Com a morte do Papa Francisco na última segunda-feira, 21, aos 88 anos, retornaram as discussões em torno da chamada profecia do “Papa negro”, atribuída a Nostradamus. Escrita no século XVI em linguagem simbólica e críptica, a previsão tem sido interpretada de múltiplas formas, variando conforme o contexto histórico e político da Igreja Católica.
Entre os significados atribuídos, está a chegada de um pontífice africano ao trono de São Pedro — algo inédito na história moderna — ou a escolha de um novo Papa da ordem dos jesuítas, tradicionalmente conhecida pelas vestes escuras, em contraste com a batina branca usada pelos pontífices.
Francisco foi o primeiro Papa jesuíta da história, e alguns estudiosos consideram que sua eleição em 2013 já teria cumprido a profecia, ao representar uma mudança simbólica e institucional no Vaticano. Outros interpretam a figura do “Papa negro” como o Superior Geral dos Jesuítas, posição que historicamente carrega esse título por causa do uniforme clerical.
No cenário atual, 133 cardeais estão aptos a participar do conclave que escolherá o sucessor de Francisco. Entre eles, 33 são africanos e vários pertencem à Companhia de Jesus.
O que dizem as interpretações
A profecia atribuída a Nostradamus menciona a morte de um “pontífice ancião” e a ascensão de um líder jovem com “pele escura”. O termo tem sido interpretado ora de forma literal — como a eleição de um Papa negro — ora simbólica, referindo-se à indumentária dos jesuítas.
As principais leituras incluem:
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Liderança jesuíta: Francisco, como jesuíta, já teria simbolizado a chegada do “Papa negro”.
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Pontífice africano: Cardeais como Peter Turkson (Gana) e Robert Sarah (Guiné) são apontados como possíveis candidatos, embora nunca tenha havido um Papa moderno de origem africana.
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Transformação institucional: A figura do “Papa negro” pode representar uma ruptura ou reformulação profunda na Igreja.
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Apocalipse simbólico: Interpretações apocalípticas ligam a profecia a uma crise ou declínio do Vaticano, também referenciado como “Cidade das Sete Colinas”.
Nomes cotados para o conclave
Entre os cardeais africanos mais mencionados está Peter Turkson, 76, conhecido por seu perfil moderado e atuação em temas como meio ambiente e justiça social. Robert Sarah, 79, é lembrado por sua postura conservadora e oposição a algumas reformas propostas por Francisco.
Profecias e contexto
Além das previsões de Nostradamus, circula na tradição católica o texto atribuído a São Malaquias, do século 12, que descreve Francisco como o 112º e último Papa antes do juízo final. A autenticidade e interpretação dessas profecias são contestadas por historiadores e teólogos, mas continuam sendo retomadas em momentos de transição no Vaticano.
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Cardeal da Igreja Católica, Pietro Parolin, dia 23/fev/2014
(Cardeal Pietro Parolin – Itália: é o atual secretário de Estado do Vaticano, ocupando o segundo posto mais importante na hierarquia da Santa Sé desde 2013. Foi o primeiro cardeal nomeado pelo Papa Francisco, em 2013.)
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Cardinal Matteo Maria Zuppi looks on as he attends at the Paul VI hall the second session of the second Synodal Assembly of the Churches in Italy, at the Vatican on April 1, 2025. (Photo by Andreas SOLARO / AFP) (Photo by ANDREAS SOLARO/AFP via Getty Images)
(Cardeal Matteo Zuppi – Itália: arcebispo de Bolonha desde 2015 e também foi nomeado cardeal pelo Papa Francisco em 2019.)
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(Cardeal Pierbattista Pizzaballa – Itália: Patriarca Latino de Jerusalém e foi nomeado cardeal pelo Papa Francisco em 2023. Como líder da Igreja Católica no Oriente Médio, o italiano é frequentemente elogiado pelo trabalho em prol do diálogo inter-religioso entre cristãos, judeus e muçulmanos)
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Cardinal Jean-Marc Aveline has just received the coffin of the former Mayor of Marseille, Jean-Claude Gaudin and is on his way to the cathedral to celebrate the funeral in Marseille, France on 23 May 2024. (Photo by Anne-Sophie NIVAL / Hans Lucas / Hans Lucas via AFP) (Photo by ANNE-SOPHIE NIVAL/Hans Lucas/AFP via Getty Images)
(Cardeal Jean-Marc Aveline – França: arcebispo de Marselha, França, e citado por alguns especialistas (sobretudo franceses) como o “favorito” de Francisco a sucedê-lo, sendo considerado o mais “bergogliano” dos bispos do país)
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(Cardeal Péter Erdo – Hungria: arcebispo de Esztergom-Budapeste, foi durante muito tempo o cardeal mais jovem da Europa. Tem postura conservadora e formação acadêmica sólida.)
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6/11
(Cardeal José Tolentino de Mendonça – Portugal: atual prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, cargo que ocupa desde 2022. Poeta, teólogo e intelectual renomado, ele também foi nomeado cardeal pelo Papa Francisco, em 2019)
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(Cardeal Mario Grech – Malta: Ordenado sacerdote em 1984 e nomeado bispo de Gozo em 2005, também por Francisco, Grech é conhecido por sua abordagem pastoral e pelo foco em questões relacionadas ao diálogo inter-religioso e justiça social.)
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(Cardeal Luis Antonio Tagle – Filipinas: atual cardeal-arcebispo de Manila. Foi nomeado cardeal pelo Papa Bento XVI em 2012. Tagle é conhecido por seu compromisso com a justiça social, o combate à pobreza e a defesa dos direitos humanos, além de ser defensor do diálogo inter-religioso.)
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9/11
(Cardeal Robert Francis Prevost – EUA: bispo emérito de Chiclayo, no Peru. Em 2023, foi nomeado prefeito do Dicastério para os Bispos)
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10/11
(Cardeal Fridolin Ambongo Besungu – República Democrática do Congo: arcebispo de Kinshasa desde 2018. Em 2019, o Papa Francisco o elevou ao cardinalato)
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11/11
Brasilia – Bispo auxiliar de Braslia (DF) e secretrio geral da CNBB, Dom Leonardo Ulrich Steiner fala sobre arenncia do papa Bento XVI ao posto de lder da Igreja Catlica.
(Cardeal Leonardo Ulrich Steiner – Brasil: Anunciado pelo Papa como cardeal da Igreja Católica em maio de 2022, Steiner tornou-se o primeiro cardeal da Amazônia brasileira)
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