Os trabalhistas, liderados pelo atual primeiro-ministro, Anthony Albanese, ganharam as eleições após uma campanha centrada no poder aquisitivo e meio ambiente, e agitada pela guerra comercial lançada por Donald Trump.
Com a apuração ainda não concluída, o Partido Trabalhista de Albanese estava a caminho de uma confortável maioria no Parlamento, enquanto seu rival, o conservador Peter Dutton, à frente de uma coalizão de partidos, perdeu sua cadeira.
Segundo as projeções da rede nacional ABC, os trabalhistas conseguirão 85 assentos dos 150 que o Parlamento possui. A coalizão liderada por Dutton somaria 41, outros partidos, nove, e a atribuição de outros 15 assentos ainda não está clara.
Os eleitores foram convocados a escolher entre esses dois veteranos da vida política nacional, elegendo os componentes da nova Câmara Baixa e renovando aproximadamente a metade do Senado.
Albanese, de 62 anos, primeiro-ministro desde a vitória surpreendente nas eleições de 2022, prometeu desenvolver as energias renováveis, combater a crise da moradia e aumentar o financiamento do sistema de saúde.
“Obrigado ao povo da Austrália pela oportunidade de continuar servindo ao melhor país do mundo”, disse Albanese à multidão em uma festa de campanha em Sidney.
“Nesta época de incerteza global, os australianos escolheram o otimismo e a determinação”, acrescentou.
Seu rival, Peter Dutton, um ex-policial da brigada de narcóticos de 54 anos, fez campanha para reduzir a imigração, combater o crime e suspender a proibição de desenvolver energia nuclear civil na Austrália.
Dutton disse que ligou para Albanese “para parabenizá-lo pelo seu sucesso”.
“Não fomos o suficientemente bem nesta campanha, isso é óbvio nesta noite, e aceito toda a responsabilidade
Efeito Trump
A campanha eleitoral foi sacudida desde os primeiros dias pela ofensiva comercial do presidente americano, Donald Trump.
A Austrália, aliado histórico dos Estados Unidos, está sujeita a taxações americanas de 10% sobre grande parte de seus produtos.
Algumas pesquisas realizadas antes das eleições indicam que o apoio aos conservadores diminuiu devido às políticas de Trump, qualificado de “grande pensador” por Dutton.
“Quero dizer, Donald Trump está louco como uma cabra, e todos nós sabemos disso”, comentou Alan Whitman, um australiano de 59 anos, antes de votar neste sábado. “E temos que ter cuidado com isso”, acrescentou.
Na Austrália, o voto é obrigatório e não exercer esse direito pode acarretar em uma multa de 20 dólares australianos (73 reais) fazendo com que a participação chegasse aos 90%.
Albanese condenou, por sua vez, as tarifas americanas, considerando-as um ato de “autodestruição econômica” e um “gesto indigno por parte de um país amigo”.
A economia preocupa os eleitores, e muitos lares australianos se viram afetados pela inflação dos alimentos, da eletricidade e do combustível.
Do exterior, começaram a chegar reações aos resultados eleitorais.
O chefe da diplomacia americana, Marco Rubio, afirmou que Washington “espera aprofundar sua relação com a Austrália para avançar em nossos interesses comuns e promover a liberdade e a estabilidade do indo-pacífico e globalmente”.
Uma mensagem similar veio da presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, e do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, que afirmou estar disposto a “avançar em nossa visão compartilhada pela paz, estabilidade e prosperidade no indo-pacífico”.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, disse que Kiev “valoriza o apoio inabalável da Austrália e sua postura de princípios para terminar a guerra com a Rússia”.
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