O magnata do hip-hop Sean “Diddy” Combs, 55, foi a julgamento nesta segunda-feira (12) por acusações de tráfico sexual, com os promotores dizendo a um júri que o fundador da Bad Boy Records usou sua fama e fortuna para abusar de mulheres, e a defesa esperava argumentar que não havia nada de criminoso em um estilo de vida “swingers”.
A promotora Emily Johnson disse em sua declaração de abertura que Combs comandou uma conspiração criminosa de duas décadas com a ajuda de um círculo íntimo de guarda-costas e funcionários de alto escalão.
“Para o público, ele era Puffy, Puff Daddy ou Diddy: um ícone cultural, um empresário, maior que a vida. Mas havia outro lado dele — um lado que comandava uma organização criminosa. Durante este julgamento, vocês ouvirão sobre 20 anos de crimes do réu”, disse Johnson aos jurados.
A mãe de Combs, Janice Combs, sentou-se na primeira fila do tribunal junto com seis dos filhos de seu filho. Combs vestia um suéter bege sobre uma camisa branca com colarinho e calças cáqui. Ele sorriu para sua família e lhes mandou um beijo antes de se sentar com seus advogados.
Na manhã de segunda-feira (12), o painel de 12 jurados e seis suplentes foi finalizado antes das alegações iniciais do governo e, em seguida, da defesa. A acusação então chamaria sua primeira testemunha. O caso atraiu intensa cobertura da mídia por causa da fama de Combs.
Ao longo de um julgamento de dois meses, espera-se que os jurados ouçam o depoimento de três e possivelmente quatro das acusadoras do rapper, bem como de seus ex-funcionários que, segundo os promotores, ajudaram a organizar e encobrir suas ações.
Combs se declarou inocente de cinco acusações criminais de conspiração de extorsão, tráfico sexual e transporte para fins de prostituição. Se condenado por todas as acusações, ele enfrenta uma sentença mínima obrigatória de 15 anos e pode pegar prisão perpétua.
Os advogados de defesa de Combs deveriam argumentar que a atividade sexual descrita pelos promotores foi consensual e dizer que não havia nada de ilegal em um estilo de vida “swingers” em que Combs e suas namoradas ocasionalmente traziam uma terceira pessoa para seus relacionamentos.
As alegações de abuso sexual nas acusações criminais apresentadas contra Combs pelo escritório do procurador dos EUA em Manhattan no ano passado o tornaram o mais recente homem poderoso da indústria do entretenimento a ser acusado de má conduta sexual na esteira do movimento #MeToo, que encorajou as mulheres a se manifestarem sobre o abuso.
Combs é conhecido por transformar artistas de rap e R&B como Notorious B.I.G. e Mary J. Blige em estrelas e, no processo, elevar o apelo mainstream do hip-hop na cultura americana nos anos 1990 e início dos anos 2000.
Nascido no bairro do Harlem, em Manhattan, e criado por uma mãe solteira, Combs passou a viver em mansões em Miami e Los Angeles e a dar festas luxuosas para a elite cultural em destinos como os Hamptons e Saint-Tropez.
Os promotores dizem que seu sucesso ocultava um lado sombrio. Ao longo de duas décadas, Combs usou violência e ameaças para forçar mulheres a participar de performances sexuais de dias, movidas a drogas, com trabalhadores sexuais masculinos, conhecidas como “Freak Offs”, de acordo com a acusação.
Combs costumava assistir às performances, masturbar-se e filmá-las, às vezes usando as gravações como chantagem para garantir que suas supostas vítimas não denunciassem seu abuso, dizem os promotores. Em um incidente de 2016 que foi capturado por imagens de vigilância de hotel que os promotores planejam mostrar ao júri, Combs foi visto chutando e arrastando uma mulher enquanto ela tentava deixar um “Freak Off”, dizem os promotores.
A CNN transmitiu no ano passado imagens que pareciam mostrar Combs atacando sua ex-namorada, a cantora de R&B Casandra Ventura, em 2016, em um corredor de hotel de Los Angeles. Combs se desculpou após a exibição do vídeo.
Cassie deve estar entre as primeiras testemunhas
Ventura, conhecida profissionalmente como Cassie, está entre as primeiras testemunhas que devem depor contra Combs.
A estratégia de defesa de Combs no julgamento dependerá de minar a credibilidade das mulheres que testemunharem contra Combs, inclusive argumentando que elas foram motivadas por dinheiro para acusá-lo de irregularidades e têm memórias não confiáveis.
Marc Agnifilo, o principal advogado de Combs, disse que o incidente do hotel de 2016 retratou as consequências de uma disputa por infidelidade e não era evidência de tráfico sexual. Em uma audiência judicial na sexta-feira, Agnifilo disse que Ventura tinha um histórico de violência doméstica, prejudicando o argumento dos promotores de que ela era uma vítima.
O advogado de Ventura se recusou a comentar.
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Este conteúdo foi originalmente publicado em Sean “Diddy” Combs comandou empresa criminosa por 20 anos, diz promotora no site CNN Brasil.
Fonte: CNN Brasil