O presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), João Pedro Nascimento, afirmou, em evento nesta quinta-feira (29), que há uma demanda represada por ofertas públicas no país e que o órgão tem trabalhado para ampliar o número de emissores no mercado de capitais. A declaração foi feita durante o 2º Congresso Brasileiro de Direito do Mercado de Capitais, no Rio de Janeiro.
Segundo Nascimento, o foco está em criar condições para que companhias — especialmente as de médio porte — encontrem espaço e estímulos para acessar o mercado regulado.
“A quantidade de companhias abertas no Brasil ainda não se traduz em número equivalente de listagens. Mas há muitas esperando a janela certa para voltar ao mercado”, disse.
Regime “Fácil” e foco em PMEs
Uma das apostas centrais da CVM é o novo regime regulatório “Fácil”, voltado a empresas com receita bruta anual inferior a R$ 500 milhões. A medida visa atrair companhias de menor porte, reduzir custos regulatórios e abrir espaço para segmentos ainda pouco representados na Bolsa. Até agora, 206 companhias já foram mapeadas como candidatas viáveis ao regime.
“Queremos mais companhias abertas, mas sobretudo companhias que usem efetivamente o mercado de capitais para se financiar”, disse Nascimento.
O projeto se espelha em iniciativas adotadas por países como Canadá, Austrália e EUA, e mira um mercado mais competitivo e diversificado.
Fundos crescem apesar de captação negativa em 2023
Nascimento também comentou o desempenho da indústria de fundos. Em 2023, houve mais resgates do que aplicações, em meio a uma Selic próxima doa 13%, o que favoreceu os produtos de renda fixa. Mesmo assim, o setor cresceu 11,5%.
Em 2024, o cenário foi mais positivo: com os juros em queda, as aplicações voltaram a superar os resgates, e a indústria responde com adaptação e expansão.
Com quase 41 milhões de contas e R$ 9,5 trilhões em patrimônio, o Brasil tem hoje a sexta maior indústria de fundos do mundo, segundo a IOSCO. A modernização do marco regulatório, com destaque para a Resolução 175, tem sido um dos pilares dessa expansão.
Cripto, SAFs e agro: as novas fronteiras
O presidente da CVM também destacou o esforço para incorporar novos emissores ao mercado formal.
“A criptoeconomia, que antes operava à margem, está cada vez mais integrada ao ambiente regulado”, disse. Ele citou também o avanço das Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs) e o agronegócio como vetores de crescimento.
Segundo Nascimento, o agro já responde por 25% do PIB, mas ainda tem participação modesta no mercado de capitais — cerca de 3,5%. “É um trator. Plantamos as sementes e agora começamos a colher”, afirmou, ao lembrar que o setor cresceu 354% em dois anos dentro do mercado de capitais.
Nova norma à vista?
Encerrando, Nascimento sugeriu que o momento pode ser propício para uma consolidação normativa que reflita os novos entendimentos da CVM e simplifique a jornada do investidor. “Estamos vivendo uma revolução silenciosa”, concluiu.
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Fonte: InfoMoney