Uma nova missão espacial liderada pelo Reino Unido quer reforçar a posição do país (e da Europa) na observação e previsão do “clima espacial” – fenômenos vindos do Sol capazes de afetar satélites, sistemas de comunicação e redes elétricas na Terra.
Cientistas britânicos apresentaram a proposta desta missão na quarta-feira (09), durante a Reunião Nacional de Astronomia de 2025, coordenada pela Royal Astronomical Society, em Durham, na Inglaterra.
UK-ODESSI: a missão britânica que quer lançar satélite europeu para ficar de olho no Sol
Batizada de UK-ODESSI, a missão espacial prevê o lançamento de um satélite não-tão-caro-assim com instrumentos desenvolvidos pelo Reino Unido, segundo comunicado. A ideia é que ele sirva como plataforma para testar esses equipamentos em condições reais no espaço, numa órbita baixa.
Testar o quê? A capacidade dos equipamentos para monitorar eventos solares extremos, como ejeções de massa coronal (CMEs, na sigla em inglês). Essas grandes explosões de partículas e radiação podem atingir a Terra com força suficiente para causar prejuízos tecnológicos.
Entre os destaques da missão, estão dois instrumentos: o SCOPE e o HEPI. Confira abaixo o que cada um faz (em tese):
- SCOPE: coronógrafo por meio do qual dá para observar a camada externa do Sol e detectar ejeções de massa coronal com pelo menos 15 horas de antecedência;
- HEPI: projetado para medir partículas solares altamente energéticas que atravessam blindagens e afetam equipamentos no ar e no solo.
No caso do SCOPE, sua relevância tem a ver com a dinâmica atual entre Europa e Estados Unidos. O Velho Continente depende de equipamentos dos americanos para esse tipo de observação. Isso preocupa especialistas. Sob o segundo mandato de Donald Trump, o futuro da infraestrutura científica americana é incerto.
Testes no espaço e próximos passos
Agora, por que testar no espaço? Bem, porque testar esses equipamentos na Terra é difícil. Pelo menos, segundo os pesquisadores envolvidos. Isso vale principalmente para o coronógrafo, que precisa operar com altíssima precisão em relação à luz ambiente.
Colocar esses sensores num satélite compacto e mandá-los para uma órbita sincronizada com o Sol seria ideal tanto para testes quanto para gerar dados úteis de forma contínua. Além disso, a missão serviria como plataforma de demonstração para outras tecnologias espaciais britânicas. Esse é o pitch dos cientistas envolvidos.
Apesar do SCOPE e do HEPI estarem em desenvolvimento, a missão UK-ODESSI ainda está “no mundo das ideias”, diria Platão. Cientistas britânicos buscam apoio e financiamento para tocar o projeto, que poderia ser lançado em até cinco anos.
Para os idealizadores, a missão abriria caminho para a Europa monitorar o clima espacial de maneira independente. Isso pelo custo – e com cronograma – semelhantes aos de pequenos programas da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês). A ver se esse papo vai colar.
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Existe vida em Vênus? Missão pode encontrar a resposta
Nos últimos anos, pesquisas detectaram a presença de dois gases no planeta Vênus que, na Terra, só podem ser produzidos por atividade biológica e processos industriais. Seria um sinal de vida por lá? Os estudos não chegaram a uma resposta definitiva.
No entanto, um trabalho apresentado nesta semana na Reunião Nacional de Astronomia de 2025 buscou vender o peixe de uma missão espacial que poderia finalmente resolver esse mistério.
No evento, a professora Jane Greaves, da Universidade de Cardiff, e sua equipe apresentaram o conceito da missão. O objetivo é pesquisar e mapear fosfina, amônia e outros gases ricos em hidrogênio que não deveriam estar em Vênus.
Como? Por que? Leia esta matéria do Olhar Digital para entender.
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Fonte: Olhar Digital