As casas de apostas no Brasil estão no centro da investigação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado. Nesta terça-feira, 13, a influenciadora Virgínia Fonseca prestou depoimento no colegiado sobre a sua atuação como garota propaganda das empresas.
Os parlamentares investigam eventuais conexões entre as plataformas que operam o serviço de aposta e crimes financeiros, como lavagem de dinheiro e associação criminosa, além de discutir a publicidade do setor.
A preocupação dos parlamentares é explicada por três grandes números que mostram o tamanho gigantesco do mercado de apostas no Brasil.
Quase R$ 1 bi por ano em patrocínio “só” no futebol
Operando no Brasil de 2018 até 2024 em uma zona cinzenta, as bets somente foram regulamentadas a partir de 2025. Durante esse processo imundaram o mercado publicitário brasileiro e atraíram parte da população brasileira.
Hoje, as bets patrocinam 18 dos 20 times da Série A, programas de entretenimento e influenciadores para atrair mais apostadores. Por ano, somente com patrocínio no futebol dos clubes da primeira divisão, as empresas gastam R$ 887 milhões.
Desde janeiro, apenas casas autorizadas pelo Ministério da Fazenda podem operar no Brasil, seguindo regras específicas e utilizando o domínio bet.br. Hoje, 72 empresas estão autorizadas, somando 156 marcas, além de outras 7 empresas que atuam por decisão judicial, ligadas a 18 marcas.
5 bilhões de acessos em apenas três meses em 2025
Um levantamento da consultoria Aposta Legal, mostra que nos três primeiros meses de 2025 os sites de bets registraram mais de 5 bilhões de acessos, o equivalente a mais de 650 acesso por segundo.
Para ter uma dimensão da quantidade, a frequência de visitas seria suficiente para encher o Maracanã, com seus mais de 78 mil lugares, em apenas 2 minutos.
Na comparação com o trimestre anterior, a média de acessoes saltou em 90%. Durante o segundo semestre de 2024, o volume de acessos às casas de apostas manteve-se relativamente estável, com 2,55 bilhões no terceiro trimestre e 2,66 bilhões no quarto.
Dados do Raio-X do investidor brasileiro, da Anbima, divulgado no fim de maio, mostrou que 23 milhões de brasileiros apostaram em 2024, cerca de 15% da população. Em 2023, eram 14%.
A aderência a bets no país é maior do que o de uso de muitos produtos de investimento, como títulos públicos e privados, fundos, ações, etc.
O levantamento mostrou ainda que 4 milhões consideram as apostas como investimentos e 3 milhões apresentam alta tendência ao vício.
R$ 90 bilhões em movimentações, segundo o BC
Com o setor regulado a partir deste ano, o governo ainda não divulgou dados oficiais de quanto as casas de apostas movimentam por mês.
Estimativas apontaram que em 2023, antes da regulamentação, o setor movimentou R$ 120 bilhões por ano.
Segundo dados do Banco Central, entre janeiro e março de 2025, apostadores brasileiros movimentaram até R$ 30 bilhões por mês em bets. A Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA) estima que 93% desse montante volta aos apostadores em forma de prêmios.
Quais são as maiores casas de apostas do Brasil?
Sem dados públicos de faturamento, o único dado possível sobre o tamanho das casas no Brasil é a quantidade de acessos.
A Betano, patrocinadora do Brasileirão, é a casa com o maior volume de acesso no primeiro trimestre de 2025, com 1,1 bilhão de acessos — 357 milhões em janeiro, 332 milhões em fevereiro e 417 milhões em março.
A Superbet com 800 milhões de acessos no período, e a Bet365, com 300 milhões de acessos, completam o pódio.
- Betano
- Superbet
- Bet365
- 7games.bet
- Betnacional
- Sportingbet
- Estrelabet
- Esporte da Sorte
- Bet7k
- CassinoBet
Fonte: Exame