A farmacêutica brasileira EMS anunciou que vai lançar, em agosto, a primeira versão produzida nacionalmente das novas “canetas emagrecedoras”, medicamentos aprovados para o tratamento da obesidade por levarem à perda de peso. O remédio, chamado de Olire, tem como princípio ativo a liraglutida e é um similar do Saxenda, medicamento desenvolvido pela dinamarquesa Novo Nordisk já disponível no país.

O Olire foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em dezembro do ano passado. No entanto, a EMS não poderia comercializar o produto até que a patente da liraglutida expirasse, o que aconteceu em março deste ano. A partir de agora, o similar pode chegar às farmácias, assim como outros laboratórios podem criar versões similares ou de genéricos da substância.
Nos estudos clínicos conduzidos pela Novo Nordisk, que desenvolveu a molécula, a liraglutida na maior dosagem levou a uma perda de peso de em média 8% após um tratamento de 56 semanas, segundo o teste SCALE, publicado na revista científica New England Journal of Medicine. Ao todo, 63,2 % dos participantes perderam 5% ou mais do peso; 33,1 % perderam 10% ou mais e 14,4 % tiveram uma redução de 15% ou mais do número da balança.
No Brasil, a liraglutida é aprovada para tratamento do diabetes tipo 2 e da obesidade a partir dos 12 anos. No caso do peso, é indicada para pessoas com índice de massa corporal (IMC) de 30 kg/m² ou mais ou entre 27 e 30 kg/m² (sobrepeso), mas com problemas de saúde relacionados ao peso, como pressão alta ou pré-diabetes. O tratamento para a perda de peso envolve injeções diárias na dosagem de 3 mg.
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O preço máximo da caixa do Olire com a quantidade suficiente para um mês de tratamento, determinado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), é de R$ 1.314,65, considerando a alíquota média de 18% de ICMS, que varia a depender do estado.
O valor é semelhante ao determinado para o Saxenda. Isso porque, enquanto para os genéricos a legislação brasileira obriga uma redução de pelo menos 35% do preço, não há uma regra no caso dos similares. A diferença é que o genérico precisa ser vendido com o nome do princípio ativo, que neste caso seria a liraglutida, e o similar as farmacêuticas adotam novos nomes comerciais, caso do Olire.
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Na prática, a EMS diz, em nota, que vai comercializar o Olire com preço de tabela entre 10% a 20% abaixo da marca de referência, ou seja, do Saxenda, “garantindo maior disponibilidade para os milhões de pacientes que necessitam dessas terapias”.
Além do Olire, a farmacêutica também vai lançar no mercado brasileiro o Lirux, que é à base de liraglutida, mas na dosagem indicada para o tratamento do diabetes tipo 2. O Lirux é um similar do Victoza, a versão da liraglutida da Novo Nordisk desenvolvida para pacientes diabéticos.
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A farmacêutica brasileira espera produzir 200 mil canetas de ambos os medicamentos ainda neste ano e, em 12 meses, disponibilizar mais de 500 mil unidades no Brasil. As unidades são produzidas em uma nova fábrica da EMS inaugurada no ano passado com capacidade para produzir dezenas de milhões de canetas injetáveis por ano.
Para o ano que vem, o objetivo do laboratório é lançar também um similar da semalgutida, princípio ativo do Ozempic e do Wegovy. A molécula é uma nova geração da liraglutida e leva a uma perda de peso maior, que chega a 17,4% após 68 semanas, segundo os estudos clínicos. Além disso, é uma injeção semanal, e não diária, o que facilita a adesão ao tratamento.
A patente da semaglutida expira em março de 2026 no Brasil, embora a Novo Nordisk busque ampliar o prazo. Caso a previsão se mantenha, já no ano que vem poderão haver versões similares e genéricas do medicamento nas farmácias do país.
As substâncias fazem parte da nova classe de medicamentos chamada análogos de GLP-1, que simulam um hormônio de mesmo nome no corpo. Há receptores dele em diferentes locais: no pâncreas, por exemplo, essa interação aumenta a produção de insulina, motivo pelo qual os remédios são usados para diabetes.
Já no estômago, o GLP-1 reduz a velocidade da digestão da comida e, no cérebro, ativa a sensação de saciedade. Com isso, a pessoa sente menos fome e, consequentemente, reduz as calorias ingeridas por dia e perde peso. Outro famoso análogo do GLP-1 é o Mounjaro, cujo princípio ativo é a tirzepatida, da Eli Lilly.
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Fonte: InfoMoney