A economista-chefe da Galapagos Capital, Tatiana Pinheiro, avaliou que o saldo de credibilidade do governo é negativo após o recuo na decisão de aumentar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para operações de câmbio.
Segundo Pinheiro, o anúncio inicial das medidas, considerado “atabalhoado”, gerou uma série de dúvidas no mercado financeiro, principalmente em relação às intenções do governo sobre o controle do câmbio.
“O que ficou foi aquela sensação de o que eles estão querendo fazer com essas medidas, principalmente as de câmbio. Eles querem controlar mais o comportamento do câmbio? O câmbio vai deixar de ser um regime flutuante?”, questionou a economista.
Pinheiro ressaltou que há muitos anos não se debatia o regime cambial no Brasil, estando consolidada a ideia de um câmbio flutuante, onde as forças de demanda e oferta atuam livremente, com intervenções do Banco Central apenas em momentos de disfuncionalidade do mercado.
Recuo do governo ameniza impacto
A especialista avaliou que a volta atrás do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ajudou a amenizar o impacto negativo inicial. “A fala do Haddad hoje de manhã ajudou nisso, deixou claro que não era a intenção de controlar o câmbio, as medidas eram de cunho fiscal mesmo”, afirmou.
No entanto, Pinheiro acredita que o mercado ainda levará algum tempo para digerir completamente o episódio. “Vai demorar um pouquinho para o mercado digerir tudo isso. Vai acabar com a tendência de apreciação do real que a gente estava vendo nos últimos meses? Acho que não, porque o plano de fundo não mudou”, explicou.
A economista argumentou que a apreciação do real, assim como de outras moedas, está relacionada principalmente ao enfraquecimento do dólar devido à política tarifária dos Estados Unidos. Esse cenário mais amplo, segundo ela, permanece inalterado.
Perspectivas para o câmbio
Apesar do episódio, Pinheiro acredita que a tendência de ligeira apreciação do real deve continuar, embora possa levar mais tempo para se concretizar. “A gente tem uma tendência da nossa moeda apreciar ligeiramente, continuar na tendência de apreciação, mas vai precisar de mais alguns dias na semana que vem para o mercado digerir tudo isso”, afirmou.
A economista também destacou a importância de observar como o Congresso se posicionará em relação às medidas anunciadas, além da possibilidade de judicialização das decisões. “As pessoas podem questionar no STF, então ainda a gente precisa de mais informação”, concluiu Pinheiro, ressaltando que o mercado ainda precisa de tempo para processar completamente os desdobramentos do episódio.
Fonte: CNN Brasil