RIBEIRÃO PRETO* – Quem circulou pela 30ª edição da Agrishow, que se encerrou nesta sexta-feira, 2, pôde perceber o tamanho do evento. Em uma área de 520 mil metros quadrados, frequentadores disputam espaço com máquinas agrícolas gigantescas, lançamentos de picapes, drones superpotentes, restaurantes e tecnologias que prometem mais eficiência.
Neste ano, o evento lidou com chuva e clima mais ameno, que surpreenderam os frequentadores. Nos bastidores, o principal tema foram as altas taxas de juros.
O espaço para a feira tem aumentado ano após ano, mas João Marchesan, presidente da Agrishow, quer mais para 2026. Segundo ele, a organização do evento, considerado o “Playcenter do agro”, pleiteará, junto ao governo do estado, uma área ainda maior para 2026.
O pedido, segundo Marchesan, se justifica pela proporção que a Agrishow tomou. Se, em 1994, eram apenas 50 expositores e 15 mil visitantes, hoje os números são superlativos. Só nesta edição, foram 800 expositores e cerca de 210 mil visitantes — na quarta-feira, 1º, os ingressos para o evento se esgotaram por causa do feriado.
“Nós queremos fazer dessa feira uma feira internacional, trazer mais expositores do exterior, inclusive, e atender os expositores que querem participar neste momento em que não há espaço”, afirma Marchesan.
Na edição deste ano, além do espaço Itália, voltado para produtores e empresas do país, havia também o espaço China, uma área dedicada às tecnologias e inovações do gigante asiático, que é um dos principais parceiros comerciais do Brasil.
“Há muitos produtos chineses aqui, e o mais importante é que eles também estão buscando seu espaço. E, de fato, há espaço para todos. Vence quem for mais competitivo, quem for melhor. Por isso, essa feira existe: para apresentar as grandes inovações em tecnologia.”
A questão do espaço sempre foi uma dificuldade enfrentada pela Agrishow, já que as reclamações, ano após ano, são sempre as mesmas, principalmente quando o assunto é trânsito. Em alguns dias, a fila de congestionamento neste ano foi de até duas horas, um tempo considerado ‘normal’ em uma cidade como São Paulo, mas fora do habitual para Ribeirão Preto, onde acontece o evento.
“Geralmente, saio de casa às 07h30, mas quando tem a Agrishow eu preciso sair com uma hora de antecedência porque senão pode embolar o trânsito”, disse à EXAME uma moradora local.
Segundo Liliane Bortoluci, diretora da Informa Markets, empresa organizadora da Agrishow, uma série de medidas foi tomada para garantir maior fluidez na circulação, como o aumento no número de bilheteiras e a reestruturação do estacionamento.
“Mais ruas internas da feira foram asfaltadas, a sinalização viária foi ampliada e o fluxo de veículos foi reorganizado, inclusive com apoio da Polícia Rodoviária para liberação do acostamento em horários de pico”, diz.
A cidade de Ribeirão Preto, e todo o seu entorno, são impactados pela feira. Na cidade, a rede hoteleira estava superlotada. Quem deixou para a última hora não conseguiu um lugar para dormir e precisou se deslocar para a região metropolitana, nos municípios de Porto Ferreira e Sertãozinho.
Além disso, o comércio e o setor de serviços celebram o fluxo de pessoas, fora do comum, durante o período da feira, o que incrementa o faturamento local.
“Não podemos parar de expandir. A demanda por espaço é cada vez maior, porque o agronegócio tem mostrado sua força e potencial”, afirma Marchesan.
Recorde de negócios
A edição de 2025 da Agrishow encerrou com R$ 14,8 bilhões em intenções de negócios para máquinas agrícolas, registrando um avanço de 7% em relação ao ano anterior. Em 2024, a feira movimentou R$ 13,6 bilhões,
A expectativa era de crescimento de 8,2%. Neste ano, a Agrishow recebeu 197 mil visitantes, abaixo da projeção de 210 mil.
Maurílio Biagi, presidente de honra da Agrishow, afirmou que haverá melhorias substanciais na edição de 2026, com a realização de novas obras na região.
*O repórter viajou a convite da Bayer
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