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Radiação de supernovas pode ter afetado o clima da Terra

Uma nova pesquisa sugere que explosões de estrelas massivas (as chamadas supernovas) podem ter provocado mudanças no clima da Terra ao longo da história. Esses eventos cósmicos extremos liberam grande quantidade de energia e partículas que podem interagir com a atmosfera do planeta, mesmo quando ocorrem a centenas de anos-luz de distância.

Publicado na edição de junho da revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, o estudo foi conduzido por Robert Brakenridge, pesquisador sênior do Instituto de Pesquisa Ártica e Alpina, que faz parte da Universidade do Colorado em Boulder, EUA. Ele buscou entender como a radiação de supernovas pode ter causado alterações ambientais no passado. A ideia é que, ao estudar o que já aconteceu, a humanidade possa se preparar melhor para o futuro.

Radiação de supernovas pode ter afetado o clima da Terra
Representação artística elaborada com Inteligência Artificial de uma supernova próxima à Terra. Crédito: Flavia Correia via DALL-E/Olhar Digital

Supernovas podem ter provocado mudanças climáticas repentinas no planeta

Supernovas acontecem quando estrelas gigantes, muito maiores que o Sol, chegam ao fim da vida. Sem combustível, elas colapsam sob a própria gravidade, formando buracos negros ou estrelas de nêutrons. Nesse processo, lançam uma explosão violenta de radiação que pode atravessar grandes regiões do espaço.

Segundo o estudo de Brakenridge, se uma supernova ocorresse a cerca de 30 anos-luz da Terra, poderia destruir nossa atmosfera e acabar com toda a vida no planeta. Já a centenas de anos-luz, o impacto não seria letal, mas ainda assim perigoso. A radiação pode danificar a camada de ozônio, responsável por proteger a Terra da radiação ultravioleta do Sol.

14 de junho de 2025 - 05:23
Imagem de Cassiopeia A, o remanescente de uma estrela massiva que explodiu há cerca de 300 anos. Créditos: Raio-X: NASA/CXC/SAO; Óptica: NASA/ESA/STScI; RI: NASA/ESA/CSA/STScI/Milisavljevic et al., NASA/JPL/CalTech

Brakenridge explica em um comunicado que há registros de mudanças climáticas abruptas na história da Terra. O cientista acredita que algumas dessas mudanças podem ter sido causadas pela radiação de supernovas. Para investigar, ele decidiu cruzar dados espaciais com registros geológicos da Terra.

Diferentemente de estudos anteriores, que focavam na teoria, Brakenridge aplicou esses conceitos a evidências concretas. Ele usou dados de telescópios espaciais para entender melhor como a radiação interage com a atmosfera e desenvolveu um novo modelo de impacto climático causado por supernovas.

O modelo mostra que os fótons (partículas de luz) liberados pela explosão estelar destruiriam parte da camada de ozônio. Isso faria com que mais radiação solar atingisse a Terra, o que também afetaria o metano da estratosfera. Como o metano é um gás importante no efeito estufa, sua redução causaria resfriamento global.

Segundo Brakenridge, o resultado seria uma combinação perigosa: aumento da radiação ultravioleta, extinção de espécies, mais incêndios florestais e mudanças no clima global. Como não é possível testar esse cenário no presente, o cientista buscou evidências no passado.

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Anéis de árvores contêm pistas

Ele analisou anéis de árvores, que registram alterações no carbono atmosférico. As árvores absorvem carbono durante o crescimento, e picos de carbono radioativo podem indicar radiação de supernova. Em cerca de 15 mil anos de registros, foram encontrados 11 desses picos.

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Toco de árvore com anéis que podem revelar um bombardeio histórico por radiação de supernova. Crédito: Dmitr1ch – Shutterstock

Esses dados podem indicar 11 supernovas que impactaram a Terra, mas ainda é cedo para afirmar com certeza. Um desafio é diferenciar esses sinais dos efeitos causados por erupções solares. Por isso, outros registros, como núcleos de gelo e sedimentos oceânicos, devem ser analisados para confirmar a hipótese.

De acordo com o pesquisador, entender melhor essa relação pode ser essencial para nos prepararmos para o futuro. Um exemplo é a estrela Betelgeuse, a cerca de 700 anos-luz de distância, que pode se tornar supernova nos próximos 100 mil anos.

“Conforme aprendemos mais sobre as estrelas próximas, nossa capacidade de previsão aumenta”, afirma Brakenridge, reforçando que mais estudos são necessários para entender o quanto a Terra está vulnerável a essas explosões estelares.

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Fonte: Olhar Digital

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