A Venezuela escolhe neste domingo governadores e parlamentares em uma eleição que aponta para uma vitória esmagadora do chavismo, diante do chamado à abstenção feito pela oposição majoritária, a dez meses da questionada reeleição de Nicolás Maduro.
Pouco mais de 21 milhões de eleitores estão convocados às urnas para eleger 285 deputados à Assembleia Nacional e 24 governadores, incluindo pela primeira vez a representação de um estado recém-criado para o território do Essequibo, disputado com a Guiana. A empresa de pesquisas Delphos projetou uma participação de 16%, composta majoritariamente por militantes chavistas.
O processo teve início às 6h (7h em Brasília) e, na primeira hora, a maioria dos centros de votação no centro de Caracas estava vazia, com apenas um punhado de eleitores em fila. A imagem contrasta com a alta participação registrada nas eleições presidenciais de 28 de julho. As urnas ficarão abertas até as 18h (19h em Brasília), embora os centros devam permanecer operando enquanto houver eleitores na fila.
Eleições na Venezuela
A eleição ocorre após uma onda de mais de 70 prisões, que incluiu o dirigente Juan Pablo Guanipa, aliado próximo da líder da oposição María Corina Machado. Todos foram acusados de pertencer a uma “rede de terrorismo” com o objetivo de sabotar as eleições de domingo, que Machado classificou como uma “farsa” e pediu boicote.
As denúncias do chavismo sobre supostos planos conspiratórios da oposição com apoio dos Estados Unidos são frequentes. O governo restringiu as passagens terrestres de fronteira e suspendeu a conexão aérea com a Colômbia, que, segundo o ministro do Interior, Diosdado Cabello, teria sido usada por supostos “mercenários” para atacar o processo eleitoral. Mais de 400 mil agentes das forças de segurança foram mobilizados para a eleição.
“A ultradireita que pretende ameaçar o povo, que fique com seus planos”, disse Maduro no sábado, em um ato oficial. “Este povo está seguro de seu destino e vai demonstrá-lo” na eleição de domingo.
Centros vazios
O chavismo possui 253 dos 277 assentos na Assembleia Nacional, depois que a oposição se retirou das eleições legislativas de 2020. Também controla 19 das 23 governadorias atualmente. María Corina convocou os eleitores a deixarem “todos os centros vazios” como parte de seu protesto contra o resultado das presidenciais, que ela alega ter sido fraudado.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE), acusado de servir ao presidente, proclamou Maduro vencedor sem divulgar a apuração detalhada dos votos, como exige a lei. A autoridade alegou um ataque ao sistema, que agora diz ter sido blindado. Os protestos após a proclamação de Maduro resultaram em 28 mortes e mais de 2.400 prisões.
Uma pequena dissidência da oposição desconsiderou o chamado de María Corina e participa das eleições deste domingo. Ela é liderada pelo duas vezes candidato presidencial Henrique Capriles, que busca uma cadeira no Parlamento e defende o “voto como um ato de resistência”.
Disputa pelo Essequibo
No caso do Essequibo, serão eleitos um governador e oito parlamentares, que terão inicialmente um mandato simbólico, já que a Guiana administra essa rica região de 160 mil km². O presidente guianense, Irfaan Ali, denunciou a eleição como uma “ameaça”, enquanto a Corte Internacional de Justiça (CIJ), que julga um caso relacionado à disputa, pediu à Venezuela que se abstivesse de realizar esses comícios.
Estão convocados pouco mais de 21 mil eleitores em centros localizados no estado venezuelano de Bolívar (sudeste), fora do território em disputa.
A Guiana solicitou à CIJ que ratifique as fronteiras estabelecidas em um laudo arbitral de 1899, mas a Venezuela apela ao Acordo de Genebra de 1966, antes da independência da Guiana do Reino Unido, que anulava essa decisão e estabelecia as bases para uma solução negociada.
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Fonte: InfoMoney