
Cereal, sorvete, água com gás saborizada, barras de Snickers, donuts, brownies e até doces.
O que parece ser a mesa de guloseimas de uma festa infantil é, na verdade, uma lista de lanches que agora estão recheados de proteína.
Na próxima semana, Khloé Kardashian, estrela de reality shows e empresária, adicionará sua “Khloud Protein Popcorn” à lista. A pipoca será lançada em três sabores diferentes: cheddar branco, azeite de oliva com sal marinho e doce e salgada. Cada porção conterá 7 gramas de proteína, derivada do “Khloud Dust” — uma mistura de proteínas do leite e temperos, segundo um comunicado da empresa de Kardashian, a Khloud Foods.
“Eu sempre fui uma pessoa que adora snacks e estou constantemente em busca de opções que sejam convenientes, saudáveis e que realmente tenham um bom sabor”, disse Kardashian em um comunicado enviado por e-mail. Com a Khloud, ela acrescentou, queria criar um lanche que atendesse a esses critérios e fosse “algo que eu me sentiria bem em compartilhar com minha família e amigos.”
O lançamento da Khloud Popcorn, anunciado por Kardashian nas redes sociais esta semana, está alinhado com uma tendência alimentar mais ampla. Especialistas chamam isso de “proteinificação” de lanches, sobremesas ou, basicamente, “de tudo”, disse Jonathan Deutsch, professor de artes culinárias e ciência na Universidade Drexel e observador de tendências da Specialty Food Association, uma organização nacional de negócios de alimentos e bebidas. As marcas esperam lucrar com a crescente demanda dos consumidores por proteína, impulsionada principalmente pelas redes sociais.
Um relatório de tendências da Cargill, empresa que fornece e processa ingredientes para fabricantes de alimentos, mostrou que 61% dos consumidores pesquisados disseram que esperavam aumentar sua ingestão de proteínas em 2024, um aumento em relação aos 48% que disseram o mesmo em 2019. Além disso, 63% dos consumidores relataram que estavam procurando proteína em seus lanches em 2024.
A tendência também está relacionada ao aumento do uso de medicamentos para perda de peso baseados em GLP-1, como Ozempic e Mounjaro, explicou Lisa Young, consultora de nutrição e professora adjunta de nutrição na Universidade de Nova York. Usuários desses medicamentos relatam não apenas perda de apetite, mas também perda de massa muscular, o que os leva a tentar consumir o máximo de proteína possível nas pequenas quantidades de alimentos que ingerem.
No entanto, Young destacou que mesmo pessoas que usam medicamentos GLP-1 precisam apenas de uma fração a mais de proteína do que a quantidade recomendada para um adulto, que é de 0,8 gramas de proteína por quilograma de peso corporal por dia. Para quem usa esses medicamentos ou realiza treinos intensos, como musculação, o ideal é consumir entre 1,2 e 1,5 gramas de proteína por quilograma de peso corporal.
Ela também alertou que lanches enriquecidos com proteína podem se enquadrar na categoria de alimentos ultraprocessados, cujo consumo pode agravar problemas intestinais.
Do ponto de vista de marketing, Deutsch explicou que existem apenas três macronutrientes que a indústria alimentícia pode tentar destacar em suas novas linhas de produtos: gordura, carboidratos e proteína.
“Eles não vão lançar uma ‘pipoca com gordura’ e nem uma ‘pipoca com carboidratos extras’”, disse ele. “Isso deixa apenas um macronutriente, certo?”
Segundo Deutsch, uma maçã ou pipoca “como Deus fez”, ou até mesmo um copo de água, poderiam ser vistos como os lanches ideais para a maioria das pessoas, já que “quando você anda por aí na sociedade civil, não tropeça em pessoas com deficiência de proteína.”
c.2025 The New York Times Company
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