Ao menos 16 pessoas morreram durante os protestos contra o governo no Quênia nesta quarta-feira (25), sendo que a maioria foi morta pela polícia, disse o chefe da Anistia Quênia.
Milhares de quenianos foram às ruas para marcar um ano das manifestações de 2024, nas quais mais de 60 pessoas morreram. O protesto do ano passado contra um projeto de lei fiscal culminou na invasão do Parlamento queniano.
Nesta quarta, a polícia disparou gás lacrimogêneo e jatos de água para dispersar os manifestantes na capital Nairóbi, de acordo com a mídia local e uma testemunha da Reuters.
Alguns manifestantes entraram em confronto com a polícia, disse à Reuters o diretor-executivo da Anistia Quênia, Irungu Houghton, que também confirmou a quantidade de mortes.
Ele pontuou que os números foram verificados pelo órgão global de vigilância dos direitos humanos e pela Comissão Nacional de Direitos Humanos do Quênia (KNCHR, na sigla em inglês), que é financiada pelo governo.
“A maioria [das vítimas] foi morta pela polícia”, alegou Houghton, acrescentando que pelo menos cinco pessoas foram mortas a tiros.
Anteriormente, a comissão nacional havia dito que ao menos 400 pessoas ficaram feridas, incluindo manifestantes, policiais e jornalistas.
Além disso, a KNCHR afirmou que havia forte presença da polícia e “alegações de uso excessivo da força, incluindo balas de borracha, munição real e canhões de água, resultando em vários ferimentos”.
Um funcionário do Kenyatta National Hospital disse que a instituição havia recebido dezenas de feridos.
“Cento e sete foram admitidos, a maioria com ferimentos de bala”, pontuou a fonte, referindo-se a balas de borracha e balas reais. Ele acrescentou que nenhuma morte foi registrada no hospital.
O porta-voz da polícia queniana, Muchiri Nyaga, não respondeu imediatamente aos pedidos de comentários sobre as declarações da Anistia Quênia ou da KNCHR.
O fornecedor nacional de eletricidade Kenya Power comentou que um dos seguranças foi morto a tiros durante os protestos, enquanto patrulhava a sede em Nairóbi.
Grandes multidões foram vistas mais cedo indo em direção à residência oficial do presidente, em cenas transmitidas pelo canal queniano NTV antes que ele e outra emissora, a KTN, fossem retirados do ar após desafiarem uma ordem para interromper as transmissões ao vivo das manifestações.
Os dois canais retomaram as transmissões nesta quarta-feira (25), depois que um tribunal de Nairóbi suspendeu a ordem emitida pela Autoridade de Comunicações do Quênia.
Raiva contra a polícia
Confrontos isolados foram registrados na cidade portuária de Mombasa, segundo a NTV, com protestos também nas cidades de Kitengela, Kisii, Matuu e Nyeri.
Embora os protestos do ano passado tenham se dissipado depois que o presidente William Ruto retirou a proposta de aumento de impostos, a indignação pública permaneceu em relação ao uso excessivo da força pelas agências de segurança, com novas manifestações neste mês devido à morte de um blogueiro sob custódia policial.
Seis pessoas, incluindo três policiais, foram acusadas de assassinato na terça-feira por causa da morte do blogueiro e professor Albert Ojwang, de 31 anos. Todos se declararam inocentes.
As cenas sem precedentes de 25 de junho de 2024, que mostraram a polícia atirando contra os manifestantes quando eles romperam as barreiras para entrar no Parlamento, criaram a maior crise da Presidência de Ruto e provocaram alarme entre os aliados internacionais do Quênia.
Fonte: CNN Brasil