O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, disse na sexta-feira (27) que haverá “consequências legais” para quem organizar ou participar de uma Parada do Orgulho LGBTQIA+ de Budapeste, em violação à proibição policial do evento planejado para este fim de semana.
O parlamento húngaro, no qual o partido de direita de Orbán, o Fidesz, tem uma grande maioria, aprovou uma legislação em março que criou uma base legal para a polícia proibir as marchas LGBTQIA+, com o argumento de que a proteção das crianças suplantaria o direito de reunião. A medida também permite que a polícia use câmeras de reconhecimento facial para identificar as pessoas que participam e impor multas.
Críticos veem a iniciativa de proibir a parada como parte de uma repressão mais ampla às liberdades democráticas antes das eleições gerais do próximo ano, quando Orbán enfrentará um forte adversário da oposição, que, segundo algumas pesquisas de opinião recentes, está à frente.
“Somos adultos e recomendo que todos decidam o que querem, respeitem as regras… e se não o fizerem, devem enfrentar as consequências legais claras”, disse Orbán à rádio estatal.
Ele afirmou que a polícia pode dispersar um evento proibido, mas a Hungria é um “país civilizado” e a tarefa da polícia é convencer as pessoas a seguir a lei.
“Estamos no mundo não para tornar a vida dos outros mais difícil, mas mais fácil, essa é a essência do cristianismo”, disse ele.
Reino Unido, França, Alemanha e 30 outros países expressaram apoio na segunda-feira (23) à comunidade LGBTQIA+ da Hungria e à marcha do Orgulho em 28 de junho, que deve ir adiante depois que o prefeito progressista de Budapeste disse que a cidade organizaria a marcha como uma celebração municipal da liberdade.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, pediu às autoridades húngaras que permitam a realização da marcha do Orgulho — uma medida que Orbán comparou, em sua entrevista de rádio, a receber ordens de Moscou na época do comunismo.
“Assim como Moscou, ela considera a Hungria como um país subordinado e acha que pode dar ordens aos húngaros a partir de Bruxelas sobre como viver, do que gostar e do que não gostar”, declarou Orbán.
O governo de Orbán promove uma agenda fortemente cristã-conservadora e aprovou várias leis que afetam a vida das pessoas LGBTQIA+ na última década.
Fonte: CNN Brasil