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O que a Suzano viu na Kimberly-Clark? XP explica aposta bilionária no exterior

O que a Suzano viu na Kimberly-Clark? XP explica aposta bilionária no exterior

A XP Investimentos avalia como positiva a aquisição de 51% dos ativos de uma nova joint venture de “tissue” da Kimberly-Clark fora da América do Norte pela Suzano (SUZB3). Segundo o relatório da casa, divulgado após o anúncio da JV de US$ 3,4 bilhões, a operação reduz incertezas sobre novos movimentos de fusões e aquisições de maior escala no curto prazo. A empresa indicou que não deve realizar outras compras relevantes nos próximos dois a três anos.

A leitura da XP é de que a compra alinha-se à estratégia de diversificação da Suzano, reiterada pela própria companhia na teleconferência de resultados do primeiro trimestre deste ano.

Outro ponto levantado pelos analistas é que o efeito sobre a alavancagem é considerado neutro: como a Suzano terá 51% da operação, mas consolidará 100% do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda), a projeção é que a alavancagem suba levemente de 3,0x para 3,2x (em dólar), mantendo-se sob controle até a conclusão da operação, prevista para meados de 2026.

A expectativa é de redução posterior com o fluxo de caixa do projeto Cerrado e com o free cash flow gerado pelos ativos adquiridos. Ainda de acordo com a XP, os retornos estimados com a operação são assimetricamente favoráveis. A expectativa é de geração recorrente de cerca de US$ 300 milhões em fluxo de caixa livre, com uma taxa interna de retorno (TIR) desalavancada de aproximadamente 15,5% — superior ao custo de capital próprio nominal em dólar da companhia, estimado em 13,3%.

A análise pondera que há espaço para aumento de receita e eficiência na estrutura de capital, mesmo considerando a complexidade da integração dos ativos em diferentes mercados.

Recepção e recomendação

O mercado respondeu com otimismo à operação. Por volta das 13h (horário de Brasília) desta sexta-feira (6), as ações da companhia subiam 1,59% na Bolsa, negociadas a R$ 53,72. Na véspera, os papéis da Suzano fecharam em alta de 6,43%, cotados a R$ 52,96, refletindo a reação positiva dos investidores ao movimento da empresa. A joint venture com a Kimberly-Clark inclui marcas reconhecidas, como a Kleenex, com atuação relevante em mercados da Ásia e América Latina. A Suzano terá ainda a opção de compra dos 49% restantes da sociedade a partir do terceiro ano após o fechamento da transação.

Outros agentes do mercado também repercutiram o anúncio. O Bradesco BBI avaliou que o acordo está em linha com a estratégia da companhia de aumentar sua exposição a produtos com valor agregado e ampliar sua presença no mercado consumidor final. O banco apontou que a avaliação do negócio é atrativa — múltiplo valor da empresa (Ev/Ebitda) de 6,8 vezes, com potencial de queda para 5,2 vezes ao se considerar as sinergias esperadas.

A Ativa Investimentos seguiu a mesma linha, classificando os termos da transação como razoáveis e coerentes com a ambição da Suzano de reposicionar seu portfólio com maior integração vertical. A corretora apontou que o movimento contribui para a redução da dependência da celulose como commodity e permite à empresa aumentar o controle sobre a margem em fases mais avançadas da cadeia de valor, com menores oscilações ligadas ao preço internacional da fibra curta.

O Itaú BBA, embora tenha mantido recomendação de compra para os papéis, com preço-alvo de R$ 63, disse que ainda aguarda mais informações sobre dois pontos específicos: a viabilidade de capturar integralmente os US$ 175 milhões em sinergias estimadas pela Suzano e o eventual efeito da transação na estratégia da companhia em relação a novas aquisições. O banco avaliou positivamente a estrutura do acordo, principalmente por mitigar os riscos operacionais associados a geografias distintas, como Tailândia e Taiwan, e classificou o múltiplo Ev/Ebitda implícito de 6,7 vezes como atrativo para um ativo de tissue.

Mesmo com ajustes em suas projeções para o setor, o Itaú manteve a Suzano como principal escolha em sua cobertura de papel e celulose na América Latina. O banco passou a considerar um preço médio de US$ 530 por tonelada para a celulose de fibra curta em 2025, o que resultou em revisão de 18% nas estimativas de Ebitda da Suzano para o ano. Apesar disso, os analistas destacaram o rendimento médio de fluxo de caixa livre da empresa entre 2025 e 2027, em torno de 13%, como um dos principais pontos de sustentação do valor da ação.

A operação com a Kimberly-Clark sinaliza um novo posicionamento para a Suzano, mais voltado à expansão da presença em produtos de uso final e à criação de valor em novas geografias. Para a XP, o momento é de oportunidade, com as ações ainda negociadas a múltiplos baixos e o mercado começando a reavaliar os riscos anteriormente associados à companhia. A recomendação segue como de compra, com expectativa de valorização conforme os resultados da joint venture comecem a aparecer.

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Fonte: InfoMoney

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