Home / Tecnologia / Que confusão! Por que um imperador fez um ano durar 445 dias?

Que confusão! Por que um imperador fez um ano durar 445 dias?

Que confusão! Por que um imperador fez um ano durar 445 dias?

A forma com que construímos o calendário já causou muita confusão ao longo da história. Durante séculos foi muito difícil contabilizar a passagem do tempo e associá-la com algo que faça sentido.

Além disso, vários outros fatores influenciam na definição do calendário, a região, a cultura e religião de um local são alguns deles. Por esse motivo vemos tantas diferenças neles, como a discrepância entre o islâmico, que está em 1446, e o chinês, que está em 4721.

Quando paramos para pensar nisso surge uma dúvida: como os calendários são definidos? Para responder essa pergunta podemos olhar para o nosso, o gregoriano.

Como surgiu o calendário

Desde que os humanos deixaram de ser nômades, controlar a passagem de tempo se tornou algo essencial. Somente desta forma foi possível desenvolver as primeiras técnicas de agricultura, primordiais para a sobrevivência da espécie.

Foi necessário saber em qual período era melhor plantar, quando iria chover ou esfriar, quando faria sol, etc. Para conseguir se estabelecer e identificar esses padrões de clima e as mudanças no ambiente que os cercavam, os primeiros agricultores tiveram que olhar para o céu.

Vista do céu com a lua
Vista do céu com a lua / Crédito: Nazarii_Neshcherenskyi (shutterstock/reprodução)

Identificando a posição do Sol e da Lua acima deles foi possível ter uma noção de passagem de tempo. Dessa forma, eles sabiam qual seria o melhor momento para o plantio.

Com o passar dos séculos, a necessidade de ser preciso com o tempo cresceu. As primeiras grandes civilizações começaram a se orientar pelo e Sol e pelas sombras que ele gerava, para ter uma noção de que momento do dia eles estavam. Surgiram assim os primeiros relógios solares.

O relógio solar foi base para o que temos hoje de sistema de contagem de tempo. Foi com os egípcios que o conceito de um ano com 365 dias surgiu. Eles começaram a entender como funcionava o processo de translação do Sol a partir da relação entre o surgimento da estrela Sirius no céu noturno e as cheias do rio Nilo.

E por que exatamente 365 dias?

Isso acontece porque é o tempo que leva para a Terra completar uma volta ao redor do Sol e voltar para o ponto imaginário que nos definimos como início do ano.

Pode parecer arbitrário, mas é assim que contamos o tempo desde sempre. Mais fácil falar que a colheita estará pronta dia 5 de julho as 14:00, do que “quando a sombra das montanhas repousar sobre o leito do rio”.

Imagem: Lamyai – Shutterstock

Porém, imposições no calendário já renderam muitos problemas ao longo da história. O calendário lunar romano de 10 meses e 304 dias, utilizado antes da reforma de Júlio César, rapidamente se tornou desatualizado em relação ao movimento da Terra ao redor do Sol. Em 200 a.C., o desajuste era tão grande que um eclipse quase total, que ocorreu em 14 de março, foi registrado como se tivesse ocorrido em 11 de julho, segundo informações do IFLScience.

Para tentar resolver a bagunça, foi introduzido um novo mês chamado Mercedônios, que precisava ser adicionado a cada poucos anos para compensar o desajuste. Apesar de resolver aparentemente o problema, o novo mês poderia ser utilizado para fins políticos, como estender o tempo de alguém em um cargo.

A solução de Júlio César

Júlio César tentou corrigir o desajuste do calendário romano com a introdução do calendário juliano em 45 a.C. Ele ajustou os meses curtos, exceto fevereiro, para que o ano tivesse 365 dias, ficando de acordo com o ciclo solar desenvolvido pelos egípcios. Isso aboliu Mercedônios, que era usado para corrigir o desvio anterior.

Antes de implementar o novo sistema, ainda havia um problema com o alinhamento das estações. Para resolver isso, César inseriu meses extras em 46 a.C., ajustando o calendário para que as estações coincidissem corretamente com o novo ciclo. A inserção de meses corrigiu o erro.

Leia mais:

Como resultado dessa reorganização, o ano de 46 a.C. se tornou o mais longo da história registrada, com 445 dias ou incríveis 15 meses, já que aquele ano especificamente teve o mês intercalar e mais dois meses entre novembro e dezembro. Historicamente, esse ano é conhecido como “ano da confusão”, devido à complexidade das mudanças feitas para alinhar o calendário com as estações.

O post Que confusão! Por que um imperador fez um ano durar 445 dias? apareceu primeiro em Olhar Digital.

Ir para o conteúdo original: https://olhardigital.com.br/2025/04/27/ciencia-e-espaco/que-confusao-por-que-um-imperador-fez-um-ano-durar-445-dias/

Marcado:

Deixe um Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *