RIBEIRÃO PRETO (SP) – No atípico dia de chuva que inaugurou a Agrishow em 2025, Carlos Aguiar, diretor de agronegócio do Santander, trouxe algumas perspectivas igualmente cinzentas para a safra 2025/26. O Plano Safra não vai escapar do cenário de juros altos, como era de se esperar.
“Estive em Brasília na quarta-feira passada e a conversa é de um aumento pequeno nas taxas, para todas as linhas, a não ser uma linha de microcrédito ou uma de produtor do Pronaf”, afirmou Aguiar a jornalistas, numa menção ao programa de crédito voltado à agricultura familiar. O “pequeno aumento” deve ficar na casa de 1,5%, disse.
Enquanto o produtor luta para desalavancar, o executivo vê as linhas de investimento menos procuradas este ano. “Se eu estou endividado, como é que vou investir mais? Se estou com o fluxo apertado, como é que vou comprar um carro novo?”, questionou.
Para ele, o momento é de colocar o pé no freio e focar em renegociar dívidas em vez de pensar em expansão, mesmo em meio à safra recorde. Até porque a margem do produtor rural, que chegou a 40%, hoje está na casa dos 20% a 25%, nas estimativas do Santander.
“Está muito difícil para o produtor pagar o investimento passado no fluxo de hoje, mesmo com o preço maior e a produtividade melhor do que a da última safra”, ressaltou Aguiar. A expectativa é que a “ressaca” da crise recente passe em mais duas ou três safras boas.
A carteira do Santander
Acompanhando o momento atual mais delicado, a expansão da carteira do Santander também deve ser mais contida, na casa dos 5%, afirmou Aguiar. Hoje, a carteira é de R$ 100 bilhões, com metade destinada a produtores rurais. Em termos de culturas, 80% está em soja, milho e pecuária.
No relacionamento com o produtor rural, a receita do banco privado tem sido minimizar a volatilidade ao produtor rural, evitando linhas em dólar e ou atreladas ao CDI e preferindo as prefixadas.
“Para o produtor que está precisando de ajuda, eu prefiro oferecer prefixado porque ele sabe quanto vai pagar em todas as parcelas. Tem gente que emprestou dinheiro em longo prazo em Selic e dólar e já viu o que aconteceu. Há dois meses o dólar estava R$ 6,20 e agora está R$ 5,60. Prefiro emprestar em dólar ou Selic para produtores mais estruturados, com alavancagem boa”, explicou.
A cautela é palavra de ordem não só na lavoura, mas no banco também. “Todo mundo está tendo o mesmo problema que eu, um pedaço alavancado, um pedaço que precisa alongar. Se eu for trazer alguém de outro banco, eu provavelmente vou resolver o problema de alguém. Isso vale para todo mundo. Se alguém disser que vai crescer 25%, 30% este ano, boa sorte”, disse.
Nesse sentido, o banco tem focado na renegociação de dívidas com todos os produtores que fazem parte da sua carteira, à exceção de quem pediu recuperação judicial ou quem saiu da atividade rural. As principais ferramentas têm sido os prazos mais alongados — uma vez que não dá para fugir dos juros de mercado.
“Eu posso dar prazo e ajudar a pagar. Mas, assim como acontece com pessoa física quando erra a mão, alguns produtores vão ter que vender algumas coisas para pagar as contas”, destacou Aguiar.
Conteúdo produzido por The AgriBiz
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