O primeiro trimestre de 2025 registrou queda no faturamento das pequenas e médias empresas (PMEs) brasileiras. Segundo o Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs), o recuo foi de 1,2% em relação ao mesmo período do ano passado. Esse desempenho reflete o cenário desafiador que o setor atravessa, marcado por juros altos, inflação persistente e incertezas econômicas.
A Omie, plataforma de gestão na nuvem focada em PMEs, monitora mensalmente a movimentação financeira dessas empresas por meio do IODE-PMEs. A escala do indicador mostra que, apesar do começo negativo, as perspectivas para o ano ainda são de crescimento, com um avanço esperado de 1,3% no faturamento em 2025.
“A retração no início do ano foi influenciada pela queda na confiança dos agentes econômicos, mas a projeção permanece otimista para uma retomada gradual”, afirma Felipe Beraldi, economista e gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie.
Ele destaca que o crescimento das PMEs deve acompanhar o PIB brasileiro, estimado em cerca de 2% para 2025, um ritmo mais lento que o observado nos últimos anos, quando o setor teve avanços mais rápidos.
O fator que sustenta essa projeção é o aumento real da renda do trabalho, que subiu 4,4% nos últimos 12 meses até março de 2025. Esse incremento mantém o poder de compra das famílias acima do nível pré-pandemia — 8,1% acima da média de 2019. No entanto, o impacto dos juros altos e da inflação limita o consumo e os investimentos, especialmente nos setores mais dependentes de crédito, como indústria, comércio e construção civil.
Além do cenário macroeconômico, os empresários precisam ficar atentos às mudanças que a Reforma Tributária trará a partir de 2026. “Essa transformação impactará diretamente a competitividade das PMEs, principalmente aquelas que optam pelo Simples Nacional. A adaptação será um desafio estratégico para muitos negócios”, alerta Beraldi.
Desafios no horizonte
Apesar do crescimento previsto, o mercado das PMEs está longe de um cenário tranquilo. Juros elevados restringem o acesso ao crédito, dificultando o capital de giro e a expansão dos negócios. A pressão inflacionária ainda corrói parte da renda das famílias, tornando o consumidor mais cauteloso. Para setores que dependem diretamente de financiamento, como construção e indústria, esses obstáculos são ainda maiores.
“Não é um momento para otimismo desmedido. O ambiente econômico exige planejamento rigoroso e adaptação rápida por parte das empresas”, diz Beraldi.
O que esperar em 2025?
Para 2025, as PMEs terão que navegar entre a retomada lenta e os impactos de reformas importantes. A melhora da renda das famílias cria espaço para algum crescimento, mas os juros e a inflação limitam a velocidade dessa recuperação.
A Reforma Tributária, que começará a valer em 2026, já impõe um horizonte de mudança para o setor. Nesse cenário, o acesso a soluções tecnológicas e a gestão eficiente serão diferenciais para as PMEs que quiserem crescer e se manter competitivas.
Fonte: Exame