OMAHA – No início de abril, dois dias após o Liberation Day, quando anunciou a nova política de tarifas de importação dos Estados Unidos, o presidente Donald Trump deixou investidores com uma pulga atrás da orelha ao compartilhar um vídeo em sua rede social, a Truth Social.
Publicado no X por um de seus seguidores (e excluído dali logo depois), o vídeo defendia que Trump estava, sim, levando o mercado de ações a afundar por causa das tarifas, mas o fazia com um propósito – e com o endosso de ninguém menos do que Warren Buffett, o mais aclamado investidor do mundo.
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O narrador do vídeo, a certa altura, afirmava: “É por isso que Warren Buffett disse que Trump está fazendo o melhor movimento econômico que ele viu em 50 anos”.
O mercado estava em polvorosa. A volatilidade desencadeada pelo anúncio das tarifas tinha feito o S&P500 cair mais de 10% só naqueles dois primeiros dias. E os investidores estavam loucos para saber o que Buffett achava da medida – mas não foi por meio daquele vídeo que descobriram.
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No mesmo dia, a Berkshire Hathaway (BRK.B) – holding que reúne os investimentos de Buffett – publicou um desmentido. Em um raro comunicado à imprensa, afirmou: “Há relatos circulando nas redes sociais (incluindo Twitter, Facebook e TikTok) sobre comentários supostamente feitos por Warren E. Buffett. Todos esses relatos são falsos”.
Em busca de pistas
A verdade é que, até agora, não se sabe exatamente o que o Oráculo de Omaha pensa sobre as tarifas de Trump ou como vai reagir a elas movimentando seu portfólio. Enquanto o vídeo com falsas alegações ganhava o mundo por obra de Trump, Buffett afirmou a Becky Quick, jornalista da CNBC, que não faria comentários sobre os mercados, a economia ou as tarifas antes do próximo sábado, 3 de maio.
Nesse dia, acontece o encontro anual de acionistas da Berkshire Hathaway, em Omaha, cidade do estado americano de Nebraska onde Buffett ergueu seu império de mais de US$ 1 trilhão e vive até hoje. O InfoMoney está em Omaha para uma cobertura especial multiplataforma do evento.
Até aqui, o que os investidores têm feito é buscar pistas sobre a visão de Buffett quanto às tarifas. A última vez em que mencionou (brevemente) o assunto foi em março deste ano – quando Trump já havia anunciado taxações adicionais sobre importações de México, Canadá e China, mas ainda não havia protagonizado o Liberation Day.
Em uma entrevista à rede americana CBS, Buffett disse que o país já teve muitas experiências com tarifas e que, em algum grau, elas são um “ato de guerra”.
Ao ser questionado sobre o impacto das tarifas na inflação, respondeu: “Com o tempo, elas se tornam um imposto sobre mercadorias. Quer dizer, a Fada do Dente não paga [as tarifas]!”, brincou. “E depois? Você sempre tem que fazer essa pergunta em economia”.
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Low profile
Nos últimos anos, o megainvestidor tem se esquivado de falar sobre política e outros assuntos polêmicos – ele sabe que seus movimentos e manifestações têm potencial para mexer com os mercados e busca evitar os efeitos de suas opiniões sobre os negócios da Berkshire. Filho de um congressista republicano, Buffett se declara democrata.
Durante o primeiro mandato de Trump, entre 2017 e 2020, o megainvestidor chegou a falar sobre a escalada nas tensões comerciais entre Estados Unidos e China, iniciadas em 2018 com a imposição de tarifas e outras barreiras aos produtos chineses.
Em uma entrevista à rede CNBC em 2019, disse: “Se realmente tivermos uma guerra comercial, será ruim para o mundo todo”. E acrescentou: “Um mundo que se ajusta a algo muito próximo do livre comércio… mais pessoas viverão melhor do que em um mundo com tarifas significativas e tarifas variáveis ao longo do tempo.”
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Buffett e outros executivos da Bershire reservaram quase cinco horas da programação do encontro de acionistas deste sábado para uma tradicional sessão de perguntas e respostas. Nela, o mega investidor expressa o que pensa sobre economia e mercados, negócios e até vida pessoal. As cerca de 40 mil pessoas que devem participar do evento esperam poder matar a curiosidade sobre tarifas também.
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