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Saúde intestinal: o aliado esquecido no processo de emagrecimento saudável

Saúde intestinal: o aliado esquecido no processo de emagrecimento saudável

Ao pensarmos em emagrecimento, é comum mantermos o foco em dietas, redução de calorias e práticas esportivas. Mas muitas pessoas não obtêm sucesso mesmo após rotinas regradas acompanhadas de disciplina e esforço. Em diversos casos, um fator importante para o processo pode estar sendo negligenciado: trata-se da saúde intestinal.

Muita gente ainda enxerga o intestino como um simples órgão de digestão, mas atualmente já se sabe que ele possui outras funções. Nele, por exemplo, encontra-se a microbiota intestinal, uma comunidade composta por trilhões de microrganismos — bactérias, fungos e vírus — que vivem no sistema gastrointestinal.

— Uma microbiota intestinal em desequilíbrio impacta na digestão de alimentos e absorção de diversos nutrientes. Isso pode gerar uma síndrome do intestino permeável, ocasionando dificuldade no emagrecimento, entre outros problemas — explica Bruna Makluf, nutricionista especialista em emagrecimento na Wefit.

Um freio no emagrecimento

Segundo a especialista, uma microbiota em desequilíbrio, também conhecida como disbiose intestinal, pode criar um ambiente inflamatório no corpo — o que, além de dificultar a perda da gordura, também favorece o surgimento de hipertensão, diabete, obesidade e outras complicações.

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Isso acontece, porque quando há disbiose o organismo passa a ter maior permeabilidade intestinal, permitindo que toxinas e resíduos que não deveriam atravessar a parede intestinal vazem para a corrente sanguínea. Nestes casos, o sistema imunológico pode reconhecer essas substâncias como ameaças, gerando uma resposta inflamatória crônica.

Também é possível que se produza menos neurotransmissores ligados ao controle de fome e saciedade. Junto a isso, enviam-se sinais que aumentam o desejo por alimentos ricos em açúcar e gordura, criando um ciclo vicioso.

— Muitos pacientes chegam ao consultório se queixando de barriga estufada e sensação constante de inchaço, gases excessivos, constipação, refluxo, azia e cansaço. Quando essas reclamações se tornam frequentes, é sinal de que algo não vai bem na saúde intestinal — completa a nutricionista.

Como identificar microbiota desequilibrada

Yasminni Soares, médica gastroenterologista da Klini Saúde, explica que podemos identificar se nossa microbiota está em desequilíbrio, quando passamos a observar que alguns sintomas se tornam frequentes em nossa rotina. Entre os pontos de atenção estão:

Distensão abdominal: é o nome dado ao inchaço ou aumento anormal do volume do abdômen. A barriga fica estufada, endurecida, às vezes acompanhada de dor, desconforto, gases, sensação de peso e até barulhos intestinais;

Queda de cabelo: É comum perceber os cabelos mais finos, fracos e quebradiços, além de um couro cabeludo mais sensível, que pode apresentar coceira, excesso de oleosidade ou descamação;

Excesso de gases: identificado pelo inchaço abdominal constante, estufamento após as refeições, desconforto, arrotos, flatulência frequente e, em alguns casos, dor abdominal leve a moderada;

Cansaço frequente: não se trata daquele cansaço momentâneo, depois de um dia puxado, mas sim de uma fadiga constante, sem explicação aparente, que pode durar dias, semanas ou até meses;

Gripes e resfriados constantes: quando se fica gripado ou resfriado com muita frequência, mais do que o habitual, ou quando os quadros são mais intensos, duradouros ou difíceis de recuperar. Além disso, surgem infecções oportunistas com mais frequência, como herpes labial, candidíase, aftas, dermatites ou alergias de pele.

Fora isso, é preciso se atentar para as fezes. Segundo a especialista, uma microbiota desequilibrada pode gerar impacto nelas, seja na aparência do bolo fecal ou na frequência com que se evacua.

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— Um paciente com microbiota desequilibrada pode apresentar tanto a constipação, que seria o caso de fezes ressecadas, quanto a diarreia. Esta, podendo ser líquida ou pastosa. Também é preciso ter atenção com a frequência com que se evacua. Uma pessoa saudável costuma evacuar até três vezes no dia, ou a cada três dias, mas sempre evacuando sem esforço, sem dor e com as fezes com “boa aparência” — afirma.

Existem algumas razões para que este desequilíbrio aconteça, como, por exemplo, alta quantidade de medicamentos (principalmente antibióticos), estresse em excesso, ausência de atividade física, entre outros. Mas, para Yasminni Soares, a falta de cuidado com a dieta acaba sendo o principal gerador do desequilíbrio.

Segundo a médica, alimentos que pioram a microbiota são aqueles com muito açúcar, muita gordura, processados e aqueles pobres em fibras. Por isso, ela faz um alerta com o mantra de que “descascar é melhor do que desembrulhar”.

— Os produtos mais naturais são sempre uma melhor opção. Ao tomar um suco de laranja, por exemplo, é melhor tomar aquele da fruta do que o da caixinha — completa Yasminni Soares.

Para especialista, a escolha por produtos naturais é positiva, por conta dos seus alto valores nutricionais. São alimentos que costumam ter muita fibra e nível glicêmico mais baixo do que os industrializados. Como consequência, produzem alguns efeitos positivos no nosso organismo:

  • Redução do risco de resistência à insulina;
  • Participação na redução do colesterol LDL “ruim”;
  • Melhora na imunidade e impacto positivo no humor;
  • Maior saciedade: faz com que a pessoa consuma menos calorias diárias.

Cuidar do intestino é cuidar do emagrecimento

A médica reforça ainda a diferença entre emagrecimento saudável e não saudável. No primeiro, não temos apenas a perda de peso, mas sim de gordura corporal, preservando a massa muscular, garantindo equilíbrio nutricional e promovendo mudanças de comportamento que sustentem os resultados a longo prazo.

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Já quando o emagrecimento não é saudável, existe uma prioridade somente na perda de peso na balança, sem haver atenção com a massa muscular, possíveis déficits nutricionais e não há mudanças de comportamento, o que pode levar ao efeito sanfona.

Assim, para facilitar um emagrecimento saudável, é necessário manter uma microbiota intestinal equilibrada. Essa manutenção passa por alguns pilares, como:

  • Alimentação natural e variada: rica em fibras, vegetais, frutas, proteínas de boa qualidade e gorduras saudáveis;
  • Hidratação constante: a água é essencial para o funcionamento intestinal;
  • Controle do estresse: atividades terapêuticas ou que auxiliam no controle do estresse, como Yoga ou criação artística;
  • Sono de qualidade: noites mal dormidas aumentam o apetite, alteram hormônios da saciedade e estimulam escolhas alimentares piores;
  • Redução de álcool, cigarro e ultraprocessados: esses hábitos desequilibram rapidamente a microbiota;
  • Mastigação adequada e alimentação consciente: comer com calma, sem distrações, favorece a digestão e melhora os sinais de saciedade;
  • Atividade física regular: também contribui diretamente para um perfil mais saudável da microbiota.

Para elaborar a melhor estratégia reunindo esses pilares, pode-se procurar ajuda profissional. O trabalho de nutricionistas vai além da contagem de calorias, passando por compreender a história de vida do paciente, os sinais e sintomas de cada um, avaliação de exames, padrões de sono, estresse e hábitos alimentares.

— Cada paciente é único — destaca Bruna — o que serve para um, pode não servir para o outro. Por isso, é importante a personalização — conclui.

O intestino deixou de ser um coadjuvante e ocupa o protagonismo na procura por saúde, equilíbrio e emagrecimento saudável. Cuidar dele é investir não apenas no corpo desejado, mas numa melhor qualidade de vida e bem-estar.

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Fonte: InfoMoney

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