O chefe interino da Coordenação de Sanções do Departamento de Estado dos Estados Unidos, David Gamble, desembarcou no Brasil nesta segunda-feira (5) para cumprir uma agenda oficial voltada à cooperação em segurança e combate ao crime organizado, conforme informou a embaixada norte-americana. A visita, no entanto, ganhou contornos políticos no Brasil.
Segundo o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a presença de Gamble no país tem outro objetivo: articular sanções contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e ouvir congressistas de direita sobre supostos abusos do Judiciário. O parlamentar afirmou ainda que o diplomata pode se encontrar com o próprio ex-presidente Bolsonaro.
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“Ainda não foi nomeado um novo embaixador dos Estados Unidos no Brasil. O corpo diplomático que divulgou a agenda oficial ainda é ligado ao governo Biden. Então, essa versão [da embaixada] não tem valor algum”, disse Eduardo, em entrevista ao canal 4 por 4, na noite de domingo (4).
A agenda de Gamble é coordenada por Filipe Barros (PL-PR), presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, aliado próximo de Eduardo Bolsonaro. Além das reuniões técnicas com o Itamaraty e o Ministério da Justiça, Gamble deverá se reunir com parlamentares da oposição que criticam a atuação do STF, especialmente nas investigações sobre os atos golpistas de 8 de Janeiro.
Quem é David Gamble
Oficial da reserva do Exército dos EUA, Gamble é um diplomata de carreira no alto escalão do Serviço Exterior norte-americano. Possui experiência em sanções internacionais, segurança global e política externa, com passagens por Rússia, Afeganistão, Cazaquistão, Polônia e Filipinas, onde já atuou como vice-chefe de missão.
Graduado com distinção pela Escola Eisenhower da Universidade de Defesa Nacional dos EUA, ele também comandou o Escritório de Redução de Ameaças com Armas Convencionais e foi diretor de assuntos relacionados à Rússia e Ásia Central no Conselho de Segurança Nacional dos EUA.
A passagem de Gamble pelo Brasil ocorre em meio a uma escalada de tensões entre setores da direita e o STF, especialmente após a cassação dos direitos políticos de Bolsonaro e os inquéritos em curso sobre tentativa de golpe. Mesmo com foco oficial em segurança internacional, a visita é vista como oportunidade para articulações políticas envolvendo a nova gestão Trump.
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Fonte: InfoMoney
