O mercado de tecnologia para o setor jurídico vive um momento de consolidação. Escritórios e departamentos jurídicos buscam automatizar tarefas repetitivas para ganhar eficiência.
De olho nesse movimento, a Softplan, uma das maiores empresas de SaaS do Brasil, acaba de anunciar a compra da Oystr, legaltech especializada em automação jurídica.
Fundada há 34 anos em Florianópolis, a Softplan começou desenvolvendo sistemas para a construção civil e depois se consolidou como líder em tecnologia para tribunais de justiça.
A empresa, que prevê ultrapassar 1 bilhão de reais em receita líquida em 2025, vem fortalecendo a vertical de soluções jurídicas para o setor privado, com a plataforma Projuris.
A compra da Oystr marca um novo capítulo nessa estratégia. Criada por Rafael Caillet, Jonas Pacheco e Leandro Cruz, a Oystr automatiza rotinas de escritórios de advocacia e departamentos jurídicos, como acompanhamento de intimações eletrônicas, alimentação de sistemas e gestão de certificados digitais.
“Integrar nossa solução ao maior ecossistema jurídico do país é um passo fundamental para impulsionar a automação no setor”, afirma Caillet, CEO da Oystr.
Com a aquisição, a Softplan busca acelerar a transformação digital no mercado jurídico. Sidney Falcão, diretor executivo da Softplan para a área jurídica, diz que a meta é integrar a automação da Oystr à plataforma Projuris, criando uma oferta mais completa para clientes.
“Nosso compromisso é oferecer uma experiência ponta a ponta, que vai da automação ao uso da inteligência artificial para decisões estratégicas”, afirma.
Para o futuro, a Softplan planeja expandir o uso de IA em produtos jurídicos e fortalecer sua atuação em escritórios de médio e grande porte.
Já a Oystr, agora sob o guarda-chuva da Softplan, passa a fazer parte do ecossistema de inteligência legal da companhia, com um plano de crescimento agressivo.
História da Softplan
A Softplan nasceu em 1990, criada por três colegas que trabalhavam no CIASC, empresa de tecnologia do governo de Santa Catarina.
A oportunidade surgiu quando foram contratados para informatizar uma construtora. O sistema, desenvolvido fora do expediente, evoluiu e se tornou o Sienge, hoje a principal plataforma de gestão da construção civil no Brasil.
O grande salto veio no judiciário. A Softplan foi responsável por informatizar tribunais como o de Santa Catarina e, depois, São Paulo.
Um sistema da Softplan que digitalizou a gestão processual é usado hoje em todo o Tribunal de Justiça de São Paulo, o maior do país.
Ao longo dos anos, a empresa construiu três verticais:
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- Construção
- Justiça
- Gestão Pública
Mais recentemente, criou verticais focadas no setor privado, como Legal Intelligence, para impulsionar o crescimento em mercados mais escaláveis.

Sidney Falcão, diretor executivo da Softplan para a área jurídica: experiência ponta a ponta (Divulgação/Divulgação)
O que faz a Oystr
Fundada em 2014, a Oystr nasceu para resolver um problema comum em grandes escritórios de advocacia: a automação de tarefas repetitivas e massificadas.
Seus robôs realizam desde a captura de publicações e intimações até a alimentação de sistemas internos dos clientes.
A Oystr também desenvolveu o Presto, uma plataforma que gerencia certificados digitais com controle de acesso.
Em seis anos, os robôs da Oystr executaram mais de 250 milhões de tarefas, atendendo mais de 600 empresas.
Como as duas empresas se conheceram
O primeiro contato entre Oystr e Softplan ocorreu durante o Projuris Summit, evento da Softplan para o setor jurídico.
Na época, o Presto havia acabado de ser lançado e chamou a atenção dos executivos da Softplan pelo potencial de automação.
Paralelamente, a Oystr, já preparada para uma possível venda, contratou uma assessoria de M&A e recebeu indicações que levaram ao contato formal.
O “namoro” entre as empresas durou meses, até o fechamento da aquisição.
“Foi um processo longo e sólido. Queríamos integrar a melhor solução de robotização ao maior ecossistema de inteligência legal do país”, diz Eduardo Smith, CEO do Grupo Softplan.
O momento da Softplan
Nos últimos anos, a Softplan acelerou sua transformação para um modelo focado em SaaS e crescimento no setor privado.
Em 2020, a companhia faturava cerca de 300 milhões de reais, sendo 60% vindos do setor de justiça e 40% divididos entre construção civil e gestão pública.
Desde então, a empresa cresceu a taxas de 30% ao ano organicamente, e 50% ao ano considerando aquisições.
Em 2024, a Softplan fechou com receita líquida de 800 milhões de reais. A projeção para 2025 é ultrapassar 1 bilhão de reais.
O setor privado, que em 2020 representava apenas 20% da receita, agora responde por mais de 50%.
O crescimento veio da estratégia de complementar o portfólio por meio de aquisições como Projuris, Checklist Fácil e, agora, Oystr.
Para adequar a operação a esse novo perfil, a Softplan está separando suas atividades em duas marcas distintas: a Softplan original continuará atendendo o setor público, enquanto uma nova marca, ainda a ser lançada, concentrará as soluções privadas.
Sinergias e próximos passos
A sinergia entre Oystr e Softplan se dá tanto no portfólio quanto na base de clientes.
Enquanto a Oystr atende majoritariamente escritórios de médio e grande porte, a Projuris já tinha uma presença forte em departamentos jurídicos de empresas.
A automação de tarefas jurídicas repetitivas e a integração com sistemas internos são vistas como áreas de forte demanda no mercado. O plano é integrar os produtos da Oystr à plataforma Projuris, criando uma oferta única para clientes.
Além disso, a Softplan quer explorar o uso da inteligência artificial em novas frentes, como prognóstico jurídico e análise preditiva de processos.
“Queremos que o advogado gaste menos tempo com tarefas operacionais e foque no que gera valor para o cliente”, afirma Sidney Falcão.

Sede da Softplan, em Florianópolis: crescimento acelerado desde 2020 (Divulgação/Divulgação)
O que vem pela frente
A aquisição da Oystr é parte de um movimento maior da Softplan para crescer no setor privado e preparar a empresa para uma possível abertura de capital no futuro.
O grupo já está em processo de cisão das operações pública e privada e trabalha para atrair investidores para a nova empresa focada em SaaS.
O segmento privado já representa mais de 50% da receita da Softplan e deve acelerar ainda mais com a entrada da Oystr no portfólio. A previsão é que a vertical de Legal Intelligence, que abriga a Projuris e agora a Oystr, cresça 38% em 2025.
“A automação jurídica e o uso de dados e IA vão transformar a forma como escritórios e departamentos jurídicos operam nos próximos anos. Estamos nos posicionando para liderar essa transformação”, afirma Eduardo Smith.
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