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Reforma de avião oferecido pelo Qatar a Trump custará milhões de dólares

A família real do Qatar fez uma oferta curiosa a Donald Trump: doar um avião Boeing 747-8, um dos maiores modelos do mundo e avaliado em US$ 400 milhões, para o governo americano, sem custos. Apesar das questões éticas, Trump disse que aceitaria o presente porque ele seria “grátis”. No entanto, as modificações necessárias no avião custarão centenas de milhões de dólares.

“Não é realmente um presente. Você terá basicamente de desmontar o avião todo e reconstruí-lo para atender todos os requisitos de segurança e comunicação do Air Force One”, disse o deputado democrata Joe Courtney ao site Politico.

Entre as mudanças, seria preciso trocar toda a fiação elétrica e os sistemas do avião, para instalar mecanismos seguros de comunicação e mais itens de defesa, como um escudo eletromagnético.

Além disso, seria preciso fazer uma varredura extensa para detectar eventuais softwares ou outros itens de espionagem que poderiam estar escondidos. Isso significaria, na prática, checar parafuso a parafuso para ver se um deles esconde algum dispositivo.

Um funcionário da Casa Branca, ouvido pelo jornal The Washington Post, disse que seria prematuro dizer quanto custaria a reforma e quanto tempo ela levaria. Analistas dizem que a reforma provavelmente não ficaria pronta até o fim do mandato de Trump, em 2029, a menos que os requisitos de segurança fossem muito reduzidos.

Ainda segundo o jornal, o avião a ser doado está em San Antonio, Texas, há cinco semanas. O modelo, com 13 anos de uso, pertencia à família real do Qatar e possui dois banheiros completos, seis lavatórios, um quarto principal e um quarto para convidado, além de várias salas e lounges.

O avião foi levado até Trump em fevereiro, até o aeroporto de Palm Beach na Flórida. Na ocasião, o presidente vistoriou o modelo por cerca de uma hora.

A história do Air Force One

Atualmente, os Estados Unidos possuem dois aviões usados para transporte do presidente, chamados de Air Force One. Os modelos, no entanto, entraram em operação no início dos anos 1990.

O avião presidencial americano funciona, na prática, como uma central de comando nuclear. Se for preciso, o presidente pode acionar, a partir dele, o disparo de mísseis em centrais americanas em solo.

O modelo 747, apelidado de Jumbo, é um dos maiores aviões já feitos pela humanidade. Ele tem 70 metros de comprimento e 64 metros de envergadura. Em sua configuração comercial, pode levar até 660 pessoas por viagem.

O modelo, lançado em 1970, deixou de ser fabricado em 2023, por falta de demanda. O 747 tem quatro motores, que consomem mais combustível. Novos aviões de grande porte são mais econômicos e usam apenas dois motores. Para um avião presidencial, no entanto, mais motores trazem um ganho de segurança: se um deles falhar, os outros três podem manter o voo.

A Casa Branca encomendou dois novos aviões para a Boeing, no primeiro mandato de Trump, por US$ 3,9 bilhões, mas a empresa atrasou a entrega diversas vezes. Eles não deverão ser entregues antes de 2027.

O plano de doação do Qatar foi revelado pela imprensa americana e confirmado pela Casa Branca, que disse que o país do Golfo Pérsico ofereceu “a doação de um avião ao Departamento de Defesa”. Perguntado sobre o caso, Trump elogiou o gesto.

“Eu nunca iria negar esse tipo de oferta. Eu poderia ser uma pessoa estúpida e dizer ‘não, eu não quero um avião muito caro de graça”, afirmou, na segunda-feira.

Trump está no Oriente Médio durante esta semana. A doação, no entanto, não deverá ser anunciada durante a viagem dele ao Qatar, segundo a Casa Branca.

Fonte: Exame

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