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PCDs acima de 15 anos têm taxa de analfabetismo quatro vezes maior que da população sem deficiência

Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira, 23, indicam que a parcela da população com deficiência concentra taxas expressivas de analfabetismo. O levantamento, feito com base nas informações colhidas no Censo de 2022, mostra ainda que 14,4 milhões de brasileiros sofrem de algum tipo de deficiência, o que representa 7,3% da população. Neste grupo, as mulheres são maioria, totalizando 8,3 milhões contra 6,1 milhões de homens.

Em números absolutos, a Região Sudeste concentra a maioria das pessoas com deficiência (5,7 milhões). No entanto, o Nordeste é quem lidera quando a análise é feita de forma proporcional: 8,6% da população da região. Alagoas é o estado com a maior proporção de PCDs (9,6%), seguido do Piauí (9,3%) e Ceará e Pernambuco (8,9%).

Taxa de analfabetismo

“Em 2022, o país contabilizava 2,9 milhões de pessoas com deficiência com 15 anos ou mais de idade que eram analfabetas, o que correspondia a uma taxa de analfabetismo de 21,3%”, destaca o IBGE. Em comparação, o número de pessoas sem deficiência analfabetas correspondia a 7,8 milhões, o equivalente a uma taxa quatro vezes menor, de 5,2%. A diferença é de 16 pontos percentuais entre os dois grupos populacionais.

Os maiores percentuais de analfabetos com deficiência estão concentrados no Nordeste. O Piauí (38,8%) e Alagoas (36,8%) têm os índices mais elevados, enquanto as menores taxas estão em Santa Catarina (11,6%), no Distrito Federal (11,8%) e Rio de Janeiro (12,1%).

Segundo o IBGE, o analfabetismo costuma estar diretamente associado à idade. Assim, quanto mais velha a faixa etária analisada, maior a proporção de pessoas que não sabem ler e escrever. O instituto, no entanto, destaca que entre a população com deficiência há um número expressivo de analfabetos, mesmo nas faixas mais jovens. Nas idades entre 18 e 24 anos, 12,4% das pessoas com deficiência são analfabetas. Na parcela da população sem deficiência, a taxa é de apenas 1%.

Raça ou cor intensifica exclusão educacional

Segundo o IBGE, a combinação de fatores como raça ou cor e deficiência “intensifica a exclusão educacional e exige políticas públicas interseccionais que promovam a equidade no acesso à alfabetização”.

Os dados do Censo mostram que brancos e pardos são a maioria das pessoas com deficiência no país, correspondendo por 6,4 milhões e 6,1 milhões de PCDs, respectivamente. Pretos vem logo em seguida, com aproximadamente 1,8 milhão. Indígenas e Amarelos com deficiência são 78 mil e 55 mil.

“Em 2022, os maiores percentuais de analfabetismo entre as pessoas com deficiência foram verificados entre as pessoas de cor ou raça indígena (32,0%), preta (26,7%) e parda (24,5%). Em contraste, as menores taxas foram observadas entre pessoas brancas (16,3%) e, sobretudo, entre pessoas de cor amarela (9,4%)”, destaca o IBGE. O padrão se repete quando se analisam os dados da população sem deficiências.

No caso do analfabetismo, o fator raça ou cor se mostra o mais determinante e de impacto nas desigualdades educacionais. O elemento gênero, segundo o IBGE, é “relevante, porém com impacto comparativamente menor”.

Discrepâncias entre a população com deficiência e a sem deficiência também são vistas ao se analisar o nível educacional. 63,1% das pessoas com deficiência não tinham instrução ou tinham o fundamental incompleto. No grupo sem deficiência, o percentual era de 32,3%.

O Censo de 2022 mostrou ainda que 1,6 milhão de pessoas de 6 anos ou mais de idade com deficiência estavam frequentando a escola. O IBGE, no entanto, destaca ter identificado uma queda progressiva da frequência escolar a partir dos 15 anos.

“Na faixa de 15 a 17 anos, 85,5% das pessoas sem deficiência estavam na escola, frente a 79,4% das com deficiência. Essa diferença se amplia entre jovens de 18 a 24 anos, faixa em que apenas 27,5% das pessoas com deficiência permanecem na escola — percentual similar ao da população sem deficiência, mas que reflete, em ambos os casos, os desafios do acesso e permanência no ensino superior”.

Fonte: Exame

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