As taxas dos DIs fecharam a segunda-feira em alta, em sintonia com o avanço dos rendimentos dos Treasuries no exterior, em um dia marcado por dados fortes do setor de serviços norte-americano e pela expectativa antes das decisões sobre juros nos EUA e no Brasil, na quarta-feira.
No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2026 — um dos mais líquidos no curto prazo — estava em 14,725%, ante o ajuste de 14,681% da sessão anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 marcava 14,06%, em alta de 10 pontos-base ante o ajuste de 13,958%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 13,89%, em alta de 8 pontos-base ante 13,806% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 13,92%, ante 13,852%.
Pela manhã o Instituto de Gestão de Fornecimento informou que seu Índice de Gerentes de Compras (PMI) do setor de serviços dos EUA aumentou de 50,8 em março para 51,6 em abril. Economistas consultados pela Reuters previam queda para 50,2.
Uma leitura do PMI acima de 50 indica crescimento no setor de serviços, que responde por mais de dois terços da economia norte-americana. O instituto associa uma leitura acima de 49 ao longo do tempo com o crescimento da economia como um todo.
Os dados positivos deram força aos yields dos Treasuries, o que também deu suporte à alta das taxas dos DIs no Brasil.
Internamente, a sessão foi se consolidando negativa para os ativos brasileiros de modo geral, em especial durante a tarde.
“Vemos a bolsa caindo mais de 1% e o dólar subindo agora. Parece ser um pouco de aversão a risco, com investidores também em compasso de espera pelas decisões de juros da semana”, comentou durante a tarde Luciano Rostagno, estrategista-chefe e sócio da EPS Investimentos, ao justificar a abertura da curva a termo brasileira, chamando atenção ainda para o avanço dos rendimentos dos Treasuries.
Tanto o Federal Reserve quanto o Banco Central do Brasil anunciam na quarta-feira suas decisões sobre juros. Enquanto os títulos norte-americanos precificavam à tarde 97,6% de chances de o Fed manter os juros na faixa entre 4,25% e 4,50%, conforme a Ferramenta CME FedWatch, no Brasil a curva a termo precificava perto do fechamento desta segunda-feira 73% de chances de alta de 50 pontos-base da Selic, hoje em 14,25% ao ano.
No mercado de opções de Copom da B3, a precificação na sexta-feira — atualização mais recente — era de 74,75% de probabilidade de alta de 50 pontos-base da Selic esta semana (ante 62,50% na sessão anterior), 23,50% de chances de alta de 25 pontos-base (ante 33,00%) e 1,50% de possibilidade de manutenção (ante 2,50%).
Tanto em relação ao Fed quanto em relação ao BC brasileiro, investidores estarão atentos na quarta-feira principalmente às indicações para as próximas reuniões de política monetária.
Na B3, as opções precificavam na sexta-feira 52,50% de chances de manutenção da Selic em junho, 34,00% de possibilidade de aumento de 25 pontos-base e 10,50% de chances de elevação de 50 pontos-base.
“Apesar da queda dos preços das commodities e do dólar relativamente comportado, ainda deve vir um aumento de 25 pontos-base (em junho). Acho que o BC não vai encerrar o ciclo de altas agora. O cenário de inflação continua desafiador”, pontuou Rostagno.
Porém, pela manhã o boletim Focus do BC mostrou que a mediana das projeções do mercado para a Selic no fim do ano foi de 15,00% para 14,75% — um percentual que sugere que a instituição vai encerrar o ciclo de altas já nesta semana, com elevação de 50 pontos-base.
No Focus, a projeção para o IPCA, o índice oficial de inflação, passou de 5,55% para 5,53% em 2025 e seguiu em 4,51% em 2026. O dólar projetado para fim deste ano foi de R$5,90 para R$5,86.
“As boas notícias (do Focus) têm a ver com a taxa de câmbio”, comentou o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala. “O real se fortalece um pouquinho, o dólar se desvaloriza… então isso traz um alívio de preços importante para o Brasil.”
Em viagem a Los Angeles, onde participou de conferência do Instituto Milken, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse no domingo que conversou com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, sobre a política tarifária norte-americana, apontando que os dois países estão negociando os “termos de um entendimento” em relação à questão.
Nesta segunda-feira, Haddad afirmou que o governo trabalha para consolidar uma compreensão de que o crescimento potencial da atividade econômica brasileira não é menor do que 3% ao ano.
“E eu tenho certeza de que ao final do mandato do presidente Lula o mundo vai estar convencido de que o Brasil pode crescer a uma taxa mínima de 3%”, afirmou.
No exterior, às 16h37, o rendimento do Treasury de dez anos — referência global para decisões de investimento — subia 2 pontos-base, a 4,341%.
The post Taxas dos DIs sobem em sintonia com Treasuries enquanto mercado aguarda BCs appeared first on InfoMoney.
Fonte: InfoMoney