A despedida do Papa Francisco (1936-2025) reacendeu o interesse por uma de suas paixões menos comentadas: a literatura.
Francisco via a leitura como essencial para a formação humana e espiritual, incorporando livros em seus discursos e reflexões ao longo do pontificado.
O papa chegou a lecionar literatura e psicologia no Colégio da Imaculada de Santa Fé, na Argentina.
“Encontrar um bom livro pode ser como um oásis que nos afasta de outras atividades que não nos fazem bem”, escreveu em 2024 em carta aberta aos jovens padres. Segundo ele, a leitura “abre novos espaços de internalização e impede o fechamento em ideias obsessivas”.
Entre suas obras preferidas estão títulos que abordam temas como memória, sociedade e espiritualidade, evidenciando sua formação cultural ampla e multifacetada.
Quais eram os cinco livros favoritos do Papa Francisco
–“A Ideia de uma Sociedade Cristã”, de T.S. Eliot
Derivado de uma conferência de 1939, o livro discute o papel da fé cristã na formação da sociedade e da política. Para Eliot, a cultura deveria moldar uma sociedade cristã capaz de transcender a esfera religiosa e influenciar o bem coletivo.
“Para o lado de Swann – Em busca do Tempo Perdido”, vol. 1, de Marcel Proust
Publicado em 1913, este volume inicia a série de sete livros sobre memória, amor e existência. O episódio das madalenas, em que o narrador revive memórias ao provar um bolinho, simboliza o impacto das lembranças involuntárias.
“O Tempo Reencontrado – Em busca do Tempo Perdido”, vol. 7, de Marcel Proust
Concluindo a saga em 1927, a obra reflete sobre a sociedade parisiense durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e afirma que a memória é capaz de recriar o passado.
“Borges Oral & Sete Noites”, de Jorge Luis Borges
Compilados nos últimos anos de vida do autor, já cego, os textos discutem temas como tempo, poesia e imortalidade, com referências que vão de Sócrates a contemporâneos argentinos como Macedonio Fernández.
“Um Experimento em Crítica Literária”, de C.S. Lewis
Obra de 1961 em que o autor de “As Crônicas de Nárnia” propõe uma nova abordagem sobre a crítica literária, defendendo que o verdadeiro valor de uma obra deve ser percebido pela experiência direta do leitor.
A escolha desses livros destaca como papa Francisco incorporava em sua visão pastoral e teológica uma profunda influência da literatura ocidental clássica. Essa base moldou sua capacidade de diálogo e reflexão sobre temas contemporâneos, ainda que sua liderança tenha enfrentado desafios no campo eclesiástico.
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