A agenda econômica desta quinta-feira (22) nos Estados Unidos traz importantes indicadores. Pela manhã, serão divulgados os dados semanais de auxílio-desemprego e exportação de grãos, seguidos pelos índices preliminares de gerentes de compras (PMIs) da indústria e serviços referentes a maio, além das estatísticas de vendas de moradias usadas em abril. Também estão previstos para hoje comentários de Thomas Barkin, dirigente do Federal Reserve (Fed) de Richmond.
Por aqui, os ministérios da Fazenda e do Planejamento realizam coletiva de imprensa às 15h para apresentar o Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias do 2º bimestre de 2025. Participam autoridades como os ministros Fernando Haddad e Simone Tebet, além de secretários-executivos e outros membros. O Conselho Monetário Nacional (CMN) também se reúne a partir das 15h.
Enquanto isso, o diretor de Regulação, Gilneu Francisco Astolfi Vivan, proferirá às 13h30 uma palestra durante o 5º Congresso Brasileiro de Internet, promovido pela Abranet e ITS, em Brasília. O evento será aberto à imprensa presencialmente.
O que vai mexer com o mercado nesta quinta
Agenda
Às 10h30, Lula fará uma visita aos laboratórios da Faculdade de Ciências da Saúde Sírio-Libanês. Em seguida, às 11h, participará da cerimônia de lançamento dos cursos de medicina e biomedicina da mesma faculdade. À tarde, às 15h, estará presente na cerimônia de anúncio da renovação do patrocínio da CAIXA e do Governo Federal ao Comitê Paralímpico Brasileiro.
Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central, terá audiências em Brasília com representantes do Sindicato Nacional dos Funcionários do BC, com Romero Jucá, consultor da Blue Solution, e com Carolina Barros, diretora da Fundação Centrus. Todos os encontros são fechados à imprensa e tratarão de assuntos institucionais.
EUA
9h30 – Auxílio-desemprego (semanal)
9h30 – Exportação de grãos (semanal)
10h45 – PMI de indústria (maio)
10h45 – PMI de serviços (maio)
11h – Moradias usadas (abril)
INTERNACIONAL
Energia
Os Estados Unidos demonstraram interesse em comprar a energia excedente do Paraguai gerada por Itaipu para abastecer projetos de inteligência artificial. O secretário de Estado, Marco Rubio, afirmou que o crescimento da IA exigirá mais energia do que a produção atual do planeta, e que países como o Paraguai podem se beneficiar desse cenário. A movimentação americana pode dificultar as negociações do Brasil com o Paraguai sobre o “Anexo C” de Itaipu, que trata da venda do excedente energético. Com o acordo anterior expirado em 2023, o Paraguai ganha poder de barganha. Especialistas veem a proposta como viável e estratégica.
Agentes secretos
Agentes russos operaram no Brasil por anos com identidades falsas de brasileiros, revelou uma reportagem do The New York Times na quarta-feira (21). A “Operação Leste”, da Polícia Federal, identificou ao menos nove infiltrados do Kremlin, incluindo Sergey Cherkasov, preso por uso de documentos falsos. Os espiões usavam passaportes brasileiros para acessar países como EUA e Holanda. O caso mais emblemático envolveu Cherkasov, que tentou um estágio no Tribunal Penal Internacional usando nome falso. O alerta veio da CIA, e a investigação envolveu cooperação internacional com Israel, Uruguai e outros países.
Medidas mais rígidas
A Ucrânia pretende pressionar a União Europeia na próxima semana por medidas mais duras contra Moscou, incluindo o confisco de bens russos e sanções secundárias a países que compram petróleo russo, como Índia e China. O apelo, revelado em um documento de 40 páginas, vem em meio ao recuo dos EUA sob a presidência de Donald Trump, que decidiu não endurecer sanções após conversa com Vladimir Putin. Kiev também pede que a UE adote decisões por maioria, e não por unanimidade, para evitar bloqueios internos às sanções.
Tese de genocídio
Durante encontro na Casa Branca, Donald Trump exibiu vídeos e recortes de jornais para sustentar alegações infundadas de genocídio contra fazendeiros brancos na África do Sul. O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, reagiu com cautela, negando as imagens mostradas e ressaltando que a maioria das vítimas de crimes no país é negra. Trump criticou a reforma agrária sul-africana e suspendeu ajuda financeira, alegando perseguição à minoria branca. Dados oficiais, porém, não sustentam a tese de genocídio. Ramaphosa tentou focar a conversa em comércio e minerais. Apesar da tensão, disse estar aberto ao diálogo.
ECONOMIA
Fluxo cambial
O Brasil teve fluxo cambial negativo de US$ 2,226 bilhões em maio até o dia 16, segundo o Banco Central. O déficit foi puxado pelo canal financeiro, com saídas líquidas de US$ 4,375 bilhões no período. Já o canal comercial registrou superávit de US$ 2,150 bilhões. No acumulado do ano até 16 de maio, o fluxo cambial total está negativo em US$ 11,133 bilhões. Os dados são preliminares e refletem o câmbio contratado, que inclui investimentos, remessas e comércio exterior.
Conta de luz
O presidente Lula assinou nesta quarta-feira (21) uma medida provisória que reformula o setor elétrico. A MP amplia a tarifa social e prevê isenção total na conta de luz para famílias de baixa renda com consumo de até 80 kWh. O benefício pode alcançar até 60 milhões de brasileiros, segundo o governo. O custo anual estimado de R$ 3,6 bilhões será compensado com cortes de subsídios no setor. A medida também prevê abertura gradual do mercado de energia, permitindo que consumidores escolham seu fornecedor a partir de 2027. O texto precisa ser aprovado pelo Congresso em até 120 dias.
Queda no custo
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que a reforma do setor elétrico deve resultar em queda no custo da energia para todos os brasileiros, inclusive para a classe média. Segundo ele, a ampliação do mercado e o aumento da concorrência trarão maior eficiência ao sistema, reduzindo os custos operacionais. A fala do ministro contraria estudos como o da Volt Robotics, que indicam possível repasse de custos à classe média. Rui Costa argumenta que a medida promove justiça tarifária e garante que todos contribuam de forma equilibrada no sistema energético nacional.
POLÍTICA
INSS
O governo federal avalia adiantar metade do valor devido aos aposentados e pensionistas lesados pela “farra do INSS” com recursos públicos, enquanto aguarda o ressarcimento pelas associações suspeitas de fraude. A medida busca evitar deixar os segurados desamparados e proteger a popularidade do presidente Lula.
Há divergências internas sobre o uso de recursos do Tesouro, com o Ministério da Fazenda preferindo que as associações responsáveis arquem com os custos, e a Previdência defendendo crédito extraordinário com posterior ação da AGU para ressarcimento. A decisão ainda depende do levantamento do impacto financeiro, que poderá ser mais preciso com a funcionalidade de contestação no app “Meu INSS”.
Reeleição
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou o texto-base da PEC 12/2022, que elimina a reeleição para presidente, governadores e prefeitos a partir de 2030. A proposta amplia mandatos para cinco anos e unifica eleições a cada cinco anos. Relator Marcelo Castro destaca que a medida pode estimular a renovação política e dar mais tempo para programas de governo. Caso seja aprovada no plenário do Senado e na Câmara, entrará em vigor em 2030, exigindo ajustes no calendário eleitoral.
Licenciamento ambiental
O Senado aprovou nesta quarta-feira (21), com 54 votos favoráveis e 13 contrários, o projeto de lei (PL 2.159/2021) que estabelece um novo marco legal para o licenciamento ambiental no Brasil. A proposta determina as diretrizes para o licenciamento ambiental e sua aplicação pelos órgãos responsáveis, além de flexibilizar a necessidade da licença em alguns casos.
Reajuste
Por 388 votos a 43, a Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (21) à noite o projeto de lei que reajusta os salários de várias categorias dos servidores públicos federais. Por falta de acordo, no entanto, o texto foi fatiado, e parte da reestruturação de carreiras ficará para o grupo de trabalho que discutirá a reforma administrativa.
Anistia
O Partido Liberal (PL) apresentou um novo esboço do projeto de lei da anistia que limita o perdão aos condenados por atos antidemocráticos às “pessoas físicas que participaram diretamente das manifestações” de 8 de janeiro de 2023, em Brasília. O texto anistia o crime de abolição do Estado Democrático de Direito, mas mantém a responsabilização civil por danos ao patrimônio público e multas. A versão anterior abrangia todos os manifestantes entre 8 de janeiro e a vigência da lei. A proposta busca evitar criminalizar manifestações políticas futuras, mas condena atos violentos e depredação.
Anistia 2
O presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), destacou que não adianta aprovar a proposta se o Supremo Tribunal Federal (STF) a considerar inconstitucional, defendendo um texto alinhado com a Corte. O líder do PP, Dr. Luizinho (RJ), sugeriu a elaboração de uma nova minuta de relatório, mas ainda não há relator definido. A oposição rejeita a necessidade de aprovação do STF, e a reunião terminou sem decisão.
Trama golpista
O ex-comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Junior, afirmou ao STF que os chefes das Forças Armadas discutiram com Jair Bolsonaro a prisão do ministro Alexandre de Moraes, então presidente do TSE, em 2022. A ideia foi descartada após comentários sobre habeas corpus. Baptista Junior relatou cinco encontros com Bolsonaro em novembro de 2022, quando percebeu que o objetivo era impedir a posse de Lula, e não garantir a ordem. Sua declaração reforça a acusação da PGR contra Bolsonaro por tentativa de golpe. O STF seguirá com oitiva de testemunhas de defesa.
Cannabis
O governo Lula apresentou um plano para regulamentar o uso medicinal da cannabis no Brasil, após decisão do STJ em 2024. O documento, feito com Anvisa e ministérios, deve sair até setembro e prevê regras do cultivo à distribuição. Hoje, medicamentos à base de cannabis só podem ser produzidos com insumos importados, elevando custos. Mais de 670 mil brasileiros usam canabidiol, mas o acesso é restrito. A regulamentação busca baratear os tratamentos e fortalecer a indústria nacional. O STJ fixou prazo para o governo solucionar a falta de norma.
(Com Reuters, Estadão e Agência Brasil)
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Fonte: InfoMoney
