A Rumo (RAIL3) anunciou a distribuição de dividendos no valor de R$ 1,5 bilhão, representando um rendimento (yield) de 4,2% provenientes de suas reservas de lucro, valor significativamente superior aos cerca de R$ 350 milhões pagos na última década. Às 10h21, a ação da empresa de logísitica caía 0,47%, a R$ 19,14.
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Embora possam surgir questionamentos de governança devido ao foco atual do seu contralador Cosan (CSAN3) na redução da alavancagem, a XP Investimentos destaca que o tema já foi amplamente discutido com o mercado. Na teleconferência de resultados do 1T25, a companhia confirmou que considerava pagamentos adicionais de dividendos, desde que não comprometessem sua estratégia de crescimento ou estrutura de capital.
De modo geral, a corretora aponta que o dividendo terá impacto modesto na alavancagem (dívida líquida/EBITDA) e reforça a confiança da Rumo nos resultados futuros após um início de ano desafiador, com melhorias relevantes recentes nas previsões de produção de grãos, na precificação logística e no desempenho de custos no 1T25.
Nesse contexto, a XP não espera mudanças na política mínima de dividendos de 25% do lucro líquido nem na diretriz de manter a dívida líquida/EBITDA abaixo de aproximadamente 2,0 vezes. Com isso, a XP reitera recomendação de compra para a Rumo.
Apesar de considerar a notícia positiva para a Cosan, que receberá dividendos acima do esperado, o Goldman Sachs avalia que esse repasse não seria suficiente, por si só, para elevar o índice de cobertura de juros da Cosan a níveis saudáveis.
O Goldman Sachs mantém recomendação neutra para Rumo, com preço-alvo de R$ 21,00, destacando como riscos principais a volatilidade das safras, concorrência no transporte de cargas, investimentos em rodovias e variações nos juros. Para a Cosan, a recomendação também é neutra, com preços-alvo de R$ 9,40 e US$ 6,60, baseados na soma das partes. Os riscos envolvem mudanças no cenário de juros, vendas de ativos, intervenções políticas e o desempenho da economia.
O BTG, por sua vez, comenta que embora a distribuição sinalize resposta às críticas sobre ausência de retorno ao acionista, levanta a dúvida se não seria também um suporte à controladora Cosan em seu processo de desalavancagem.
Segundo BTG, o impacto sobre a alavancagem da Rumo é limitado, subindo de 1,6 vez para 1,8 vez.
Para analistas do BTG, o dividendo atual pode sinalizar uma nova fase de equilíbrio entre crescimento e retorno ao acionista, fortalecendo a atratividade da ação em um momento de valuation descontado.
O JPMorgan vê o anúncio de forma positiva e antecipava uma boa recepção pelo mercado, já que a ausência de uma política consistente de distribuição de capital tem sido uma preocupação recorrente dos investidores. A Rumo encerrou o 1T25 com um nível confortável de alavancagem, em 1,6 vez dívida líquida/EBITDA, o que lhe confere capacidade para remunerar os acionistas mesmo com um plano robusto de investimentos (CapEx).
Na visão do banco americano, o mercado precifica preocupações com uma possível fraqueza no volume transportado e dúvidas sobre a capacidade da empresa de cumprir seu guidance para o ano. As ações são negociadas a 6,4 vezes Valor da Firma (EV)/EBITDA com base nas estimativas para 2025 — cerca de 30% abaixo da média histórica —, o que, na visão do banco, representa uma relação risco/retorno atrativa.
Ainda assim, a postergação da comercialização de grãos, apesar das previsões otimistas para a safra, limita o potencial de revisões positivas nos lucros e de uma reprecificação da ação no curto prazo. O JPMorgan manteve recomendação de compra e preço-alvo de R$ 26.
Apesar de representar um acréscimo de alavancagem de apenas 0,15 vez do EBITDA da Rumo para 1,7 vez até o final do ano, o Itaú BBA avalia que os investidores podem ter sentimentos mistos em relação a esse anúncio.
Por um lado, caso se tornem recorrentes, os dividendos podem ser vistos como um instrumento tangível de geração de valor para os acionistas enquanto a Rumo continua em trajetória de crescimento. Por outro, há a possibilidade de que parte do mercado veja como mais eficiente o uso dos recursos para reduzir a alavancagem ou realizar o pré-pagamento das taxas de concessão, que costumam ter custo equivalente à inflação somada a 11% ao ano.
Para o BBA, embora existam méritos em ambos os argumentos, essa discussão pode perder relevância caso a empresa seja bem-sucedida na venda de seu terminal em Santos — negócio fechado na semana passada e estimado em cerca de R$ 600 milhões em recursos totais.
Já o Bradesco BBI avalia que o pagamento dos dividendos pode reduzir, ainda que marginalmente, a flexibilidade financeira da companhia, considerando os investimentos relevantes previstos para os próximos anos.
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Fonte: InfoMoney