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Produção do iPhone na Índia se torna encruzilhada e risco para margem da Apple

Produção do iPhone na Índia se torna encruzilhada e risco para margem da Apple

O acirramento da pressão de Donald Trump sobre a Apple (AAPL34) coloca a empresa em uma encruzilhada. Enquanto o mercado observa a sua capacidade de manter os atuais patamares da sua margem de lucro, a companhia pode ter que lidar com um aumento de custos e uma incógnita sobre a demanda pelo iPhone 17.

Pouco mais de um mês após sua posse como presidente dos EUA, Donald Trump disse em um discurso na Casa Branca que o CEO da Apple, Tim Cook, havia lhe prometido investir “milhões, bilhões de dólares” no país. Na manhã desta sexta-feira (23), o mandatário cobrou a suposta promessa: a empresa vai encarar um imposto de 25% para vender iPhones no país caso não os fabrique localmente, prometeu Trump em uma publicação em sua rede social, a Truth Social.

“Há muito tempo informei Tim Cook da Apple que esperava que seus iPhones vendidos nos Estados Unidos da América sejam manufaturados e montados nos Estados Unidos da América, não Índia, ou qualquer outro lugar”, afirmou o presidente americano.

Levar a produção do iPhone, principal produto da empresa mais valiosa do mundo, para os Estados Unidos representaria uma vitória da política comercial propagandeada por Trump — aumentar os impostos de importação contra países ao redor do mundo para atrair suas fábricas de volta aos EUA.

Mas Cook quer mesmo é produzir na Índia.

Diversificação da produção

Desde a primeira gestão do presidente americano, em 2018, a Apple tem aumentado sua capacidade industrial na Índia para escapar das tarifas contra a China, onde são produzidos 80% dos iPhones embarcados no mundo, segundo um estudo da Evercore ISI publicado em maio.

Em 2013, o Ministro do Comércio indiano, Piyush Goyal, disse que a Apple esperava produzir 25% dos seus iPhones no país. A Evercore ISI calcula que 10% a 15% dos aparelhos já vêm de lá.

“Dois anos atrás, um ano e meio atrás, a Apple conseguiu atingir na Índia paridade de preço com a China, mas eles ainda não tem capacidade suficiente para servir o mercado inteiro americano”, explica o sócio e especialista em ações de tecnologia da gestora WHG, Guilherme Novello.

É um cenário prestes a mudar. Em uma videoconferência de resultados no início de maio, o CEO Tim Cook afirmou a investidores esperar que para o trimestre terminado em junho “a maioria dos iPhones vendidos nos Estados Unidos terão a Índia como seu país de origem”.

Para Novello, ainda que Trump de fato impusesse um imposto de 25% sobre os iPhones fabricados fora dos Estados Unidos, o custo de mão de obra americano não compensaria uma mudança das plantas — para não falar do deslocamento completo das cadeias de suprimentos. (Vale lembrar, o presidente americano definiu uma tarifa única de 20% à Índia em seu tarifaço, agora em 10% temporariamente).

Ele argumenta, no entanto, que a conta não é tão óbvia: simplesmente aceitar a tarifa poderia levar Trump a aumentar a pressão para atrair a empresa. “Todo mundo sabe que o Trump usa isso como forma de negociação.”

Repassar ou absorver custos?

De uma forma ou de outra, a Apple teria poucas saídas: repassar os custos de produção nos Estados Unidos para os clientes; repassar o custo das tarifas de importação para seus clientes; absorver parte de qualquer um desses custos, seja qual for a origem.

Repassar os custos não é tão simples. Um novo iPhone deveria ter funcionalidades e design inovadores o suficiente para estimular que a demanda por eles aumento, mesmo com um preço de lançamento ainda superior aos anteriores.

Analistas de Wall Street estimam que mover a produção do iPhone para os Estados Unidos aumentaria o preço dos smartphones em ao menos 25%, diz uma reportagem da CNBC.

“Como o smartphone já é um mercado muito saturado, a Apple ganha dinheiro com encurtamento de ciclo de reposição e aumento de preço. Oferecer mais serviços, penetração de serviços na base, etc”, diz Novello. A tendência desse ciclo de reposição, no entanto, tem aumentado, o que poderia aumentar o ciclo de reposição.

Para o sócio da WHG, a empresa deve absorver parte do aumento de custos. “Esse é um ponto de preocupação entre o mercado: como estará a margem bruta da Apple para a metade do ano.”

A Apple espera que a margem bruta caia dos 47,1% registrados no balanço do trimestre terminado em março para 45,5% a 46,5% no próximo trimestre. Mesmo antes de Trump indicar tarifas sobre o iPhone, a Apple calculava que novas políticas fiscais levariam a um incremento de US$ 900 milhões em custos.

Vendas líquidas da Apple nos Estados Unidos representaram 36,4% do total de US$ 391 bilhões registrados em 2024.

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Fonte: InfoMoney

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