A situação política de Israel no Oriente Médio encontra-se em um momento de indefinição, conforme análise do professor Michel Gherman, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O cenário pós-conflito com o Irã revela uma complexa teia de estratégias diplomáticas e manobras políticas internas.
Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelense, busca se posicionar como vitorioso no embate contra o Irã xiita, ao mesmo tempo em que tenta projetar uma imagem de conciliador com os países árabes moderados do Golfo Pérsico. Esta abordagem dupla visa fortalecer sua posição frente à crescente oposição interna em Israel.
Acordos de Abraão como estratégia política
O discurso recente de Netanyahu enfatiza a importância dos Acordos de Abraão, uma série de acordos diplomáticos com países árabes do Golfo. Esta movimentação é interpretada como uma tentativa de recolocar estes acordos no centro da agenda política, potencialmente marginalizando a questão palestina.
Segundo Gherman, a estratégia de Netanyahu tem dois objetivos principais: primeiramente, ao priorizar acordos com países árabes do Golfo, ele busca contornar as demandas palestinas por território. Em segundo lugar, o primeiro-ministro tenta se apresentar como uma liderança capaz de garantir a paz regional, mirando as próximas eleições israelenses.
Impacto na política interna de Israel
Apesar dos esforços de Netanyahu, pesquisas eleitorais recentes indicam que seu governo continua em minoria no parlamento. A oposição, inclusive, aumentou sua vantagem em relação a levantamentos anteriores, sugerindo que a instabilidade do governo Netanyahu persiste.
O professor Gherman observa que Netanyahu parece estar sempre “olhando nos espelhos dos trabalhistas”, buscando se equiparar a figuras históricas como David Ben-Gurion. Neste contexto, o primeiro-ministro almeja chegar às próximas eleições como o líder que venceu o Irã e estendeu as mãos para a paz com os países árabes.
Esta estratégia visa não apenas reverter o quadro eleitoral desfavorável, mas também garantir sua reeleição como primeiro-ministro, o que potencialmente o manteria fora da prisão, considerando as acusações legais que enfrenta.
WW Especial
Apresentado por William Waack, programa é exibido aos domingos, às 22h, em todas as plataformas da CNN Brasil.
Fonte: CNN Brasil