Moradores de diferentes áreas de Minas Gerais registraram na noite dessa quarta-feira, 14, uma espécie de bola de fogo atravessando o céu.
O fenômeno foi visualizado no Norte do estado, Triângulo Mineiro, Vale do Aço, região Central e na Grande Belo Horizonte, além de outras localidades como Bahia, Goiás e Distrito Federal.
O que são as ‘bolas de fogo’ vistas no céu de Minas Gerais
Especialistas da Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros (Bramon) confirmaram que o objeto corresponde à reentrada do segundo estágio do foguete Falcon 9, lançado em 2014 pela SpaceX. A trajetória foi traçada por meio da análise das imagens enviadas por testemunhas e monitoramento orbital.
Durante a reentrada, o atrito com a atmosfera aquece o objeto a ponto de produzir chamas e fragmentação, originando o clarão visível no céu. A BRAMON estimou que o objeto percorreu cerca de 1.500 km em quatro minutos, com velocidade entre 6 e 7 km/s.
O foguete Falcon 9, desenvolvido pela empresa americana SpaceX, do bilionário Elon Musk, tem como característica a reutilização econômica para lançamentos espaciais.
O segundo estágio que causou o fenômeno foi lançado em 5 de agosto de 2014 para colocar em órbita o satélite de comunicações AsiaSat 8. Desde então, permaneceu em órbita até sua trajetória de órbita decair e culminar na reentrada atmosférica observada.
Em Brasília, o clarão também foi registrado na mesma noite, com vídeos publicados nas redes sociais. O astrônomo Ricardo Ogando, do Observatório Nacional, explicou ao g1 de que se trata de lixo espacial em reentrada, destacando que esses objetos não oferecem risco para a população.
O que é lixo espacial?
Lixo espacial é todo objeto produzido pelo ser humano que orbita a Terra e não tem mais função útil ou operacional Isso inclui satélites desativados, estágios de foguetes descartados, fragmentos de colisões ou explosões, além de ferramentas e equipamentos perdidos durante missões espaciais.
Esses detritos variam bastante em tamanho, desde satélites grandes, comparáveis a carros, até partículas minúsculas menores que um centímetro. Apesar disso, o principal perigo está na alta velocidade desses objetos — que pode ultrapassar 28.000 km/h — tornando-os capazes de causar danos significativos a satélites ativos, estações espaciais e futuras missões.
O acúmulo crescente de lixo espacial preocupa cientistas e agências espaciais porque pode provocar colisões em cadeia, aumentando ainda mais os fragmentos orbitais, um efeito conhecido como Síndrome de Kessler. Embora a maioria dos detritos que retornam à atmosfera se desintegre, alguns fragmentos podem atingir a Terra, normalmente em áreas pouco habitadas.
O que é o Falcon 9, da SpaceX
O Falcon 9, foguete desenvolvido pela SpaceX, teve seu lançamento inaugural em junho de 2010.
Com aproximadamente 70 metros de altura e 3,7 metros de diâmetro, é um foguete de dois estágios movido por motores Merlin, que utilizam oxigênio líquido e querosene refinado como propelentes.

Foguete SpaceX Falcon 9 (Foto de Gregg Newton / AFP) (Gregg Newton /AFP)
Um diferencial importante do Falcon 9 é sua capacidade de reutilização parcial: o primeiro estágio retorna e pousa verticalmente para ser reaproveitado em lançamentos subsequentes. Essa inovação foi demonstrada pela primeira vez em dezembro de 2015, durante o voo 20 da versão Falcon 9 Full Thrust (v1.2), representando uma redução significativa nos custos de acesso ao espaço.
Desde então, o Falcon 9 realizou mais de 345 lançamentos bem-sucedidos em cerca de 347 tentativas, empregado em missões variadas como o lançamento da constelação de satélites Starlink, transporte de cargas para a Estação Espacial Internacional e envio de satélites comerciais e governamentais.
Veja vídeos das ‘bolas de fogo’ de MG:
AGORA: Bola de fogo corta os céus do Distrito Federal. O corpo celeste entrou na atmosfera e pode ser visto de várias regiões administrativas, principalmente na Região Norte da capital. pic.twitter.com/ffAI5Q1JXo
— Renato Souza (@reporterenato) May 14, 2025
Morador de Minas Gerais registra a bola de fogo que foi vista no DF, Goiás e Minas Gerais. A suspeita é de que seja lixo espacial reentrando na atmosfera.
🎥 Sebastião Neto pic.twitter.com/16GzmIoXto
— Renato Souza (@reporterenato) May 15, 2025
Fonte: Exame