Até hoje, apenas os EUA enviaram uma espaçonave a Netuno. A sonda Voyager 2, que atualmente está a mais de 20 bilhões de km da Terra, passou perto do gigante gelado em agosto de 1989. Agora, a China anunciou que planeja ser a próxima a explorar o último planeta do Sistema Solar, além de Tritão, uma de suas 16 luas.
Para quem tem pressa:
- A China vai lançar uma missão para explorar Netuno e sua lua Tritão de perto;
- Somente uma espaçonave, até hoje, se aproximou do planeta;
- Foi a sonda Voyager 2, dos EUA, que apenas passou pelo gigante de gelo;
- Já a missão chinesa vai entrar na órbita de Netuno, em um feito inédito;
- A nave terá instrumentos para estudar a atmosfera, os anéis, o campo magnético e a possibilidade de vida.
- Em vez de painéis solares, ela será alimentada por geradores radioisótopos, já que o Sol está muito distante.
Como será a missão chinesa a Netuno
Um artigo publicado no início deste mês no Chinese Journal of Aeronautics detalha a futura missão chinesa para Netuno. A proposta prevê uma viagem de cerca de 15 anos até o planeta, seguida pela entrada em órbita (algo que a Voyager 2 não fez). Depois, a espaçonave usaria a gravidade da lua Tritão para ajustar sua trajetória e realizar observações aprofundadas.
Segundo o documento, chegando ao destino, a nave lançará uma sonda que entrará na atmosfera de Netuno para coletar dados diretamente. Enquanto isso, o orbitador vai examinar os anéis do planeta, sua atividade geológica e seu campo magnético. Também será investigada a possibilidade de vida no oceano subterrâneo da enigmática lua Tritão.
Um dos grandes desafios técnicos é a geração de energia. Netuno fica a mais de 4,5 bilhões de quilômetros da Terra, uma distância em que painéis solares não funcionam bem. Por isso, a missão usaria geradores de energia a partir de radioisótopos, que fornecem eletricidade de forma constante, mesmo no espaço profundo.
A espaçonave chinesa deve contar com 11 instrumentos científicos, incluindo sensores para medir campos magnéticos, ondas de rádio, partículas e poeira. Também será equipada com câmeras e espectrômetros para observar diferentes tipos de luz, do infravermelho ao ultravioleta. Para garantir a navegação, usaria uma tecnologia avançada capaz de se orientar sozinha usando sinais de pulsares, estrelas que emitem raios X.
Antes de pensar em Netuno, a China vem ampliando suas ambições no espaço. Em 2021, o país pousou com sucesso o rover Zhurong em Marte com a missão Tianwen-1. Em maio deste ano, lançou a Tianwen-2, com o objetivo de coletar amostras de um asteroide e visitar um cometa na próxima década. Já a Tianwen-3, prevista para 2028, deve trazer amostras de Marte. Com a missão Tianwen-4, o país pretende estudar o sistema de Júpiter e sobrevoar Urano.
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Descoberto em 1846, Netuno é o planeta mais distante do Sol no Sistema Solar. Com ventos mais rápidos que os de qualquer outro mundo conhecido, ele também guarda segredos sobre seu campo magnético e estrutura interna – o que torna a exploração direta essencial para a ciência.
A lua Tritão é um dos satélites naturais mais interessantes do Sistema Solar. Ela orbita Netuno em uma direção retrógrada em relação à rotação do planeta. Isso pode significar que provavelmente foi capturada do Cinturão de Kuiper, uma região repleta de corpos gelados situada bem depois do gigante gelado. Tritão tem uma crosta congelada, que expele jatos de gás e partículas, como pequenos “vulcões” que soltam vapor e gelo em vez de lava. Esses jatos, chamados gêiseres, foram observados pela Voyager 2, indicando atividade geológica.
Os cientistas acreditam que essa característica é um indicativo de que Tritão abriga um oceano subterrâneo de água líquida abaixo da crosta de gelo. Embora isso não garanta a existência de vida, a presença de água líquida é um dos requisitos básicos para habitabilidade.
Se aprovada, essa missão será a primeira a colocar uma nave em órbita ao redor de Netuno. O projeto foi elaborado por especialistas do Instituto de Engenharia de Sistemas de Naves Espaciais de Pequim e da Academia Chinesa de Tecnologia Espacial (CAST), responsáveis por outras missões importantes, como as lunares Chang’e e as planetárias Tianwen.
A missão chinesa a Netuno e Tritão representa um avanço ambicioso na exploração espacial. Além de buscar respostas sobre a origem e a estrutura desses mundos distantes, pode revelar pistas sobre a possibilidade de vida em regiões extremamente remotas do nosso bairro cósmico.
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Fonte: Olhar Digital