Uma equipe internacional de pesquisadores descobriu que o tiranossauro rex, símbolo dos dinossauros carnívoros, surgiu na América do Norte, mas seu ancestral direto veio da Ásia. Isso aconteceu há mais de 70 milhões de anos, quando existia uma ponte de terra ligando a Sibéria ao Alasca, no atual Estreito de Bering.
Publicado na revista Royal Society Open Science, o estudo foi liderado por cientistas da University College London (UCL), na Inglaterra, que usaram modelagens matemáticas para entender como os tiranossauros e seus parentes se espalharam pelo planeta. O trabalho envolveu também outras universidades do Reino Unido e dos EUA, além do Museu Argentino de Ciências Naturais Bernardino Rivadavia.
Em um comunicado, o autor principal, Cassius Morrison, disse que a origem do T. rex é tema de debate entre paleontólogos. Embora haja quem defenda que ele evoluiu diretamente na América do Norte, a nova pesquisa indica que seus “avós” vieram da Ásia, atravessando o estreito entre os continentes.

Ancestral direto do T. rex ainda não foi descoberto
Essa ideia é reforçada por parentes do T. rex encontrados na Ásia, como o Tarbosaurus. Eles são mais próximos geneticamente do T. rex do que outros fósseis norte-americanos, como o Daspletosaurus. No entanto, o ancestral direto do T. rex ainda não foi descoberto.
O T. rex viveu na região de Laramídia, uma parte ocidental da América do Norte durante o período Cretáceo. Ele foi um dos maiores predadores terrestres da história, chegando a pesar nove toneladas e medir até 12 metros. Caçava dinossauros como o Triceratops e o Edmontosaurus.
O estudo também analisou outro grupo de dinossauros: os megaraptores. Embora fossem carnívoros como o T. rex, tinham características diferentes, como braços mais longos e garras de até 35 cm. Eles pareciam mais leves e ágeis, com um estilo de caça distinto.
Os megaraptores são considerados um dos grupos mais misteriosos de dinossauros. Poucos fósseis foram encontrados, mas a pesquisa indica que eles se originaram na Ásia há cerca de 120 milhões de anos. Depois, se espalharam para a Europa e para o supercontinente Gondwana.

Gondwana incluía as atuais América do Sul, África, Antártica, Austrália e partes da Ásia. Mesmo sem fósseis confirmados em algumas dessas regiões, os modelos mostram que os megaraptores viveram por lá. Na América do Sul, eles teriam caçado saurópodes juvenis, os gigantes de pescoço comprido.
Enquanto isso, o T. rex dominava seu território ao norte com uma mordida extremamente poderosa. Essa diferença entre os grupos pode ter surgido devido às presas disponíveis em cada região. Megaraptores usavam as garras como principal arma; o T. rex, os dentes.
Leia mais:
- Acredite se quiser: empresas querem recriar couro de Tiranossauro rex
- Dinossauro desconhecido pode ser ‘primo’ do Tiranossauro rex
- Maior dinossauro com penas da história era parente do Tiranossauro rex
Mudanças climáticas aumentaram tamanho dos dinossauros
Tanto os tiranossaurídeos (grupo do T. rex) quanto os megaraptores aumentaram muito de tamanho ao mesmo tempo, há cerca de 92 milhões de anos. Isso ocorreu após um período quente do planeta, seguido por um resfriamento global, o que parece ter favorecido esses grupos.
Com a queda nas temperaturas, outros dinossauros carnívoros gigantes, como os carcarodontossaurídeos, foram extintos. Isso deixou um espaço vazio no topo da cadeia alimentar. Os tiranossauros aproveitaram essa chance para crescerem e se tornarem os novos predadores dominantes.
Os cientistas acreditam que os tiranossauros conseguiam lidar melhor com o frio, talvez por terem penas ou um metabolismo mais ativo. Isso teria dado a eles vantagem sobre os rivais. O clima, portanto, teve um papel importante na evolução desses animais.
Segundo o coautor Charlie Scherer, também cientista da UCL, os tiranossauros cresceram muito porque puderam ocupar o lugar deixado pelos carnívoros extintos. Essa mudança permitiu que espécies como o T. rex atingissem tamanhos gigantescos no fim da era dos dinossauros.
O paleontólogo argentino Mauro Aranciaga Rolando, membro da equipe, destacou que os megaraptores começaram como uma espécie comum em várias regiões. Mas, conforme Gondwana se dividia, eles se especializaram em diferentes ambientes. Em lugares como a Ásia, desapareceram; na Patagônia e Austrália, tornaram-se os maiores caçadores.
Essa pesquisa reforça a ideia de que os dinossauros se espalharam pelo planeta de formas complexas, seguindo caminhos abertos pelas mudanças no clima e na geografia. Ainda há muito a ser descoberto, conforme os fósseis e os modelos continuam revelando segredos do passado.
O post T. rex revela ponte evolutiva de dinossauros entre dois continentes apareceu primeiro em Olhar Digital.
Fonte: Olhar Digital