Um ano depois das enchentes que devastaram parte do Rio Grande do Sul, a Panvel (PNVL3), rede de farmácias com sede em Porto Alegre, mostra sinais claros de recuperação.
No primeiro trimestre de 2025, a companhia reportou um lucro líquido ajustado de R$ 28 milhões, um aumento de 4,8% na comparação anual.
Em entrevista exclusiva à Exame, o CFO da companhia, Antonio Napp, destacou a retomada da geração de caixa, que chegou a R$ 14 milhões no trimestre, após um ano desafiador.
“Com todos os ajustes e perdas que a Panvel teve no ano passado, é natural o aumento do consumo de caixa naquele período. Voltar a gerar caixa no primeiro trimestre, mesmo mantendo investimentos e crescendo vendas, é um sinal de que a empresa está acertando bastante o tom”, afirmou o CFO.
Recuperação após crise
No primeiro trimestre de 2025, a companhia abriu nove lojas e bateu recorde no canal digital, com crescimento de 35,3%.
Enquanto alguns concorrentes enfrentam dificuldade de vendas na região Sul, a Panvel ganha tração.
“A concorrência apostou muito em descontos para incentivar suas vendas. A margem bruta da Panvel, o que sobra depois da venda, conseguimos manter o patamar do ano passado”, compara o CFO.
No balanço divulgado nesta quarta-feira, 14, a empresa ressaltou que a margem bruta se manteve estável por meio de estratégias de mix, crescimento de Produto Panvel e política comercial equilibrada.
Já o EBITDA ajustado atingiu R$ 64,6 milhões, com avanço de 7,1% na comparação anual e margem de 4,8%.
A receita bruta da Panvel no varejo atingiu R$ 1,35 bilhão no trimestre, avanço de 15,9% sobre o mesmo período do ano anterior.
As vendas em mesmas lojas (SSS) cresceram 11,8%, enquanto as lojas maduras (MSSS) aumentaram 9,8%. A venda média por loja chegou a R$ 705 mil — alta de 9,9%.
A empresa destaca um evento extraordinário na receita do primeiro trimestre de 2024 decorrente da venda de um ativo da companhia: um imóvel no valor de R$ 39,0 milhões, o que gerou um impacto líquido positivo de R$ 14,7 milhões no lucro líquido daquele período.
Ao se excluir o efeito não recorrente da venda do ativo, a margem bruta do grupo teria um expansão de 1,7 p.p. na comparação com a base ajustada, equivalente a 27,9% sobre a receita bruta do primeiro trimestre de 2024.
No mix de vendas, a categoria de Medicamentos cresceu 16,8%, com destaque para os segmentos de Marca (+16,9%), OTC (+17,1%) e Genéricos (+16,0%). Higiene e Beleza também teve alta expressiva, de 14,7%.
Controle de despesas e endividamento
As despesas com vendas representaram 22,1% da receita, acima dos 21% registrados no mesmo período de 2024 — um reflexo da decisão da Panvel de encerrar o segmento de atacado em dezembro, o que reduziu a base total de vendas. A despesa administrativa ficou em 2,7% da receita.
A dívida líquida totalizou R$ 323 milhões, com alavancagem em 1,2 vez o EBITDA — mesmo nível do trimestre anterior, mas acima das 0,86x registradas há um ano.
“Hoje temos a menor alavancagem do setor de varejo farmacêutico. Além disso, conseguimos reduzir o custo da dívida, que agora está abaixo do CDI”, afirma o executivo.
O que esperar de 2025
Apesar de tímido avanço em São Paulo, com crescimento de 1,1% na presença da marca na capital paulista, o foco da Panvel para 2025 segue no Sul do país.
“A nossa estimativa é abrir 11 ou 12 lojas no segundo trimestre e manter pelo menos esse ritmo dos últimos 12 meses, que fica entre 52 e 55 lojas por ano”, diz Napp.
Um dos principais focos de investimento da Panvel é a área de tecnologia e inovação. Segundo Napp, a empresa está investindo em inteligência artificial, além de ter firmado contrato com a Salesforce para atualizar sua plataforma digital e aprimorar a jornada do cliente no site e aplicativo.
Fonte: Exame