O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, disse nesta terça-feira que, se as pressões inflacionárias forem contidas, o banco central dos EUA chegará a um ponto em que poderá cortar as taxas de juros, mas “não precisamos ter pressa”.
Powell, respondendo a uma pergunta durante audiência no Comitê de Serviços Financeiros da Câmara sobre o fato de dois diretores do Fed terem afirmado recentemente que um corte de juros em julho poderia ser justificável, disse que não indicaria nenhum mês específico para uma redução das taxas.
Ele afirmou que a atual abordagem de política monetária do banco central não tem como objetivo endossar ou criticar os planos tarifários do governo Trump, apenas lidar com o impacto esperado sobre a inflação.

Powell diz estar aberto à ideia de que inflação por tarifas pode não ser a esperada
Powell afirmou que espera que o Fed obtenha muitas informações sobre os efeitos das tarifas sobre a inflação

Powell permanecerá no Fed, com possíveis limitações às indicações de Trump
Trump cogitou demitir Powell ou nomear um sucessor em breve, no que alguns analistas veem como um esforço para influenciar a política monetária
“Não estamos comentando sobre tarifas”, disse Powell ao comitê de serviços financeiros da Câmara, liderado pelos republicanos. “Nosso trabalho é manter a inflação sob controle e, quando as políticas têm implicações significativas de curto e médio prazo, então a inflação passa a ser nosso trabalho.”
Powell respondia a perguntas de parlamentares que sugeriam que o Fed tem sido mais proativo na antecipação da inflação decorrente do aumento das tarifas do que foi em relação às políticas de gastos durante o governo Biden. Naquela época, o Fed não previu que essas políticas deveria aumentar a inflação e aumentou as taxas rapidamente quando os preços começaram a subir.
Em resposta às sugestões dos membros do Partido Republicano de que as taxas deveriam cair, conforme exigido pelo presidente Donald Trump, Powell disse que a perspectiva de aumento da inflação ao longo do ano é amplamente compartilhada por economistas.
“Todos os analistas profissionais que conheço… esperam um aumento significativo da inflação ao longo deste ano”, disse Powell, explicando a relutância do Fed em reduzir as taxas enquanto os principais aspectos da política comercial de Trump continuam sem solução.
Powell disse que o banco central precisa de mais tempo para verificar se o aumento das tarifas elevará a inflação antes de considerar a redução das taxas.
“Os aumentos nas tarifas este ano provavelmente elevarão os preços e pesarão sobre a atividade econômica”, disse Powell em depoimento no início da audiência.
“Os efeitos sobre a inflação podem ser de curta duração, refletindo uma mudança pontual no nível de preços. Também é possível que os efeitos inflacionários sejam mais persistentes… Por enquanto, estamos bem posicionados para esperar para saber mais sobre o provável curso da economia antes de considerar quaisquer ajustes em nossa política monetária.”
Após a divulgação do depoimento de Powell, os investidores reduziram as apostas de que o banco central poderá cortar a taxa de juros já na reunião de julho e aumentaram a percepção das chances de uma redução da taxa em setembro, com outra redução no final do ano.
O depoimento de Powell, como geralmente acontece em suas aparições semestrais no Congresso, acompanha em grande parte a declaração de política monetária mais recente do banco central, aprovada na semana passada. Naquela reunião, as autoridades do Fed votaram unanimemente por manter a taxa de juros básica estável na faixa atual de 4,25% a 4,5%, e não deram nenhuma indicação de que cortes nas taxas seriam iminentes.
Novas projeções econômicas divulgadas na ocasião mostraram que as autoridades, na mediana, esperam dois cortes de 0,25 ponto percentual até o final do ano, em linha com os preços atuais do mercado.
Nos últimos dias, dois diretores do Fed, ambos nomeados por Trump, disseram que as taxas poderiam cair já na reunião de julho, uma vez que a inflação ainda não subiu em resposta às tarifas, enquanto dois presidentes de bancos regionais disseram ainda temer que a inflação se intensifique no restante do ano.
Trump, que nomeou Powell como presidente em seu primeiro mandato, mas deverá substituí-lo quando seu mandato terminar, na primavera do hemisfério norte, pediu repetidamente cortes acentuados nas taxas.
“Deveríamos estar pelo menos dois ou três pontos abaixo”, disse ele em uma postagem nas redes sociais antes da audiência, acrescentando, em referência a Powell, que esperava que “o Congresso realmente trabalhasse essa pessoa muito burra e cabeça dura”.
Powell construiu fortes alianças no Congresso ao longo de seus três mandatos como presidente do Fed, muitas vezes recebendo elogios de republicanos e democratas por sua supervisão do Fed.
Em seu depoimento, Powell disse que a economia continua em uma “posição sólida”, com baixo desemprego e inflação muito abaixo do pico da era pandêmica.
Porém, grande parte das políticas comerciais de Trump continua em fluxo, com a aproximação do prazo final de 9 de julho para a imposição de tarifas mais altas a um grande conjunto de países.
O resultado dessa mudança de política será fundamental para o Fed entender, disse Powell.
“As mudanças nas políticas continuam a evoluir, e seus efeitos sobre a economia permanecem incertos”, disse Powell.
(com Reuters)
The post Powell se nega a apontar mês específico para início de corte nos juros pelo Fed appeared first on InfoMoney.
Fonte: InfoMoney