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O que é “window dressing” e como gestores podem maquiar resultados perto do fechamento de trimestre?

Quando um fundo de investimento é analisado, a última coisa que um investidor quer é ser enganado sobre o desempenho da carteira. No entanto, alguns gestores de fundos, buscando agradar antes de um fechamento de trimestre, recorrem a uma prática conhecida como window dressing. Mas o que exatamente isso significa e como afeta a transparência das informações financeiras?

O que é o “Window Dressing” e como funciona na prática?

O window dressing é uma prática adotada por gestores de fundos de investimento para alterar a composição de seus portfólios antes do fechamento de um período de reporte, como um trimestre ou ano. Ao realizar essa mudança, o gestor busca melhorar a aparência do fundo, trocando ativos de baixo desempenho por ativos mais valorizados ou com melhores perspectivas.

O efeito dessa alteração é simples: a carteira do fundo, quando divulgada, aparenta ter tido um desempenho mais forte e mais seguro, criando uma impressão de sucesso, mesmo que a performance real do fundo ao longo do período tenha sido inferior.

Essa prática pode envolver mudanças substanciais no portfólio, que são muitas vezes revertidas logo após o fechamento do período de reporte, quando a atenção dos investidores se volta para novos dados financeiros. A ideia por trás do window dressing é criar uma imagem temporária de solidez e rentabilidade, que atraia investidores e aumente a confiança no fundo.

Por que os gestores fazem o Window Dressing?

A principal razão pela qual gestores de fundos recorrem ao window dressing é a pressão por resultados de curto prazo. Investidores esperam resultados positivos em relatórios periódicos, especialmente no final de um trimestre ou ano. Desta forma, essa prática oferece uma maneira rápida de criar a aparência de um desempenho melhor, o que pode ser útil para manter a confiança dos investidores e, eventualmente, aumentar a captação de recursos para o fundo.

Além disso, o window dressing pode ser usado como uma ferramenta para mascarar os efeitos de uma estratégia de investimento que não teve sucesso. Ao vender os ativos problemáticos e comprar os que se destacam no momento, o fundo cria uma imagem temporária de crescimento e estabilidade.

Impactos e riscos do Window Dressing

Embora o window dressing seja legal, ele traz consigo vários riscos. O principal problema é que ele distorce as informações que os investidores recebem, fazendo com que tomem decisões com base em dados manipulados. Isso pode levar a escolhas equivocadas, como investir em fundos ou ativos que não têm o desempenho real que aparentam.

Além disso, a prática pode criar uma falsa sensação de segurança e confiança nos investidores, que podem acreditar que o fundo é mais sólido e rentável do que realmente é. A longo prazo, quando a realidade do fundo é revelada, a perda de confiança pode ser grande, prejudicando a imagem do gestor e afetando a captação de novos recursos.

Outro risco importante é o aumento dos custos de transação. A compra e venda frequente de ativos, feita com o intuito de maquiar os resultados, gera custos adicionais que podem prejudicar os retornos dos investidores. Esses custos podem ser significativos ao longo do tempo e reduzir o valor do fundo.

Como identificar sinais de Window Dressing?

Embora o window dressing seja difícil de detectar imediatamente, existem alguns sinais que podem indicar a presença dessa prática. Mudanças abruptas na composição do portfólio de um fundo perto do fechamento do trimestre são um bom indicativo de que o fundo está tentando melhorar sua aparência. Quando um fundo realiza alterações significativas, comprando ativos com bom desempenho recente e vendendo aqueles que tiveram uma performance negativa, isso pode ser um sinal claro de manipulação.

Outro sinal pode ser a discrepância entre o desempenho do fundo e a composição divulgada. Se o fundo mostra ativos de alta performance, mas o retorno geral foi inferior, é possível que o window dressing tenha sido utilizado para criar uma imagem de sucesso.

Práticas regulatórias para coibir o Window Dressing

Para evitar o window dressing e garantir que os investidores tenham acesso a informações claras e precisas, os reguladores financeiros, como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no Brasil, exigem que os fundos divulguem periodicamente a composição completa de suas carteiras. Isso permite que investidores e analistas acompanhem as mudanças nas carteiras e questionem os gestores quando necessário.

Além disso, os fundos devem passar por auditorias externas, que garantem a conformidade das informações divulgadas e a transparência na gestão. Caso sejam detectadas manipulações, os gestores podem ser penalizados com multas e outras sanções.

Fonte: Exame

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