SÃO PAULO (Reuters) -A Raízen “está de volta” aos negócios principais, como produção de açúcar, etanol, bioenergia e distribuição de combustíveis, disse o CEO da companhia, Nelson Gomes, ao comentar os resultados da empresa que registrou prejuízo de R$2,5 bilhões no seu quarto trimestre fiscal e viu sua dívida avançar para mais de R$30 bilhões.
O comentário foi feito em momento em que a companhia inicia a moagem da safra 2025/26, em um ciclo no qual a Raízen será afetada pelo clima seco no ano passado e pelas queimadas de 2024, com alguns canaviais não registrando recuperação após o impacto do fogo.
Ao mesmo tempo, será um período marcado pela busca por redução de endividamento, que passa por vendas de ativos, em um cenário econômico turbulento e de alta de juros.

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Raízen (RAIZ4) registra prejuízo de R$ 2,5 bi no 4T de 2024/2025, alta anual de 186%
Receita líquida cresceu 7,5% no trimestre, alcançando R$ 57,7 bilhões
Gomes disse que a empresa, maior processadora de cana do mundo e uma das principais distribuidoras de combustíveis no Brasil, já fez as mudanças desejadas em posições da companhia, incluindo lideranças, e de estratégia e cultura.
Mas a administração da empresa vê as novas medidas apenas como o início de uma jornada para melhorar estrutural de capital.
“O que esperar da Raízen nesta safra? Se eu puder resumir é foco no core business, disciplina de simplificação do nossos negócios, tanto na operação de EAB (etanol, açúcar e bioenergia) quanto de distribuição de combustíveis… redução de despesas, racionalização de todos os nossos investimentos… e por último, e não menos importante, a redução do endividamento”, disse Gomes.
A expectativa da empresa, uma joint venture da Cosan com a Shell, é de processamento de cana entre 72 milhões e 75 milhões de toneladas (já desconsiderando parcela desinvestida) em 2025/26, o que seria uma queda em relação ao volume de 2024/25 (78,2 milhões de toneladas), que já havia caído em relação a 2023/24 (84,2 milhões de toneladas).
A capacidade de moagem da Raízen, contudo, supera 100 milhões de toneladas de cana por ano, após ter assumido os ativos da Biosev há alguns anos.
O executivo afirmou também que a companhia segue com vendas de ativos que não são considerados importantes, visando maior eficiência e redução do endividamento.
Na última segunda-feira, a empresa afirmou que assinou a venda da usina de Leme por R$425 milhões.
“Também nesses últimos meses a gente avançou na reciclagem do portfólio de alguns dos nossos ativos. A gente concretizou já no trimestre passado a hibernação da MB (usina no interior paulista). Agora, esta semana divulgamos a venda de uma usina no interior de São Paulo, a Leme”, disse Gomes.
Ele destacou que a empresa “está seguindo” com a venda dos ativos de energia, citando geração distribuída.
“Tudo isso, toda essa reciclagem do portfólio e venda de ativos que a gente está implementando e vai continuar a implementar tem dois grandes objetivos: o principal e o mais importante, redução do nosso endividamento, mas também buscando a simplificação da gestão dos nossos negócios”.
A Raízen terminou a safra 2024/25 com dívida líquida de R$34,2 bilhões, aumento de 78,9% na comparação anual, decorrente do menor resultado operacional, do “elevado” volume de investimentos em crescimento e da redução em R$6,6 bilhões do saldo de operações de convênio com fornecedores e adiantamento de clientes, segundo relatório divulgado na véspera.
Isso elevou a alavancagem medida pela dívida líquida/Ebtida ajustado para 3,2x, ante 1,3x no ano anterior.
DESAFIOS
Executivos participantes da teleconferência afirmaram que as medidas são apenas o “ponto de partida” de uma jornada para melhorar a estrutura de capital.
Eles também evitaram falar sobre um prazo para a conclusão dos desinvestimentos, mas disseram que há processos em andamento.
“Esse programa de desinvestimento ajuda na redução de um montante de dívida da companhia. Agora, de novo, é uma jornada gradual. Nesse primeiro ano, excluindo o efeito de venda de ativos, não é um ano em que a gente tem um efeito de desalavancagem, porque a gente tem aqui ainda um consumo de caixa”, afirmou o diretor financeiro e de Relações com Investidores, Rafael Bergman.
“É um ano ainda, do ponto de vista de alavancagem, desafiador. E por isso a gente está aqui ganhando tração do processo de desinvestimento.”
O CEO destacou que a Raízen está redefinindo a área de trading, focando nas operações de melhor valor, com redução de posições em mercados de maior risco como açúcar branco.
Na área de distribuição de combustíveis, o CEO avaliou que há uma série de desafios, mas as margens “estão saudáveis e, ainda assim, nós temos muita oportunidade”.
Ele espera crescer as vendas de combustíveis com as ações do setor para o combate à informalidade, além de medidas junto à revenda de postos Shell.
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Fonte: InfoMoney