De acordo com o recente acordo firmado entre os Estados Unidos e a Ucrânia, as chamadas “terras raras” ucranianas representam um importante recurso estratégico que despertou o interesse do presidente americano Donald Trump.
Vamos entender o que são essas terras raras, quais minerais elas contêm e por que se tornaram objeto de um acordo internacional.
O que são terras raras?
As terras raras são um grupo de elementos químicos normalmente encontrados na natureza misturados a minérios de difícil extração.
Apesar do nome, esses elementos não são necessariamente raros na crosta terrestre, mas sua exploração é complexa porque geralmente estão dispersos e em baixas concentrações, tornando sua extração economicamente desafiadora.
Quais minerais estão presentes nas terras raras ucranianas?
Entre os elementos que estão presentes nas “terras raras” da Ucrânia estão escândio, ítrio, cério e praseodímio.
Além desses, o país possui outros recursos naturais considerados “minerais críticos”, como ferro, mânganes, urânio, titânio, lítio e minérios de zircônio. Há ainda outros recursos como carvão, gás e petróleo presentes nestas áreas.
Onde estão localizadas estas reservas?
Na Ucrânia, boa parte dessas reservas está no leste, em regiões como Donetsk, Luhansk e Dnipropetrovsk, áreas fortemente afetadas pela guerra com a Rússia, e de grande importância econômica e geopolítica.
As regiões de Donetsk, Luhansk e Dnipropetrovsk formam o que é conhecido como a bacia de Donbas, um dos territórios mais ricos em recursos minerais da Europa.
A região ainda possui uma geologia única que favoreceu a formação de diversos depósitos minerais ao longo de milhões de anos.
A região de Dnipropetrovsk, menos falada nos noticiários sobre o conflito, mas igualmente importante, abriga significativas reservas de minérios de titânio e zircônio, além de manganês, recurso fundamental para a produção de aço.
Por que esses minerais são importantes?
Esses minerais são conhecidos como o ‘ouro do século 21’, cobiçados por grandes grupos da indústria, principalmente para a fabricação de componentes elétricos, como os de smartphones.
Os elementos também são essenciais na fabricação de baterias, equipamentos médicos, armas e componentes da indústria aeroespacial.
Esses recursos representam quase metade do Produto Interno Bruto (PIB) da Ucrânia e dois terços das exportações do país.
Por que Trump se interessou por estes recursos?
Há múltiplas motivações para o interesse americano. Atualmente, há poucos pontos de mineração de terras raras fora da China.
Portanto, embora o potencial de mineração na Ucrânia não seja claro, considerando que as reservas estão espalhadas pelo país e os estudos existentes são considerados inadequados, a perspectiva é promissora.
Trump também vê no pacto uma forma de Ucrânia devolver bilhões de dólares enviados ao país em ajuda militar e financeira durante a guerra.
O que prevê o acordo entre EUA e Ucrânia?
Assinado nesta quarta-feira, 30, o acordo prevê que os Estados Unidos tenham acesso preferencial à exploração de terras raras.
O documento lista 55 deles, mas abre margem para que a relação cresça ainda mais. O tratado tem validade de 10 anos. Um fundo conjunto entre os dois países será criado para financiar projetos de reconstrução.
Este fundo será abastecido com 50% dos lucros e royalties que o governo ucraniano receber de novas permissões para exploração dos recursos naturais.
Apenas a ajuda militar concedida após a assinatura do pacto contará na cota americana. A assistência prestada antes do acordo não será considerada.
Implicações geopolíticas
Com o acordo, Trump passa a ter um interesse direto na estabilidade da Ucrânia e o fim do conflito no leste europeu. Apesar de o texto não prever garantias de segurança à Ucrânia, os americanos poderiam agir em defesa de seus investimentos.
O republicano tem buscado mediar a paz entre os dois países. No entanto, dá sinais de perder a paciência com o que considera uma recusa da Rússia em engajar nas negociações de paz.
O fato de Trump ter buscado este acordo sugere um reconhecimento do valor estratégico destas regiões não apenas para a Ucrânia, mas para a política industrial e de segurança americana.
Contudo, o acordo representa principalmente uma nova para os interesses econômicos dos Estados Unidos, que busca diminuir a dependência americana de minerais provenientes da China.
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