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Rappi zera taxa para restaurantes e anuncia R$ 1,4 bilhão de investimento no Brasil

Com o iFood dominando o setor de delivery para restaurantes, o mercado brasileiro parecia ter pouco espaço para concorrentes. Grandes marcas deixaram de operar no país nos últimos anos — e, até aqui, o Rappi seguia com presença tímida. Agora, o aplicativo colombiano promete virar o jogo. A empresa vai zerar as taxas cobradas de restaurantes e investir 1,4 bilhão de reais no Brasil nos próximos três anos.

O anúncio foi feito nesta segunda-feira, 6, em coletiva organizada pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). O foco é o modelo chamado full service, no qual o Rappi assume toda a cadeia logística: intermediação, pagamento e entrega com motoristas próprios. Nesse formato, o restaurante só paga a taxa do cartão — o mesmo que pagaria em uma venda no salão. A previsão é que todos os restaurantes da plataforma operem com taxa zero até 31 de julho.

“Não se trata apenas de isentar uma tarifa, mas de repensar o modelo de forma transparente. Queremos ser protagonistas na construção de um delivery mais eficiente para todos os envolvidos nesse ecossistema”, afirma Felipe Criniti, CEO da Rappi no Brasil.

A isenção das taxas terá validade de três anos. A meta é transformar a vertical de restaurantes em porta de entrada para os demais serviços do aplicativo. Hoje, apenas 20% das transações no Rappi vêm de restaurantes. A expectativa é passar de 30 mil para 100 mil restaurantes ativos na plataforma. “Se o usuário entra pela comida, a gente mostra tudo que mais pode oferecer”, diz.

Outro ponto que a Rappi negocia com os parceiros é o preço final ao consumidor. “Com a taxa zero, pedimos como contrapartida o melhor preço de cardápio. Então, na prática, o Rappi será mais barata que os concorrentes”, afirma Criniti.

Além do benefício aos restaurantes, o Rappi também promete um novo pacote de vantagens para entregadores, ainda a ser detalhado. A empresa diz que o modelo multivertical permite que um mesmo entregador atue em diferentes categorias, maximizando ganhos.

O mercado de delivery e o movimento da Rappi

A nova ofensiva do Rappi ocorre num momento de aquecimento do setor. A 99 relançou sua plataforma 99Food, com taxa zero apenas no modelo marketplace, em que o restaurante precisa contratar um entregador por conta própria. O iFood, que realiza cerca de 120 milhões de pedidos por mês, ainda opera com taxas entre 25% e 35%.

“Tem player voltando, outros chegando. Nós nunca saímos. Fomos os únicos resilientes nos últimos anos”, afirma Criniti.

A Rappi só consegue abrir mão das taxas porque a vertical de restaurantes não é sua principal frente de negócio no Brasil. Ao contrário do iFood, cuja receita depende majoritariamente de pedidos de comida, o Rappi atua como um aplicativo com forte presença em entregas de supermercado, farmácia, petshop, lojas de shopping e no serviço ultrarrápido Turbo.

Hoje, essas verticais representam 80% do faturamento da operação brasileira — e é sobre elas que se sustenta o modelo mais agressivo para os restaurantes.

A medida também se conecta com o movimento do Cade, que em 2023 proibiu contratos de exclusividade com grandes redes — definidas como aquelas com 30 ou mais restaurantes — criando brechas para maior concorrência. O Rappi quer ocupar esse vácuo em 300 cidades (hoje atua em 50 cidades).

Por dentro do plano de expansão

Do total de 1,4 bilhão de reais que serão investidos até 2028, 40% será direcionado à vertical de restaurantes, 22% ao serviço de entregas ultrarrápidas Turbo, e o restante a marketing e operação.

“A gente não está fazendo isso por impulso. Desde novembro do ano passado, estamos costurando essa estratégia com a Abrasel e com os próprios restaurantes”, afirma o executivo.

A estratégia do Rappi é atrair o usuário pela comida — e depois convertê-lo para outras categorias. Segundo Criniti, 32% dos clientes que entram pela vertical de restaurantes fazem compras em outros setores do app. “Nosso diferencial é ser um super app. Os outros vêm com uma vertical só. A gente já é multi”, conclui.

Fonte: Exame

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