Um estudo conduzido por cientistas da Universidade de Oxford, na Inglaterra, publicado no Journal of Geophysical Research: Solid Earth, analisou antigas rochas ricas em ferro encontradas na Groenlândia, descobrindo a possível idade do campo magnético da Terra.
Segundo a pesquisa, esse escudo invisível que protege o planeta contra radiações perigosas vindas do espaço teria 3,7 bilhões de anos.
As formações examinadas fazem parte do chamado Cinturão de Rochas Verdes de Isua e funcionam como uma cápsula do tempo. Elas contêm partículas de ferro que, no momento em que os minerais se cristalizaram, ficaram alinhadas com o campo magnético da Terra. Esse processo deixou registrado o “desenho” do campo, como se fosse uma fotografia magnética.

Com base nessa análise, os pesquisadores concluíram que, há 3,7 bilhões de anos, a Terra tinha um campo magnético com força de pelo menos 15 microteslas. Hoje, esse campo varia em torno de 30 microteslas. Ou seja, mesmo tão antigo, o campo já era relativamente forte, ajudando a manter o planeta protegido.
O campo magnético terrestre é gerado por um processo chamado geodínamo. Ele ocorre no núcleo externo do planeta, onde metais como ferro e níquel estão em forma líquida e em constante movimento. Esse movimento gera correntes elétricas que produzem o campo magnético, segundo as leis do eletromagnetismo.
No início da história da Terra, porém, o núcleo ainda não era totalmente sólido. Mesmo assim, os cientistas acreditam que havia mecanismos eficientes que mantinham o campo funcionando. Isso sugere que o planeta sempre teve algum tipo de escudo magnético, mesmo antes de se estabilizar como conhecemos hoje.

Idade do campo magnético da Terra foi reduzida com novo estudo
Outros estudos sugerem que o campo pode ser mais antigo. Uma pesquisa feita em 2015 analisou cristais de zircão encontrados em Jack Hills, na Austrália. Ela indicava a presença de um campo magnético há 4,2 bilhões de anos. No entanto, essa evidência foi contestada depois.
O motivo é que essas rochas passaram por eventos de reaquecimento há cerca de 2,6 bilhões de anos. Isso pode ter alterado ou apagado os sinais magnéticos originais. Um artigo posterior, de 2020, concluiu que esses cristais não são confiáveis para medir o campo magnético tão antigo.

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Mesmo com as dúvidas sobre a data exata, os 3,7 bilhões de anos se encaixam bem na história do planeta. A Terra tem cerca de 4,5 bilhões de anos, e a vida pode ter surgido por volta da mesma época do campo magnético – o que faz sentido, já que ele ajudaria a proteger os primeiros organismos.
Além de proteger contra a radiação solar, o campo magnético da Terra é dinâmico e muda com o tempo. A cada 200 mil a 300 mil anos, em média, os polos magnéticos se invertem – o Norte vira Sul e vice-versa. A última inversão aconteceu há 780 mil anos, o que sugere que já passou da hora de uma nova.
O campo magnético tem sido uma constante na história do planeta. Ele pode não ser visível, mas é um dos maiores responsáveis por tornar a Terra habitável. Sem ele, a vida como conhecemos talvez nem existisse.
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Fonte: Olhar Digital