Reino Unido e União Europeia fecharam nesta segunda-feira um acordo histórico que visa fortalecer a cooperação em segurança e, ao mesmo tempo, eliminar alguns dos obstáculos comerciais introduzidos pelo Brexit.
O pacto foi concebido para ajudar as duas partes a trabalharem de forma mais estreita num momento em que os Estados Unidos sinalizam uma redução no seu compromisso com a segurança europeia.
Ele também reflete a ambição do primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, de “redefinir” as relações com o bloco de 27 países, quase nove anos depois de os britânicos terem votado — por margem estreita — pela saída da União Europeia.
Nick Thomas-Symonds, ministro britânico sênior que participou de perto das negociações, classificou esta segunda-feira como um “dia histórico”, escrevendo nas redes sociais que o governo “conquistou um novo acordo com a UE”.
Ele afirmou que o acordo é bom para o emprego, reduzirá custos e reforçará as fronteiras. Também “recoloca o Reino Unido no cenário mundial, com um governo a serviço da classe trabalhadora”, acrescentou. Contudo, o entendimento com a União Europeia — principal parceira comercial britânica — é politicamente polêmico no país e exigiu meses de negociações difíceis.
Um dos temas mais delicados foi a prorrogação do direito de traineiras europeias pescarem em águas territoriais britânicas, em troca da redução de barreiras à entrada de produtos alimentícios do Reino Unido no vasto mercado único do bloco.
Após discussões que se estenderam até o último minuto, as partes concordaram em permitir o acesso de embarcações europeias às zonas de pesca do Reino Unido até 30 de junho de 2038, segundo um diplomata europeu que falou sob condição de anonimato para antecipar a decisão.
Não se trata da prorrogação indefinida que alguns na Europa desejavam, mas o prazo é muito mais longo do que o inicialmente sugerido pelo lado britânico. A concessão foi rapidamente explorada pelos tabloides de direita pró-Brexit, e um deles chegou a classificá-la como “rendição”.
Dada a condição britânica de uma das duas principais potências militares da Europa, a União Europeia há muito desejava um pacto de segurança com o Reino Unido. Essa ideia, contudo, fora rejeitada pelo governo do ex-primeiro-ministro Boris Johnson, quando ele negociou a saída do país do bloco.
A guerra na Ucrânia e a postura do presidente Trump em relação à segurança europeia alteraram o clima e aumentaram a sensação de urgência pela cooperação. Ao mesmo tempo, o Reino Unido pressiona para que algumas de suas empresas participem de um programa de empréstimos de 150 bilhões de euros destinado a financiar compras conjuntas de defesa.
Fonte: Exame