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PSG e Inter de Milão: lições de como transformar paixão em receita com licenciamento

PSG e Inter de Milão: lições de como transformar paixão em receita com licenciamento

No futebol moderno, a vitória não acontece apenas dentro de campo. Fora das quatro linhas, clubes europeus são referência em transformar torcedores em consumidores fiéis – inclusive no Brasil. A final da Liga dos Campeões da UEFA de 2025, marcada para este sábado (31), às 16h (de Brasília), na Allianz Arena, em Munique, coloca frente a frente Paris Saint-Germain e Internazionale, duas potências que, além do protagonismo esportivo, são referências globais em captação de receitas por meio do licenciamento e de projetos estruturados no exterior.

Essas estratégias não apenas ampliam o alcance das marcas como também geram lucro substancial a partir do engajamento com mercados distantes, como o brasileiro, onde a paixão pelo futebol é um ativo comercial de valor incalculável.

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Entrar em uma papelaria brasileira e encontrar cadernos, mochilas ou estojos com o escudo do PSG ou da Inter já se tornou algo comum. Essa visibilidade é resultado de uma estratégia bem pensada. Nos últimos cinco anos, o Paris Saint-Germain investiu fortemente em licenciamento no Brasil.

A presença anterior no time de estrelas como Neymar, Messi e Mbappé contribuiu para o sucesso comercial da equipe, mas o processo é profissional. O clube conta com empresas especializadas para intermediar negócios, desenvolver produtos oficiais e distribuí-los em território nacional.

A gama de itens licenciados é vasta: brinquedos, vestuário, coleções de malas, bolas, entre outros. Tudo isso contribui para a consolidação da marca francesa entre os brasileiros – principalmente entre o público infantil e juvenil.

Segundo Alexandre Vasconcellos, gerente regional da Flashscore no Brasil, os europeus conseguem ter uma presença mais sólida do que muitos times brasileiros por aqui.

“Gigantes como Inter e PSG já têm presença sólida aqui há mais de uma década, e não à toa. Existe uma ligação histórica com o Brasil, seja pelos atletas que passaram por lá ou pelo consumo de seus conteúdos digitais. Hoje, os meninos que jogavam com esses clubes nos videogames em 2000 são adultos com filhos matriculados nas escolinhas desses times”.

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Escolas de futebol como ponto de contato com a torcida

A expansão das academias de futebol desses clubes em solo brasileiro é outro elo entre torcedor e marca. A PSG Academy, por exemplo, conta com unidades em diversas capitais brasileiras, como Manaus, Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro. Voltadas para crianças e adolescentes de 7 a 15 anos, essas escolas oferecem muito mais que treinos: organizam campeonatos, promovem eventos com os pais e até viagens internacionais.

Já a Inter Academy adota um modelo de médio e longo prazo. Seu programa de ensino é voltado a jovens de 3 a 19 anos e busca respeitar as fases de desenvolvimento físico e motor de cada faixa etária. A mais nova unidade foi aberta em São Paulo, ao lado da escolinha do Palmeiras, no tradicional bairro da Pompéia.

Essas iniciativas funcionam como vitrines vivas da marca. Ao matricular seus filhos, as famílias se envolvem com o clube, acompanham jogos e passam a torcer por equipes que, embora estejam a milhares de quilômetros, fazem parte da rotina.

O Brasil como mercado estratégico

Não é por acaso que o Brasil ocupa posição de destaque nessas estratégias. A combinação entre amor pelo futebol, grande população e deficiências no modelo de gestão esportiva local cria terreno fértil para marcas estrangeiras.

“O mercado brasileiro vem sendo explorado há anos por clubes estrangeiros. A paixão do torcedor, o potencial de consumo e o semi profissionalismo dos clubes daqui são oportunidades claras”, analisa Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports e especialista em marketing esportivo.

Ver brasileiros vestindo camisas do Real Madrid, Barcelona, Manchester City, PSG ou Inter nas ruas deixou de ser exceção e passou a ser rotina. Para os clubes europeus, isso representa uma conversão valiosa: torcedores distantes que não apenas consomem conteúdo digital, mas investem em produtos, educação esportiva para os filhos e viagens internacionais.

O que os clubes brasileiros podem aprender?

Diante desse cenário, a pergunta que fica é: por que os clubes brasileiros ainda não conseguiram desenvolver modelos semelhantes com a mesma eficiência? A resposta passa por fatores como falta de profissionalização, ausência de políticas estruturadas de licenciamento e pouca visão de internacionalização de marca.

“O papel das ligas e federações também é crucial para organizar como esses direitos são explorados”, aponta Vasconcellos.

Enquanto isso, PSG e Internazionale mostram que futebol é, sim, um negócio global – e que com estratégia, presença local e produtos de qualidade, é possível transformar paixão em receita. O Brasil, mais do que nunca, está na mira desses gigantes. E o torcedor, seja na arquibancada ou na escolinha, é peça-chave nesse jogo.

Champions faz agências lucrarem

Mais do que formar torcedores e vender produtos, os clubes europeus e suas parceiras especializadas estão criando experiências exclusivas. Um exemplo disso é a Absolut Sport, agência internacional que atua com hospitalidade e logística esportiva. Para a final da Champions em Munique, a empresa comercializou pacotes para clientes de 22 países, movimentando 608 passageiros e 229 ingressos.

Além dos torcedores comuns, grandes patrocinadores da UEFA como Qatar Airways, Adidas, JD.com e Mastercard adquiriram pacotes corporativos com experiências premium. Foram reservados 888 quartos em 16 hotéis de alto padrão, com serviços que incluíram transporte exclusivo, almoços e jantares personalizados. Para a Qatar Airways, por exemplo, foram reservados 50 quartos em três diferentes estabelecimentos.

“O evento é um marco no calendário esportivo global. Estamos orgulhosos de ter sido escolhidos para atender empresas renomadas e torcedores de todo o mundo. Os números ainda devem crescer com a confirmação dos finalistas”, afirma Joaquim Lo Prete, country manager da Absolut Sport no Brasil.

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Fonte: InfoMoney

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