Israel lançou na noite da última quinta-feira (12, no horário de Brasília) uma ofensiva militar de larga escala contra o Irã, atingindo alvos estratégicos ligados ao programa nuclear e à cúpula militar do regime iraniano. A operação, batizada de Leão em Ascensão, mobilizou cerca de 200 aeronaves e mirou, simultaneamente, instalações nucleares, bases militares e prédios governamentais.
A resposta do Irã foi imediata: mais de 100 drones foram lançados contra Israel, e Teerã acusou os Estados Unidos de conivência com os ataques. O episódio marca um novo capítulo de tensão no Oriente Médio e aumenta os temores de uma escalada regional do conflito.

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200 caças, generais mortos e retaliação: O que se sabe sobre ataque de Israel ao Irã
Operação com 200 caças atinge alvos nucleares e militares; bolsas caíram e petróleo disparou, mas diminuiu o ímpeto da alta horas depois da ofensiva
1. Início da ruptura
Entrando nos fatos históricos, em 1979, a República Islâmica é instaurada com a queda do xá Mohammad Reza Pahlavi, apoiado pelos Estados Unidos, e o retorno do líder revolucionário e aiatolá Ruhollah Khomeini. O Irã cortou todas as suas relações oficiais com Israel, deixando de reconhecê-lo, embora os laços comerciais informais tenham permanecido. Um ano depois, a Jihad Islâmica, de inspiração iraniana, tornou-se a primeira organização palestina islâmica a pegar em armas contra o Estado judeu.
Apesar da animosidade, Israel chegou a entregar mísseis a Teerã durante a guerra Irã-Iraque (1980-88). A operação foi revelada no caso da venda de armas americanas ao Irã (Irangate), uma manobra destinada a obter a libertação de reféns americanos mantidos no Líbano.
2. Escalada nas tensões
Já em abril do ano passado, ocorreu a primeira troca de ataques diretos da História entre os dois inimigos, fruto de uma retaliação de Teerã a um ataque israelense à embaixada iraniana na Síria. Mais tarde, em outubro, um novo episódio ocorreu, ainda mais intenso, acendendo o alerta de uma possível guerra mais ampla no Oriente Médio — que acabou não se concretizando.
A possível escalada do conflito na região — já tensionada pela guerra entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza, iniciada em 7 de outubro de 2023 — esconde um passado de alianças e colaboração, cuja ruptura ocorre com a revolução islâmica de 1979. Desde então, uma guerra fria tem sido travada entre os países, com ameaças e ataques ocorrendo indiretamente através de outros atores e países.
3. Programa nuclear do Irã
O avanço do programa nuclear iraniano é apontado como a principal causa da escalada das tensões com Israel. A gravidade da situação ficou evidente quando o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu declarou, na noite de quinta-feira, que Israel havia atacado “a principal instalação de enriquecimento do Irã em Natanz”. A afirmação revelou a dimensão das ambições israelenses no maior ataque já realizado contra o Irã: o objetivo era atingir o núcleo do programa nuclear iraniano.
A instalação de Natanz é responsável pela maior parte da produção de combustível nuclear do Irã — incluindo, nos últimos anos, volumes significativos de material próximo ao grau de armamento, o que aproximou o país da capacidade de fabricar armas nucleares.
Em meio ao impasse, o Irã anunciou a construção e futura ativação de uma terceira instalação de enriquecimento de urânio, intensificando tensões com os EUA, aliados ocidentais e a ONU. Em resposta, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) aprovou uma resolução de censura contra Teerã — a primeira em 20 anos — por descumprimento das normas de não proliferação nuclear.
A medida, liderada por EUA, Reino Unido, França e Alemanha, abre caminho para possíveis sanções adicionais. Rússia, China e Burkina Faso votaram contra, e 11 outros se abstiveram, enquanto 2 não votaram. A agência também afirmou que o Irã consistentemente deixou de fornecer informações sobre material nuclear não declarado e atividades em diversos locais. Em reação, o Irã criticou duramente a decisão e ameaçou deixar o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP).
Com as tensões em alta, os EUA já iniciaram a retirada de funcionários não essenciais de suas bases no Golfo. Uma nova rodada de negociações está prevista para ocorrer em Omã, mas o risco de ataques aéreos contra instalações nucleares iranianas volta a crescer.
4. Velhos aliados
Os Estados Unidos, aliado de longa data de Israel, negam envolvimento direto. O secretário de Estado, Marco Rubio, declarou que os EUA não participaram nem forneceram apoio, e alertou ao Irã para não atacar alvos americanos em retaliação. No entanto, diplomatas e familiares de militares foram retirados da região dias antes. Trump afirmou que o Irã “não pode ter uma bomba nuclear”.
Nesta sexta, o presidente dos EUA pediu que o Irã faça um acordo sobre seu programa nuclear, dizendo que ainda há tempo para o país evitar mais conflito com Israel.
Do outro lado, a Rússia atua como um aliado estratégico do Irã, oferecendo suporte diplomático e, em alguns casos, militar. Moscou mantém interesses relevantes na região, especialmente na Síria, onde possui presença militar consolidada e busca ampliar sua influência no Oriente Médio. Apesar de demonstrar preocupação com a escalada do conflito, o Kremlin tem evitado um envolvimento direto nas hostilidades.
5. Efeitos no mercado: petróleo em alta, ações em baixa
O mercado sente o impacto da maior tensão geopolítica. O petróleo chegou a disparar até 13% com o risco de desestabilização na região, mas a alta perdeu ímpeto. Nesta manhã, os preços operam com alta de 7%.
A alta do petróleo encarece combustíveis e gera pressão inflacionária adicional, afetando margens de empresas dependentes de combustíveis ou commodities importadas, além de gerar pressão sobre inflação e juros.
Bolsas da Europa e dos EUA operam no vermelho. Por volta das 11h30 de hoje, os índices Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq 100 operavam em queda de 1,55%, 0,94% e 1,58%.
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Fonte: InfoMoney