prisão estava nas mãos do recém-empossado presidente.

Walczak, ex-executivo de uma casa de repouso que se declarou culpado de crimes fiscais dias após a eleição de 2024, enviou um pedido de perdão ao presidente Donald Trump por volta do Dia da Posse. O pedido não se concentrava apenas nos delitos de Walczak, mas também na atividade política de sua mãe, Elizabeth Fago.

Segundo o pedido, Fago havia arrecadado milhões de dólares para as campanhas de Trump e de outros republicanos. O documento também destacava suas conexões com um esforço para sabotar a campanha de Joe Biden em 2020, divulgando o diário de dependência da filha de Biden, Ashley Biden — episódio que atraiu a atenção das autoridades.

O pedido de perdão de Walczak argumentava que sua acusação criminal foi motivada mais pelos esforços de sua mãe em prol de Trump do que pelo uso admitido de dinheiro destinado a impostos de funcionários para financiar um estilo de vida extravagante.

Mesmo assim, semanas se passaram sem que o perdão fosse concedido, enquanto Trump concedia clemência a centenas de outros aliados.

Então, Fago foi convidada para um jantar de arrecadação de fundos de US$ 1 milhão por pessoa no mês passado, que prometia acesso direto a Trump em seu clube privado Mar-a-Lago, em Palm Beach, Flórida.

Menos de três semanas após ela comparecer ao jantar, Trump assinou um perdão total e incondicional.

O perdão veio no momento exato para Walczak, poupando-o de pagar quase US$ 4,4 milhões em restituição e de cumprir uma sentença de 18 meses de prisão, imposta apenas 12 dias antes. Um juiz havia justificado a prisão afirmando que “não existe carta de sair da cadeia grátis” para os ricos.

O perdão, no entanto, indicou o contrário. O caso de Fago e Walczak é o mais recente exemplo da disposição do presidente em usar seus poderes de clemência para recompensar aliados que promovem suas causas políticas e punir seus inimigos.

O pedido de perdão de Walczak foi descrito ao The New York Times por uma pessoa que o recebeu, mas não estava autorizada a compartilhar.

Fago, Walczak e seu advogado não responderam às perguntas.

Um funcionário da Casa Branca ecoou o argumento do pedido de Walczak, afirmando ao Times que ele foi “alvo do governo Biden por causa da política conservadora de sua família”.

Um iate de US$ 2 milhões

Walczak, 55 anos, entrou no negócio de casas de repouso da mãe após abandonar a faculdade, tornando-se CEO. Depois que ela vendeu a empresa em 2007, investiram US$ 18 milhões em um novo empreendimento de casas de repouso no sul da Flórida, onde viviam uma vida luxuosa.

Em 2011, segundo promotores, Walczak parou de pagar impostos trabalhistas.

Entre 2016 e 2019, ele reteve mais de US$ 10 milhões dos salários de enfermeiros, médicos e outros funcionários, sob o pretexto de usá-los para a Previdência Social, Medicare e impostos federais. Em vez disso, usou parte do dinheiro para comprar um iate de US$ 2 milhões e para viagens e compras em lojas de luxo, como Bergdorf Goodman e Cartier, segundo os promotores.

Ele foi acusado em fevereiro de 2023 de 13 crimes fiscais.

Quando se declarou culpado de duas acusações e concordou em pagar a restituição em 15 de novembro de 2024, Trump já havia sido eleito para um segundo mandato.

A família tinha motivos para acreditar que o presidente eleito poderia olhar com bons olhos para o pedido de perdão.

Fago, 74 anos, ajudou a organizar pelo menos três eventos de arrecadação para as campanhas de Trump. Ela, seu filho Joey Fago (meio-irmão de Walczak) e sua esposa participaram de eventos VIP nas posses de Trump em 2017 e 2025, segundo postagens em redes sociais, incluindo uma em que ela aparece ao lado de Trump.

Um diário “inacreditável”

Durante a campanha de reeleição de Trump em 2020, Fago tentou ajudar o candidato de outras formas.

Ashley Biden deixou seu diário e outros pertences em uma casa em Delray Beach, Flórida, quando se mudou para a Filadélfia durante a campanha, dizendo a uma amiga que pretendia voltar para buscá-los depois. Uma mulher que se mudou para a casa, Aimee Harris, encontrou o diário e pediu ajuda a Robert Kurlander, amigo de longa data, para vendê-lo.

Kurlander entrou em contato com Fago. Quando soube do diário, Fago achou que ele poderia ajudar Trump a vencer, segundo pessoas próximas ao caso.

Kurlander e Harris levaram o diário a um evento de arrecadação na casa de Fago, em setembro de 2020, em Jupiter, Flórida. Os convidados principais eram Donald Trump Jr. e sua então namorada, Kimberly Guilfoyle.

No evento, o diário foi mostrado a Caroline Wren, consultora financeira da campanha.

“Comecei a ler e havia coisas inacreditáveis”, lembrou Wren em um podcast no ano passado. “Contactei os advogados da campanha, que disseram: ‘Tenham muito cuidado; não peguem isso.’ Eles escreveram um memorando e avisaram o FBI para buscar imediatamente.”

O FBI não recuperou o diário. Em vez disso, Kurlander e Harris negociaram com o Project Veritas, grupo de mídia aliado a Trump, que soube do diário por Stephanie Walczak, filha de Fago.

O Departamento de Justiça, durante o primeiro mandato de Trump, abriu uma investigação após um representante da família Biden relatar o roubo de pertences de Ashley Biden antes da eleição de 2020.

Em novembro de 2021, investigadores obtiveram um mandado de busca relacionado a um funcionário do Project Veritas, buscando informações sobre “possíveis co-conspiradores”, incluindo comunicações com Fago, Walczak, Kurlander, Harris e outros sobre a obtenção, transporte, transferência, divulgação ou descarte dos bens roubados de Ashley Biden.

Kurlander e Harris se declararam culpados de conspiração para roubar, transportar e vender o diário ao Project Veritas. Harris foi condenada a um mês de prisão. Kurlander será sentenciado no próximo mês.

Uma nova esperança

Quando Trump venceu a presidência pela segunda vez, isso trouxe esperança ao Project Veritas, Fago e Walczak.

Em janeiro, com Trump se preparando para voltar à Casa Branca, Fago e sua família viajaram a Washington para a posse. Eles tiveram acesso VIP ao comício da vitória de Trump na Capital One Arena.

Em 5 de fevereiro, o Departamento de Justiça de Trump anunciou o encerramento da investigação sobre o diário. Fago e Walczak não foram acusados, nem ninguém do Project Veritas.

Enquanto Fago e Walczak aguardavam notícias sobre o perdão, ela foi convidada para o jantar de arrecadação em Mar-a-Lago com Trump.

O convite anunciava um “jantar à luz de velas” íntimo, com vagas “muito limitadas” para quem pagasse US$ 1 milhão. O evento foi patrocinado pelo MAGA Inc., um comitê de ação política que pode receber doações ilimitadas para apoiar candidatos e causas de Trump.

O valor era muito superior à maior doação federal anterior de Fago — US$ 100 mil ao Comitê Nacional Republicano em 2002 — e superava os mais de US$ 12 mil que ela havia doado diretamente às campanhas presidenciais de Trump.

Duas pessoas informadas sobre o jantar disseram que Fago compareceu. Não está claro se ela doou ao MAGA Inc. ou quanto.

Representantes do MAGA Inc. não responderam às perguntas. O grupo tem até o fim de julho para divulgar a identidade dos doadores do primeiro semestre deste ano, provavelmente incluindo quem pagou para participar do jantar.

Após o perdão de Walczak no caso fiscal, ele comemorou com a mãe e a família usando um boné vermelho no estilo Trump com os dizeres “Make Paul Great Again”, segundo uma postagem nas redes sociais.

Na publicação, Joey Fago escreveu: “O que Deus tem para você à frente é maior do que o que ficou para trás”, junto com a hashtag “MAGA”.

c.2025 The New York Times Company

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Fonte: InfoMoney

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